Comportamento

Hortas urbanas se espalham pelo Grande Recife

Cultivar em pequenos espaços é não apenas garantia de tempero fresco, mas desestressante

Raissa Ebrahim
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Raissa Ebrahim
Publicado em 12/04/2015 às 0:01
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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A natureza é feita de ciclos. Mas, com o tempo, em vez de nos inserirmos nessa roda viva, terminamos traçando o caminho contrário. Saímos pela tangente e deixamos que o desrespeito ao que é natural transformasse o nosso dia a dia. Resultado? Muito consumo, lixo e desperdício. O descarte tornou-se muito fácil. Com tantas demandas que nos rondam cotidianamente, os “restos” tornaram-se invisíveis ao irem diretamente para a lixeira. Mas, na rabeira do incômodo, a ideia. Muita gente tem aproveitado para montar pequenas hortas em casa com material reciclável e usar restos de cascas de frutas, verduras e ovos para adubar a terra.

Infográfico

Minhocário caseiro: como fazer

São cantos pequenininhos em casas e apartamentos. No melhor estilo “urbanocompacto”, como dita a tendência do mercado imobiliário. São pessoas que, dedicando alguns minutos diários, têm colhido o próprio alecrim, manjericão, hortelã, rúcula, tomate-cereja, pimenta. E ajudado a diminuir a quantidade de lixo. As hortas urbanas podem ser construídas usando, por exemplo, caixas de ovos, latas de leite em pó, panelas velhas, caixas de feira, garrafas pet. “Plantar em casa é fácil. É bom descobrir que se pode consumir menos dos supermercados e mais alimentos de melhor qualidade e livres de agrotóxicos”, comenta Giuseppe Bandeira, estudante do curso técnico em agroecologia pelo Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta). “Mexer com a terra, além de garantia de alimento, é terapêutico”, lembra. Clique no infográfico ao lado para ampliá-lo e confira como montar um minhorcário caseiro, passo a passo.

Foi isso que levou a publicitária Débora Rodrigues a montar, com dicas da internet, uma horta vertical na varanda do apartamento na Boa Vista. “Estava precisando desestressar, fazer algo que não fosse trabalho”, conta. Ela curte cozinhar e agora, em vez de comprar temperos desidratados, tira da varanda e leva diretamente para a cozinha. “Me tornei a chata da horta”, brinca. “Fico tentando convencer os amigos, dando mudas”, diz Débora. Tudo é uma questão de rotina. Cuidar das plantinhas não leva mais que alguns minutos. Mas, como lembra Débora, “a planta tem o tempo dela, que não é o seu. É preciso paciência. Mas a recompensa vem com o cheirinho que sobe quando a gente rega”. A publicitária conta que, depois da horta, veio “o estalo para a coleta seletiva”. Está se organizando para selecionar o lixo e levar até um ponto de coleta perto do trabalho. O material orgânico, como casca de frutas e verduras e de ovo, Débora tem colocado nos vasinhos para adubar a terra.

A disseminação também transformou-se em negócio. Há um ano, três amigos (dois engenheiros florestais e um publicitário) uniram-se para formar a Ecoparkia, consultoria que ministra, escreve e desenvolve projetos na área, para escolas, residências, empresas e poder público. Segundo eles, o ideal é planejar o ambiente, para deixar tudo mais prático. É preciso pensar no espaço, no objetivo, na luminosidade. “Não adianta querer plantar o que você não vai consumir”, pondera Murilo Carvalho. Depois vem a parte da manutenção. “A própria planta indica quando está com alguma deficiência de nutrientes”, explica Isabela Steuer. Manchas circulares, por exemplo, são indicativo de bactéria. Em rede, de fungos. Necrose em forma de V invertido, falta de água.

Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Débora Rodrigues - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Horta urbana - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Horta urbana - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Horta urbana - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Horta urbana - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Equipe Ecoparkia - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Horta urbana - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
- Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem

 

A Ecoparkia promove neste mês, com patrocínio da Jardinaria, um curso sobre hortas urbanas em Casa Forte (R$ 350). Na ementa, assuntos como sistemas de produção, canteiros, manejo e preparo do substrato, cultivo em recipientes, compostagem. A pegada é ser sustentável. São três sábados (11, 18 e 25). Mais informações no (81) 3019.1407 ou no facebook.com/ecoparkia. Quem tiver interesse também pode acompanhar o trabalho da ONG SPS (Serviço de Promoção Social), da qual Giuseppe faz parte, de agroecologia. Nos fins de semana, o grupo promove mutirões para unir urbano e rural, com ensino e prática de técnicas e trocas de informações, na sede, em Ouro Preto (mais informações com André Raboni no 81 8757.0606). Nos primeiros fins de semana do mês, a turma também participa de mutirões no assentamento no Sítio Agatha, em Tracunhaém, para semear, colher e construir (facebook.com/sitioagatha).

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