No Congresso, a escolha dos novos líderes partidários abriu um racha no PSB de Pernambuco e enfraqueceu o grupo mais próximo ao governador Paulo Câmara e ao prefeito Geraldo Julio. Na Câmara, a vice-líder do governo Tereza Cristina (MS) derrotou o pernambucano Tadeu Alencar. Defensora de um maior alinhamento entre os socialistas e o presidente Michel Temer (PMDB), ela venceu a disputa com o apoio do vice-governador de São Paulo, Márcio França, e do ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, que é pernambucano e ocupava o posto de líder do PSB até o ano passado. Paulo Câmara se envolveu na disputa ao liberar o secretário de Turismo, Felipe Carreras, para reassumir o mandato e votar em Tadeu.
No Senado, Fernando Bezerra Coelho, pai de Fernando Filho e aliado do governo Temer, foi escolhido por unanimidade como líder do partido. O único deputado do PSB pernambucano que não votou em Tadeu, João Fernando Coutinho, foi indicado pelo partido para a 3ª secretaria da Mesa Diretora da Câmara. A ala de Paulo Câmara já havia sido derrotada após o impeachment, quando o PSB de Pernambuco articulou para que o partido não indicasse nomes para o governo Temer.
Ao JC, Tadeu Alencar disse não ver o resultado como uma derrota de Paulo, mas da tese de que o PSB não deveria ter um alinhamento automático ao governo Temer, preservando uma posição de independência diante de temas duros como a reforma da Previdência. “Qual é a nossa forma de relacionamento com o governo? É troca de cargo? É espaço em ministério? Penso que não é isso, porque no governo Dilma entregamos dois ministérios por discordar da condução política”, questionou.
JOÃO FERNANDO COUTINHO
Na escolha do nome que representaria o PSB na Mesa Diretora, o deputado Gonzaga Patriota chegou a disputar contra João Fernando. Em Petrolina, ele integra um grupo divergente de Fernando Bezerra Coelho.
Para João Fernando Coutinho, o assunto da eleição da liderança está superado. “De forma alguma foi uma derrota do governador. Foi uma eleição dentro do parlamento. O governador não teve interferência na bancada. O governador não disputou nada”, avaliou, ao ser questionado sobre o voto contrário a Tadeu.