CARNAVAL 2015

Fáfá de Belém garante que canta Vermelho por onde passar em Pernambuco

Ela desmentiu a informação de que estava proibida de cantar o hit amazonense no Carnaval do Estado

Germana Macambira
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Germana Macambira
Publicado em 24/01/2015 às 6:00
Alexandre Gondim/Jc Imagem
Ela desmentiu a informação de que estava proibida de cantar o hit amazonense no Carnaval do Estado - FOTO: Alexandre Gondim/Jc Imagem
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“Não tem proibição em cantar Vermelho ou em me vestir de vermelho. Sou livre, especialmente aqui em Pernambuco.” Palavras da sempre sorridente Fafá de Belém que, durante entrevista ontem, no Recife, negou firmemente a informação de que estaria proibida de cantar os versos “vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão”, no Carnaval de Pernambuco. O hit amazonense, do compositor Chico da Silva, ficou conhecido na voz de Fafá e tornou-se uma espécie de hino dos militantes do PT no Recife – daí o boato da proibição, já que a prefeitura agora está sob outro comando.

“Política está no sangue de todos nós, eu sei disso. Mas em nenhum momento envolvi o meu trabalho nesse contexto. Canto Vermelho em todo lugar, em qualquer circunstância”, salientou.

A música é das poucas já definidas no repertório da cantora para o espetáculo de abertura do Carnaval, em 13 de fevereiro, no Marco Zero. Fafá, junto com a cantora cabo-verdiana Lura, foi convidada pelo percussionista Naná Vasconcelos, o mestre de cerimônias do evento, para fazer parte dele. Junto com os três estarão 600 batuqueiros de 12 nações de maracatus. 

Além de Vermelho, outra definição, outra polêmica. Fafá garante: vai, sim, cantar a Ave Maria, junto com o bater dos tambores e as nações de origem africana, em meio à festa de que abre oficialmente a folia recifense. Entre muitos risos largos, também rebateu. “O dono da festa é o Naná e a ideia de fazer a Ave Maria foi dele. Eu adorei ser a convidada dessa ousadia. Vai ser um enorme desafio, talvez dos mais emocionantes de minha vida”, comentou a cantora. 

CARNAVAL

Embora veterana em participações nos carnavais no Estado, esta é a primeira vez que ela abre oficialmente a festa do Recife. “Um sonho realizado”, admite. 

Atendendo a um outro pedido de Naná Vasconcelos, Fafá sobe ao palco com sotaques misturados: paraense e pernambucano. Vestida com a fantasia chamada de Paranambuco, ela entrelaça elementos de sua terra natal a outros que traduzem a sua relação com Pernambuco. 

“São as minhas duas terras queridas. Inclusive, no repertório, embora ainda não tenhamos batido o martelo, com exceção de Vermelho e da Ave Maria (risos), vai ter carimbó, frevo, músicas do Alceu e outros ritmos que cabem bem no Carnaval de Pernambuco”, adiantou.

Apesar dos seis anos de Galo da Madrugada, Fafá divulga outra novidade: depois do desfile no trio, ela segue para um camarote próprio, com um nome que foi cuidadosamente inspirado na festa religiosa mais popular de Belém do Pará, o Círio de Nazaré.

“Lá nós temos a Varanda de Nazaré, aqui vamos ter a Varanda do Galo. Do sacro ao profano, mas com o mesmo amor de receber os amigos e curtir, dessa vez em meu camarote, o maior bloco do mundo”, ressaltou. O espaço deve receber aproximadamente 250 pessoas. Entre os convidados Marisa Orth e o percussionista Dalua, marido da atriz; o comediante Luiz Lobianco, do Porta dos Fundos; o sambista Arthur Espíndola, a cantora Lia Sophia e a atriz Tatá Werneck (que ainda não confirmou presença). O DJ Zé Pedro cuidará da discotecagem e haverá uma homenagem ao artista pernambucano Romero Britto. 

EMOCIONADA

Quando começou a falar de Pernambuco, Fafá passou de risonha à emocionada. Chorou ao relembrar o início de sua trajetória por aqui e os laços que mantêm com o Estado, desde então. 

“Tenho uma relação muito forte com essa terra. Laços não se explicam, apenas se criam. E eles se tornaram viscerais desde a minha primeira apresentação, há quase quarenta anos, no Teatro do Parque.”

Entre um e outro pedido de desculpas – pelo choro que ela escancarou com a mesma facilidade que exibiu os sorrisos – Fafá de Belém citou alguns nomes que foram presentes em suas ida e vindas a Pernambuco. Entre eles, o do ex-governador Eduardo Campos, morto em agosto do ano passado.

“Conheci Arraes, que foi um símbolo da minha infância. E depois tive a alegria de conhecer Dudu (Eduardo Campos).” Depois de uma pausa silenciosa, Fafá retoma a voz e ressalta as qualidades do ex-governador. “O abraço largo dele vai fazer muita falta. Vai ser o primeiro Carnaval sem a sua presença. Por isso, essa festa é em homenagem a ele”, concluiu.

PROJETOS

Para o Carnaval, a cantora relançou o disco Fafá, frevo e folia, com produção do músico pernambucano Zé da Flauta e direção musical de Bráulio Araújo. Disponível apenas em versão digital, o trabalho tem interpretações de Voltei Recife, Hino do Galo, Sedução e Sabe lá o que é isso, entre as faixas. 

Depois dos dias de folia no Recife – ela fica por aqui durante o mês de fevereiro, seguindo para Fernando de Noronha, assim que acabar o Carnaval – Fafá dá continuidade a mais um disco.

Mesmo sem querer adiantar muito sobre o novo trabalho, ela assegura que será uma das produções mais diferenciadas de sua carreira. Também destacou que o disco carregará muito dos tempos em que era embalada pelas músicas tocadas no rádio. “O rádio fez parte de minha vida. Me marcou muito. E esse trabalho vai ter a sonoridade daquilo o que se ouvia na época.”

Sim, ela confirma: os ritmos pernambucanos farão parte do novo trabalho – confissão arrancada em meio a doses intermináveis de suas risadas inimitáveis. 

Assista ao vídeo emocionado da cantora Fafá de Belém, falando sobre o Carnaval do Recife e a relação dela com Pernambuco:

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