Persona

Maeve Jinkings declara sua paixão pelo Recife

Nascida em Brasília e crescida em Belém, a badalada atriz diz que faz questão de morar no Recife sempre que a agenda afrouxa um bocadinho

Bruna Cabral
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Bruna Cabral
Publicado em 28/10/2013 às 10:55
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Nascida em Brasília e crescida em Belém, a badalada atriz diz que faz questão de morar no Recife sempre que a agenda afrouxa um bocadinho - FOTO: Hélia Scheppa/JC Imagem
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A brasiliense Maeve Jinkings, 36 anos, foi batizada pela literatura. Descobriu-se atriz muito cedo. E logo trocou Belém, onde morava, por São Paulo, cheia de projetos na mala. Mas não é lá que se sente em casa. Há alguns anos, a atriz premiada há pouco no Festival de Brasília pela atuação em Amor, plástico e barulho, de Renata Pinheiro, descobriu o Recife e decidiu morar aqui sempre que a agenda deixa.

 

JC – Pra começo de conversa, me explica a geografia de sua árvore genealógica. Qual a origem de seu sobrenome?
MAEVE JINKINGS – Tanto meu nome quanto o nome de minha irmã mais velha vieram de livros que minha mãe leu na adolescência. Maeve é uma personagem do romance Meu filho, meu fiho!, de Howard Spring. Somente por volta dos 21 anos, quando o pai de uma amiga fazia pesquisa sobre a genealogia escocesa da família deles, descobri que meu nome é irlandês, de origem celta. É bem bonita a mitologia da rainha Maeve, cultuada como deusa naquela região. Já meu sobrenome tem origem escocesa: meu avô materno tem ascendência inglesa.

JC – Deve ter dado trabalho na escola...
MAEVE – Sempre. Quando a professora engasgava na chamada, olhando fixamente pro papel, eu já sabia que era minha vez.

JC – Certa feita, você disse que seu umbigo deve estar enterrado no Recife. Como e quando decidiu que queria viver aqui?
MAEVE –Por alguma razão, me reconheço muito no Recife. A cidade bate muito forte em meu coração. Em dezembro de 2008, cheguei ao Recife para passar 15 dias. Adiei minha passagem cinco vezes e acabei ficando três meses. Um ano depois, minha mãe e meu padrasto pernambucano, que viviam em Brasília, resolveram se mudar para a cidade. Em dezembro de 2009, encaixotei a vida em São Paulo e assumi esse amor. Hoje moro um pouquinho cá, um pouquinho lá.

JC – Existe amor na Veneza Brasileira?
MAEVE – Foi tudo o que encontrei. Eu sentia meu coração secando e o Recife me hidratou em paixão pela vida.

JC – Se enroscar na rede, frequentar o bar Central, driblar tubarão na praia, qual seu hábito mais recifense?
MAEVE – Tapioca é um vício. Rede também. Comer falafel do Central com direito a jukebox, visitar a Livraria Cultura aos domingos apenas pra ver as pessoas e sentir o vento do Recife Antigo, correr em Boa Viagem, dançar aos domingos na Cubana do Bela Vista, tudo isso são hábitos recifenses.

JC – Tem gente que nasce atriz, né? Foi assim com você?
MAEVE – Lembro de ter consciência desse desejo apenas aos 10 anos de idade. Mas eu só dizia para as pessoas em quem confiava, como quem conta um grande segredo. Acho que tem a ver com uma experiência na escola, em Belém. O professor de matemática da 3ª série nos mandou ler e encenar um capítulo do livro Malba Tahan: o homem que calculava. Eu era a narradora porque ninguém queria decorar tanto texto. Foi uma experiência forte pra mim.

JC – E na hora de descansar, prefere livros, plantas ou panelas?
MAEVE – Gosto de tudo isso. Ler, assistir um bom filme, escutar música enquanto coloco a mão na terra pra cuidar das plantas, ir correr ao ar livre, uma comida saudável e saborosa, amigos bons. É tudo cafuné na alma.

JC – É uma vizinha praticante? Do tipo que separa um pedaço do bolo para quem mora ao lado?
MAEVE – Gosto de gente, me interessa como vivem as pessoas, então amo cultivar uma boa vizinhança. Costumo visitar o apartamento dos vizinhos pra trocar ideias e até confidências. Acho massa essa relação, afinal são pessoas que participam involuntariamente de nossa intimidade. O zelador de meu prédio, seu Antônio, é sem dúvida a pessoa com quem mais converso. De vez em quando vou tomar café na casa dele e de dona Maria, sua esposa. Vivem na cobertura do prédio, ao lado da sala de máquinas do elevador.

JC – Você está plantando o quê para colher um mundo melhor?
MAEVE – Algo em que penso muito é ter como mola propulsora minhas crenças, agir por coragem e não por medo. O medo é uma arma poderosa de controle, de opressão física e subjetiva, e também de autossabotagem. Acredito que o que move a humanidade é a coragem de romper com padrões. O enfrentamento me interessa muito, seja ele com o outro ou comigo mesma.

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