
Manoel Fernandes, da Bites, em informe ao blog
Sergio Moro é o ministro mais popular do governo Bolsonaro e dono da maior base de fãs nas redes sociais entre os seus colegas na Esplanada dos Ministérios com 5,3 milhões de fãs no Twitter e Instagram.
No último Datafolha, o ex-juiz alcançou a taxa de 53% de ótimo e bom contra 30% do seu chefe.
Hoje, quando a notícia da sua possível saída do Ministério da Justiça começou a se propagar na opinião pública digital, centenas de milhares de posts foram publicados no Twitter e os sites da mídia profissional e alternativa tinham produzido até às 20h de hoje 1.200 textos sobre a nova crise em Brasília.
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Mesmo nesse intenso movimento de informação na Internet, um fato chamou atenção. O Sistema Analítico BITES não havia identificado até às 20h uma ação contínua e estruturada em defesa de Moro nas redes sociais.
Esse padrão de comportamento também se reproduziu entre os deputados federais.
Nas suas contas oficiais no Twitter, Instagram e Facebook, os parlamentares publicaram 147 posts sobre a crise da saída de Moro, mas a hegemonia com 123 citações ao episódio foi da oposição.
Não em defesa do ministro e sim em apoio à Polícia Federal.
Esses textos nas redes sociais registaram 110 mil interações (compartilhamentos, comentários, curtidas e retuítes).
O bloco dos governistas foi mais econômico e publicou 21 posts nas suas contas.
As hashtags positivas criadas para defender o ministro no Twitter, como #FicaMoro, #MoroFica e #Moro2022, foram utilizadas em 34 mil posts nessa rede social.
É um volume 2,5 vezes menor do que aconteceu com o ex-ministro Luís Henrique Mandetta em 06 de abril, quando o presidente Bolsonaro fez a primeira tentativa de demissão.
Em outra comparação, hoje, o conjunto de hashtags negativas sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, havia sido associado em 396 mil tweets.
Narrativa contra a mídia
Os bolsonaristas tentaram construir uma narrativa que a notícia da saída não seria verdadeira e, portanto, deveria ser desconsiderada.
Nessa percepção, a imprensa mais uma vez seria a grande responsável por criar um movimento contra o presidente.
Foi essa imagem que os grupos bolsonaristas nas redes sociais tentaram propagar junto à opinião pública digital. A associação dos termos imprensa marrom, fake news, extrema imprensa e notícia irresponsável apareceram em 70 mil tweets sobre Sérgio Moro, o equivalente a 15% de todos os tweets produzidos sobre o ministro até às 20h30.