Alemanha

Direita nacionalista aproveita maré favorável na Alemanha

A direita nacionalista alemã intensificou sua campanha contra a imigração e contra o Islã, coincidindo com seu avanço nas pesquisas de intenção de voto.

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Publicado em 18/09/2017 às 13:32
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A direita nacionalista alemã intensificou sua campanha contra a imigração e contra o Islã, coincidindo com seu avanço nas pesquisas de intenção de voto. - FOTO: Foto: AFP
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A direita nacionalista alemã intensificou, nesta segunda-feira (18), sua campanha contra a imigração e contra o Islã, coincidindo com seu avanço nas pesquisas de intenção de voto e, ao mesmo tempo, com o estancamento do partido da chanceler Angela Merkel, a seis dias das eleições legislativas no país.

Hoje, a dupla que dirige a campanha da Alternativa para a Alemanha (AfD) - Alexander Gauland e Alice Weidel - deu uma entrevista coletiva sobre "imigração muçulmana e criminalidade", tema preferido desse partido e que vem ganhando cada vez mais espaço desde que Merkel abriu as fronteiras para milhares de refugiados em 2015.

Gauland denunciou "o terrorismo", que tem suas "raízes no Alcorão".

"A propagação do Islã na Europa e a islamização crescente da Alemanha são um desafio para o Estado, para a ordem social, a identidade cultural e a paz no nosso país", afirmou.

Já Alice Weidel afirmou que "a Alemanha se transformou em abrigo para criminosos e terroristas do mundo inteiro" e que o "espaço público se transformou em um espaço de risco".

Com essa mensagem, a AfD espera ganhar pontos na reta final das eleições de 24 de setembro. Esse partido populista de direita radical já melhorou seu desempenho nas pesquisas, saindo de 8%-10%, há 15 dias, para atuais 10%-12%.

Cartazes exibidos em eventos de campanha, ou em manifestações, ilustram alguns dos pontos de vista de seus simpatizantes. Em protesto realizado em Binz, em 16 de setembro, um cartaz com foto de jovens na praia diz "Burca? Preferimos biquíni". Em outro, a imagem de uma embarcação cheia de imigrantes tem a seguinte legenda: "Em perigo? Está mais para a próxima onda de criminalidade".

Outro alvo favorito da AfD é Angela Merkel, acusada de ter traído e posto o país em risco, como comprova - aponta a sigla - o atentado com caminhão cometido em Berlim no Natal de 2016. O autor do ataque foi um solicitante de asilo radicalizado.

Sem precedentes

Embora os democrata-cristãos (CDU-CSU) da chanceler superem amplamente os social-democratas do SPD, de Martin Schulz, nas pesquisas, a perspectiva de uma vitória arrasadora começa a ficar distante.

O campo CDU-CSU se estabilizou em torno de 36% nas enquetes, perto de seu mínimo histórico de 1998 (35%), quando o social-democrata Gerhard Schröder ficou com a Chancelaria.

Por isso, os grandes partidos tentam "satanizar" a AfD, destacando que o país que engendrou o nazismo deve impedir a entrada de uma direita radical no Parlamento federal.

No sábado (16), Martin Schulz classificou o AfD de "vergonha nacional" e de "partido de extrema-direita". Em geral, na Alemanha, o termo é reservado aos neonazistas. Já Angela Merkel denunciou incessantemente "os que só sabem gritar e vaiar", tática que vem sendo adotada por esses militantes nos comícios da chanceler.

As polêmicas em torno do AfD não param, sobretudo, depois que Gauland elogiou o Exército do Terceiro Reich, algo inimaginável até pouco tempo atrás em um país, cuja identidade do Pós-Guerra é baseada no arrependimento.

Enquanto isso, a AfD comemora e se vê em "terceiro" na disputa eleitoral, à frente dos liberais do FDP, da esquerda radical Die Linke e dos Verdes. Sua entrada na Câmara de Deputados seria um fato inédito desde 1945 para um movimento dessa natureza.

Objetivo: governar

Para Weidel, o objetivo é ganhar posições para conquistar a Chancelaria nas próximas eleições de 2021.

"O objetivo de qualquer partido não é fazer oposição (...) Todos os nossos deputados deverão, em sua primeira legislatura, profissionalizar-se rapidamente para que, a partir de 2021, estejamos em condições de governar", declarou a líder nacionalista ao jornal "Frankfurter Rundschau".

De qualquer maneira, a AfD parece ter conseguido unir grande parte dos insatisfeitos com os 12 anos de Merkel: os marginalizados pelos crescimento econômico alemão, os que se opõem à presença de refugiados, ou os conservadores fartos da política de centro da chanceler.

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