Persona

Tagore: um roqueiro zen

O cantor recifense Tagore Suassuna, 24 anos, destaca-se na cena musical com a Banda Tagore

Bárbara Buril
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Bárbara Buril
Publicado em 03/03/2013 às 8:00
Felipe Ribeiro / JC Imagem
O cantor recifense Tagore Suassuna, 24 anos, destaca-se na cena musical com a Banda Tagore - FOTO: Felipe Ribeiro / JC Imagem
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JC – Em que se inspira a Banda Tagore?

TAGORE SUASSUNA – Nossas sonoridades passam principalmente pelo grupo Ave Sangria, famoso nos anos 70. Alceu Valença também, mas nesse caso é melhor falar de identificação do que de influência, porque eu só fui conhecer mesmo a obra dele em 2011, quando a Tagore já tinha essa linguagem udigrúdi definida. Mas é natural. Todos eles bebiam da mesma fonte.

JC – A intenção é levar a banda para a frente?

TAGORE – Com certeza. A banda é hoje o meu projeto de vida. Quero que ela tenha um público próprio, mas não quero ser tão famoso. Só na medida certa. Gostaria de poder viver de música, não ser rico de música. Não quero ser rei, não.

JC – Por que o nome Tagore?

TAGORE – Essa história é bem curiosa. Meu pai era professor de ioga aqui no Recife nos anos 70 e, no meio dessa viagem zen, ele gostava muito da obra do poeta e musicista indiano Rabindranath Tagore. Por também gostar da sonoridade do nome, me batizou assim. Coincidentemente, o meu trabalho com a arte é parecido com o do indiano. Assim como ele, eu também concilio música e poesia. Tenho essas duas faces.

JC – Tem alguma outra herança importante de seus pais no seu estilo de vida?

TAGORE – Tem, sim. Hoje, não como carne vermelha e adoro comida integral porque era assim que meus pais me alimentavam quando eu era criança. Aliás, eu era “o estranho” na escola por causa disso. Atualmente, esse tipo de alimentação já tem sido bem mais adotado. Mas na época era anormal uma criança que não comia carne vermelha.

 

JC – Se acha meio estranho?

TAGORE – Sempre fui meio autista, um pouco aluado. Sempre tive aquela sensação de que estava observando os outros enquanto os outros estavam vivendo. Mas transformei essa sensação em algo bom para mim. Observar a vida é um dos meus hobbies.

JC – E o que faz com essas observações?

TAGORE – Quando vejo algo interessante, escrevo. Quando não posso escrever, só filosofo na cabeça mesmo. Chego a conclusões que muitas vezes levo por água abaixo, mas sempre tento compreender.

JC – Meio existencialista?

TAGORE – Muito. Se eu começar a falar em existência, chegamos a 2030. Consumo uma parte de minha vida com dúvidas e respostas que não se alcançam, mas acho necessário fazer isso. Melhor do que se acomodar, porque a vida tem uma série de porquês que deveríamos sempre vasculhar.

JC – Você tem alguma religião?

TAGORE – Não. Mas eu acredito que existe algo além do material, mas não sei o que seria. Ressalto que não sou um cara cético. Creio em Deus, fugindo da semântica da palavra.

 

 

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