Desde o início do ano, os vereadores do Recife já receberam pelo menos R$ 615,9 mil a título de auxílio-alimentação e de verba indenizatória, rubrica que paga despesas com o mandato, como aluguel de automóveis e a compra de material de expediente. Levantamento feito pelo JC mostra que a Câmara Municipal gastou R$ 145,5 mil em verba indenizatória nos três primeiros meses do ano (os dados de abril ainda não estão disponíveis no Portal da Transparência).
Além disso, o auxílio-alimentação custou outros R$ 470,4 mil aos cofres públicos entre janeiro e abril. O benefício, que é recebido por 38 dos 39 vereadores, teve o valor mensal reajustado de R$ 3.095 para R$ 4.595 no final do mês passado.
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O balanço do JC mostra que cinco vereadores receberam todos os R$ 6 mil de verba indenizatória (R$ 2 mil mensais) a que tinham direito no primeiro trimestre. A lista inclui políticos de cinco partidos: Aderaldo Pinto (PSB), Benjamin da Saúde (PEN), Eduardo Chera (PDT), Romero Albuquerque (PP) e Wanderson Florêncio (PSC). Para outros seis vereadores, não há registro de pagamento do benefício.
A principal destinação dos recursos da verba indenizatória foi o aluguel de carros. Pelo menos 15 vereadores fizeram uso de veículos pagos com dinheiro público, numa cifra que soma R$ 65,6 mil em três meses. A economia com os alugueis de automóveis foi um dos argumentos utilizados pelo primeiro-secretário da Câmara, Marco Aurélio (PRTB), para justificar o reajuste no auxílio-alimentação. De acordo com o vereador, a Casa vai economizar R$ 1 milhão por ano com a entrega de carros alugados.
O vereador Romero Albuquerque (PP) foi um dos que fez uso da verba para bancar o aluguel de veículos. Ele diz que a despesa foi necessária porque ele não tem veículo particular e precisa se deslocar para ouvir os anseios e demandas da população. O parlamentar diz ter alugado apenas carros de modelo popular – um pálio no primeiro mês e um gol desde fevereiro. Ele também diz destinar 80% do salário de vereador para ações de defesa animal, sua principal bandeira política.
ALIMENTAÇÃO
Ao JC, Romero disse que é contra o aumento do auxílio-alimentação e que, se pudesse, teria feito algo para evitar a aprovação. Ele contou que esteve na sessão, mas se retirou antes da votação da matéria para atender a um compromisso do mandato. Apesar disso, o vereador disse que não vai abrir mão do recurso porque ele é extremamente útil e disse que não é possível devolver apenas parte da verba. Romero também criticou a postura do vereador Ivan Moraes (PSOL), que criticou publicamente o aumento, mas tem recebido o auxílio.
A reportagem tentou ouvir os vereadores Aderaldo Pinto, Benjamin da Saúde, Eduardo Chera e Wanderson Florêncio, mas eles não atenderam nem retornaram as ligações. A assessoria da Câmara informou que os questionamentos sobre despesa deveriam ser direcionados ao vereador Marco Aurélio. O primeiro-secretário foi procurado durante todo o dia através de sua assessoria, mas não deu retornou. Um dia antes, ele havia declarado que o aumento no auxílio-alimentação foi proposto pelos próprios vereadores.