
Meia hora após nomear o novo diretor-geral da Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro deu posse, nesta segunda-feira (4), ao delegado Rolando Alexandre de Souza como novo diretor-geral da Polícia Federal.
A indicação tinha sido publicada pouco antes das 10h em edição extraordinária do Diário Oficial da União.
A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que a posse ocorreu no gabinete presidencial do Palácio do Planalto, sem cobertura da imprensa.
Nos bastidores, trata-se de uma estratégia do presidente Bolsonaro para frear um eventual movimento de judicialização da nova nomeação.
Atual secretário de Planejamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre de Souza era subordinado a Alexandre Ramagem, amigo dos filhos de Bolsonaro e que teve nomeação barrada para o comando da PF na semana passada, por decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF).
Alexandre de Moraes acatou pedido do PDT, que argumentou que as relações entre Bolsonaro e Ramagem poderiam resultar em interferência do presidente na instituição. Após a decisão do ministro do STF, o presidente recuou e revogou a nomeação de Alexandre Ramagem.
Novo diretor
Nomeado por Bolsonaro nesta segunda-feira (4), Rolando é gaúcho e especialista em combate ao desvio de recursos públicos.
O delegado Rolando Alexandre de Barros foi superintendente da Polícia Federal em Alagoas de março de 2018 até setembro de 2019, quando deixou o posto para integrar os quadros da Abin. Souza começou a carreira na PF em Rondônia, onde conheceu Ramagem.
Em Brasília, na sede da PF, foi chefe do Serviço de Repressão a Desvios de Recursos Públicos.
O impasse em torno do comando da Polícia Federal ocorre após o pedido de demissão do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. Ao entregar o cargo, Moro afirmou que o presidente estava tentando fazer interferências políticas na PF, frear inquéritos contra seus aliados e obter informações de inteligência do órgão.
O presidente Jair Bolsonaro nega as tentativas de frear inquéritos contra aliados.
Após acusações de Moro, o ministro Celso de Mello (STF) abriu inquérito para apurar o caso, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).