CORRUPÇÃO

Delator da Lava Jato afirma que Aécio coordenou fraude em licitação em Minas

Esquema favoreceu grandes construtoras em obra da sede do governo de Minas durante a gestão do tucano

JC Online
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Publicado em 02/02/2017 às 13:32
Foto: André Lucas Almeida/Estadão Conteúdo
Esquema favoreceu grandes construtoras em obra da sede do governo de Minas durante a gestão do tucano - FOTO: Foto: André Lucas Almeida/Estadão Conteúdo
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Durante a primeira delação premiada à Lava Jato, o ex-presidente de Odebrecht, Benedicto Júnior afirmou que se reuniu com Aécio Neves (PSDB-MG) para tratar de um esquema de fraude em licitação na obra da Cidade Administrativa que favorecia grandes construtoras. De acordo com delator, a reunião ocorreu durante o governo do tucano em Minas Gerais, entre os anos de 2003 a 2010.

Segundo a Folha de São Paulo, o ex-empresário, conhecido como BJ, disse aos procuradores que, Aécio orientou as empreiteiras a procurarem Oswaldo Borges da Costa Filho, após o acerto. Foi com Oswaldinho, como é conhecido, que foi definido o percentual de propina que seria entregue para as empresas no esquema. Ainda de acordo com BJ, os valores ficaram entre 2,5% e 3% sobre o total dos contratos.

Esclarecimento de Aécio Neves

Em nota, o senador mineiro repudiou o relato de Benedicto e defendeu o fim do sigilo sobre as delações "para que todo conteúdo seja de conhecimento público". 

Já Oswaldinho é um colaborador das campanhas de Aécio. Segundo a Folha, o ex-executivo da Odebrecht afirmou que o próprio Aécio decidiu quais empresas participariam da licitação para a obra.

Sobre a obra

A Cidade Administrativa foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) e custou R$ 2,1 bilhões. A obra mais cara de Aécio durante o governo de Minas, foi inaugurada em 2010, no último ano do governo do tucano. 

Oswaldinho foi presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), e quem negociou como seriam feitos os pagamentos, segundo o delator.

As informações fornecidas por BJ em sua delação premiada foram confirmadas e complementadas pelos depoimentos do ex-diretor da Odebrecht em Minas Sergio Neves.

Neves aparece nas investigações como responsável por operacionalizar os repasses a Oswaldinho. Ele é quem detalha os pagamentos a Aécio na delação.

A odebrecht era líder do consórcio, que contou com Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão, e era responsável por 60% da obra que construiu um dos três prédios que integram a Cidade Administrativa, o Edifício Gerais.

BJ e Sérgio neves estão entre os 77 funcionários da Odebrecht que assinaram acordo de colaboração com a Lava Jato. As delações foram homologadas na última segunda-feira (30) pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e enviadas à Procuradoria-Geral da República, sob sigilo.


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