Eram meados de setembro de 2011. No auge da forma física e técnica, Tamyres Domingos, aos 16 anos, comemorava o bronze no Mundial de Triatlo, na China, na sua categoria. Chegava a um alto patamar no esporte e estudava novas metas para a temporada seguinte. Manter-se no topo era a promessa. Em dezembro do mesmo ano, soube que estava grávida. Ao contrário de outras histórias – mais dramáticas até –, nunca pensou em deixar o triatlo. Como fala, “havia uma pessoa que precisava mais de mim no momento. Apenas isso”. Nesta quinta-feira (27/9), no Clube Círculo Militar, 52 dias de dar à luz Jenine, voltou aos treinos.
Ao todo, Tamyres passou quase quatro meses longe de piscina, mar, bike e corridas. Para uma atleta compulsiva por treino, foi difícil se desligar. Mas aprendeu, nas primeiras semanas, que cuidar da filha era um desafio maior. Nos primeiros dias, ao menos sabia trocar as fraldas. Banho, então, só na segunda semana. Sentia-se insegura. Com tempo aprendeu que ser mãe independe de cursos mirabolantes. A vida se encarrega de colocar as coisas no prumo.
“Acho que me saí melhor do que imaginava. Quando fiquei grávida, foi difícil saber que ia parar por um tempo. Mas tive ajuda de muitas pessoas. E as pessoas falavam que eu voltaria até melhor, que o corpo mudava muito. Estou de volta, com o mesmo foco de antes. Não mudou nada”, afirmou.
Os desafios agora são outros. Jenine tem menos de dois meses e, algumas vezes, vai estar no deck da piscina ao lado da mãe. Dividir-se entre os duros exercícios para vencer no triatlo requer uma operação, nos dias atuais, que inclui tarefas mais árduas. “O descanso, pelo menos por enquanto, não vai ser o mesmo de antes. Mas, como atleta, passei por tantas dificuldades, que outras mais não fazem diferença. Estou aqui para passar por todas”, comentou.
A entrada na água de Tamyres causou a maior expectativa entre os outros alunos. Ela é a principal atleta da Equipe Rolnan Rosas – a maior de triatlo do Estado –, uma referência entre os competidores. Todos querem, um dia, chegar ao seu patamar.
Pouco antes pular na água, afirmou, sem medo de errar: “Vou voltar melhor. Nos próximos quatro anos, vou lutar e conseguir uma vaga no Rio-2016”.
