Tal como os quadrinhos do personagem, The adventures of Tintin – the game (PC, PS3, Xbox 360, Nintendo DS e Wii) precisa ser encarado a partir de uma perspectiva ingênua para que possa ser apreciado. Sem essa postura, fica difícil não achar o jogo bobo ou infantil demais.
O game segue, com algumas mudanças na trama, o roteiro do filme As aventuras de Tintin, lançado em janeiro no Brasil, que por sua vez é inspirado em duas HQs do repórter belga criado pelo quadrinista Hergé. Assim como o longa dirigido por Spielberg, Tintin parte em busca de um tesouro escondido pelo avô do seu melhor amigo e companheiro de aventuras, capitão Haddock. E, claro, no meio do caminho enfrenta bandidos que tentam se apossar da fortuna. Simples assim.
Além do esquema básico side-scrolling 2.5D de pular e socar, o jogo também tem trechos tridimensionais na terceira pessoa em que a jogabilidade varia, quase como minigames. Em uma fase se pilota um avião, em outra, há perseguições de moto, corrida e até duelo de espadas. É exatamente este último um dos poucos momentos em que os recursos dos controles de movimento (Wii, Kinect e OS Move) são bem aproveitados.
Tais variações na mecânica, além de trazer mais diversão, acrescentam alguma dificuldade ao game, que no geral é bem fácil. Outros pontos positivos são a trilha sonora competente e a bem-cuidada dublagem original, que está devidamente legendada em português.
Quem joga videogame há mais tempo vai enxergar semelhanças com o primeiro Prince of Persia e também com outro jogo do personagem, Tintin no Tibet, lançado pela Infogrames para PC e alguns consoles nos anos 90. O grande problema é que, ao contrário desses games antigos, em The adventures of Tintin não existem desafios a ser solucionados e tudo se resume, essencialmente, a pular plataformas e socar bandidos (que ficam com passarinhos e estrelas voando ao redor da cabeça ao ser derrubados).
Sem contar que o jogo é bem curto, podendo ser terminado em cerca de seis horas. Fora a campanha principal, o game conta com multiplayer offline cooperativo para dois jogadores, com fases exclusivas, o que garante algumas horas a mais de diversão.
Além de Tintin e do capitão Haddock, é possível jogar com outros personagens, como os gêmeos detetives da Interpol Dupont e Dupond. Outros extras disponíveis são skins para os personagens e minigames.
Embora o excesso de simplicidade não torne o game ruim, a falta de momentos mais inspirados faz de Tintin uma opção pouco atraente para jogadores experientes ou mais críticos. Para fãs do personagem ou aqueles que conseguem embarcar no universo ingênuo de Tintin, é uma boa pedida.