Governo Temer

Tasso Jereissati vê gestão Temer na rota da 'ingovernabilidade'

Para presidente do PSDB, Rodrigo Maia poderia garantir governabilidade ao país até as eleições de 2018, caso Temer seja afastado

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Publicado em 07/07/2017 às 8:17
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Para presidente do PSDB, Rodrigo Maia poderia garantir governabilidade ao país até as eleições de 2018, caso Temer seja afastado - FOTO: Foto: Agência Senado
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O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse na quinta-feira, 6, que o País "caminha para a ingovernabilidade" na gestão do presidente Michel Temer. O dirigente tucano, que comanda o principal partido aliado a Temer, fez também um aceno ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assume interinamente o Palácio do Planalto caso o peemedebista seja afastado do cargo se a denúncia contra ele for aceita pelos deputados.

Embora tenha dito que é "precipitado" falar em nomes para uma eventual transição, Tasso avalia que Maia poderia garantir governabilidade ao País até a eleição de 2018. Acusado de corrupção passiva, Temer é o primeiro presidente a ser denunciado no exercício do mandato.

Maia, que está em Buenos Aires, comentou a declaração de Tasso. "O senador Tasso é um homem com muita experiência e qualquer um ficaria feliz de ele avaliar que se tenha condições de ajudar o Brasil. (Mas) Acho que na posição na qual estou, já estou ajudando muito", disse ontem o presidente da Câmara a jornalistas. Maia afirmou ainda que a denúncia contra Temer "tem de ser respeitada".

No mesmo dia em que Temer embarcou para a Alemanha, Maia viajou para a Argentina, onde participa do Fórum de Relações Internacionais e Diplomacia Parlamentar. Sobre a coincidência de datas, o deputado disse que sua ida à capital argentina foi confirmada antes de Temer decidir viajar a Alemanha.

O Planalto detectou um movimento de alas do PSDB e do DEM para tentar viabilizar o nome de Maia como uma alternativa. Para neutralizar esse movimento, Temer convocou uma reunião ministerial anteontem e disse aos ministros que eles precisam ajudá-lo a garantir os votos na Câmara não só para mantê-lo no cargo, como para aprovar reformas em tramitação no Congresso, como a trabalhista e a da Previdência.

O presidente da Câmara, porém, abandonou nos últimos dias a postura de "líder de governo" e assumiu mais o comportamento institucional. Embora venha se ausentando do plenário e promovendo mais encontros na residência oficial, Maia não está fazendo campanha aberta para suceder a Temer. A estratégia não é só para não ser tachado de traidor, mas para conquistar o apoio futuro dos partidos que ainda permanecem alinhados com o governo

Na Câmara, o Centrão - grupo de médias e pequenas legendas - mantém disposição de dar sobrevida a Temer. No grupo, a avaliação é de que o PSDB pode influir numa derrocada de Temer assim como o PMDB foi o vilão da queda de Dilma Rousseff.

'Travessia'

Tasso, que vem defendendo o desembarque do PSDB do governo - em oposição ao posicionamento da ala paulista da legenda (José Serra, Geraldo Alckmin e João Doria) e do senador Aécio Neves (MG) -, fez ontem a mais explícita manifestação pela saída de Temer.

"Na travessia, se vier, tem várias opções. Se vier um afastamento pela Câmara, ele (Maia) é presidente por seis meses. Se Temer renunciasse já seria diferente, mas, se passar a licença para a denúncia, aí ele (Maia) é presidente por seis meses e tem condições de fazer, até pelo cargo que possui na Câmara, de juntar os partidos ao redor com um mínimo de estabilidade para o País", disse o senador tucano.

Tasso afirmou ainda que está aberto para tratar de uma "saída negociada" com Temer. Disse que já está discutindo o assunto com outras legendas da base aliada. "Acho que o ideal é envolver todos os partidos, inclusive os de esquerda."

O movimento no PSDB pró-desembarque ganhou força entre os senadores. A avaliação de ala formada por ao menos seis dos 11 integrantes da bancada tucana é de que o partido deve entregar os cargos, mas manter apoio às reformas. "Defendemos as reformas Se acharmos que Temer não tem mais condições de continuar a conduzi-las, precisamos pensar em uma alternativa", afirmou o senador Ricardo Ferraço (ES), relator da reforma trabalhista.

Segundo interlocutores de Temer, o governo tem os votos para segurar a denúncia na Comissão de Constituição e Justiça, mas o governo já trabalha com a possibilidade de esticar o início do recesso parlamentar, marcado para o dia 18. (Colaboraram Isadora Peron, Daiene Cardoso e Tânia Monteiro)

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