LAVAGEM DE DINHEIRO

Operação policial investiga corrupção no futebol da Bélgica

Sete países europeus estão sendo investigados em grande operação antifraude

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Publicado em 10/10/2018 às 20:56
Foto: AFP/Arquivos / GABRIEL BOUYS
Sete países europeus estão sendo investigados em grande operação antifraude - FOTO: Foto: AFP/Arquivos / GABRIEL BOUYS
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Um técnico, empresários de jogadores e árbitros presos, buscas nas sedes dos principais clubes: o futebol belga se viu no centro de um escândalo nesta quarta-feira (10) devido a uma grande operação antifraude realizada simultaneamente em sete países europeus.

A investigação iniciada há um ano pela justiça belga se concentra em fraudes nas comissões ligadas a transferências ou pagamento de salários de jogadores e partidas com resultados manipulados na última temporada da primeira divisão do futebol belga, explicou a Procuradoria Federal do país.

Quase 60 operações foram realizadas nesta quarta-feira em sete países europeus contando com um total de 220 policiais mobilizados na Bélgica, França, Luxemburgo, Chipre, Montenegro, Sérvia e Macedônia. Várias pessoas foram detidas.

A polícia sérvia apreendeu 800.000 euros em seis locais de Belgrado e em Nis (sul) e interrogou várias pessoas, anunciou a emissora de televisão N1. O valor seria procedente de uma tentativa de lavagem de dinheiro oriundo de transferências suspeitas de jogadores na Bélgica, ainda segundo a emissora.

Na Bélgica, onde o caso foi classificado de "terremoto" pela imprensa, as sedes dos clubes mais populares do país foram alvo de buscas, como o Club Brugge, o Standard de Liège, o Anderlecht e o Genk, atual líder da Jupiler Pro League, a primeira divisão belga, explicou à AFP uma fonte próxima ao caso.

Dez dos 16 clubes do campeonato estão envolvidos, afirmou a emissora francófona RTBF.

Entre as muitas pessoas presas figuram o croata Ivan Leko, técnico do Club Brugge, que disputa nesta temporada a Liga dos Campeões, assim como Herman Van Holsbeeck, ex-diretor esportivo do Anderlecht, clube mais vitorioso da Bélgica.

No Chipre, um homem de 52 anos foi detido por ordem de prisão internacional: Mogi Bayat, ex-dirigente do Sporting de Charleroi, apresentado pela imprensa como empresário dos jogadores mais importantes da Bélgica.

Bayat, belga de origem iraniana, foi durante muito tempo o empresário "oficial" do Anderlecht quando a diretoria anterior, substituída em 2017, comandava o clube, segundo o diário Le Soir.

"Lavagem de dinheiro"

Em entrevista em final de 2017 à RTBF, Bayat afirmou ironicamente ser "o jogador mais bem pago da Bélgica" ao ser questionado sobre a porcentagem que recebia das transferências dos jogadores.

Segundo a Procuradoria Federal, a investigação começou em final de 2017 após um relatório da Unidade de Fraudes Esportivas da Polícia Federal, que revelava "indícios de transações financeiras suspeitas" no campeonato belga, em referência às comissões sobre as transferências e os salários pagos a jogadores e técnicos.

As investigações se estenderam depois a "indícios de possível influência em jogos da temporada 2017-2018", continuou o comunicado.

"A ordem judicial cobre atividades realizadas por uma organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção privada", segundo a mesma fonte.

No total, 184 policiais foram mobilizados nas 44 operações realizadas em toda a Bélgica, nas residências de dirigentes dos clubes, agentes de jogadores, árbitros, um advogado, um escritório de contabilidade, de um treinador, jornalistas e alguns eventuais cúmplices, segundo o comunicado do MP.

Fora da Bélgica, outras treze operações policiais, coordenadas com a ajuda do Eurojust (órgão da União Europeia encarregado do reforço da cooperação judicial entre os Estados membros), se concentraram principalmente na busca de residências de pessoas envolvidas nas transferências suspeitas. Nenhum nome de clube foi revelado.

Segundo o diário flamenco De Standaard, a investigação se "concentra principalmente nos empresários de jogadores Mogi Bayat e Dejan Valjkovic e nos diferentes clubes com quem eles negociaram".

O Club Brugge e o Anderlecht anunciaram suas intenções de "cooperar plenamente" com as investigações.

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