OPERAÇÃO CHAMINÉ

Ex-vereador é preso por corrupção e lavagem de dinheiro em Paulista

Na Operação, foram cumpridos quatro mandados de prisão e mais 10 de busca e apreensão domiciliar em Paulista e outros três municípios

JC Online
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Publicado em 10/08/2018 às 7:50
Foto: Divulgação/ Polícia Civil
Na Operação, foram cumpridos quatro mandados de prisão e mais 10 de busca e apreensão domiciliar em Paulista e outros três municípios - FOTO: Foto: Divulgação/ Polícia Civil
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A 32° Operação de Repressão Qualificada, denominada de ‘Chaminé’, foi  desencadeada na manhã desta sexta-feira (10) com o objetivo de desarticular um grupo criminoso voltado as práticas de corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, peculato e associação criminosa no município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Foram cumpridos cinco mandados de prisão e outros 10 de busca e apreensão domiciliar.

Um dos alvos presos foi o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Paulista, Iranildo Donicio de Lima. Além dele, um ex-candidato a prefeito de Araçoiaba, uma funcionária da câmara de Paulista, um empresário e um outro suspeito também foram detidos. 

Os mandados foram cumpridos nas cidades de Igarassu, Paulista e Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, além de Araçoiaba, na Zona da Mata Norte.

O esquema, a qual o grupo tinha ligação, consistia em contratar uma empresa de fachada, no ramo de construção, que se aproveitava de reformas e melhorias em prédios públicos de Paulista para fraudar valores.

De acordo com o delegado Diego Pinheiro, que está à frente das investigações, durante o levantamento de fatos foi constatado que esta licitação tinha sido disputada por três empresas, todas de conhecidos do ex-presidente da Câmara. “Ele colocava três empresas na disputa, para dar uma falsa sensação de concorrência, mas já tinha a empresa certa”, relata o delegado.

Além de Iranildo Domício, estavam envolvidos no esquema, Elias Ulisses da Silva, Mauro Monteiro de Melo, José Roberto Lima dos Santos Silva e Lúcia Maria do Nascimento.

Elias é empresário do ramo de construção civil e teria dado o dinheiro ao, na época, presidente da câmara, para que a empresa EUS fosse favorecida. Juntamente com Mauro, conhecido como “Monteirinho”, o empresário falsificava documentos para fraudar as licitações. “Para participar da licitação de construções é necessário ter pelo menos um engenheiro na empresa. Como não tinha, Elias e Monteirinho falsificaram a assinatura e carimbo de um engenheiro”, conta o delegado.

José Roberto, chamado de “Bebeto”, atuava como laranja do ex-vereador. Ele possuía uma empresa de fachada, usada por Iranildo para praticar as fraudes nas licitações. A função de Lúcia Maria era lavar o dinheiro público. Ela, que é advogada e ocupava o posto de diretora e membro do conselho de licitação da Câmara dos Vereadores de Paulista, usava a conta bancária pessoal para praticar a corrupção e peculato.

O serviço que deveria ter sido fornecido pela empresa E.U.S era o de construção, reparos, pintura e outros ajustes que a casa precisava. Porém, apenas uma pequena parte foi feita. “É possível que o dinheiro que seria usada para esta obra tenha sido desviado para benefício da quadrilha”, destaca Diego Pinheiro.

Ainda segundo o delegado, no dia da busca na casa de Elias, ele estava com dois documentos falsos prontos para serem entregues como apresentação e proposta em licitações nos municípios de Camaragibe e São Lourenço da Mata. A empresa que seria de construção civil, funcionava em uma pequena sala de um depósito de água, que pertence ao filho do empresário.

Em três meses circularam mais de R$ 400 mil na conta de Maria Lúcia, que era desviado da prefeitura como se fosse usado para a obra, e depois divididos entre os comparsas. Ao todo foram R$ 700 mil roubados. “Eles negam tudo. Apesar de termos comprovantes, extratos bancários da conta e de toda movimentação do dinheiro, eles negam a corrupção”, diz o delegado. No dia 9 de janeiro foi feita a transferência da conta de Maria Lúcia para o ex-vereador o valor de R$ 136 mil.

Os cinco responderão por associação criminosa, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, uso de documentos falsos, peculato e lavagem de dinheiro. Com eles foram apreendidos talões de notas, contratos sociais, vários documentos falsificados, 20 aparelhos celulares, 13 pendrives e um carro, de modelo Land Rover. A polícia ainda recolheu duas CPU’s e um notebook, onde deve constar mais provas contra a quadrilha.

Investigação

As ações do grupo, que funcionou de 2013 a 2015, já vinham sendo investigadas desde abril deste ano. Foram apreendidos pen drives, pastas e computadores.

Os mandados foram expedidos pela Vara Criminal da Comarca de Paulista. A operação envolveu cerca de 70 policiais, sendo coordenada pela Diretoria Integrada Metropolitana (DIM) e supervisionada pela Polícia Civil.

Todos os presos, juntamente com o material apreendido, foram encaminhados para sede do Grupo de Operações Especiais (GOE), localizado no Cordeiro. 

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