Psol insiste na tese de volta às aulas apenas com vacinação em massa

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jamildo

Publicado em 27/01/2021 às 15:15
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Volta às aulas, só com segurança para todos/as

Por Eugênia Lima, em artigo enviado ao blog

Desde o começo da pandemia do novo coronavírus, a educação se tornou pauta central e palco de disputa de narrativas na sociedade brasileira. Para um setor, representado, principalmente, pelas escolas particulares, a volta às aulas deve ocorrer imediatamente. Já para os/as trabalhadores/as da educação e da saúde, não é o momento de aglomeração. Enquanto isso, pais e mães estão nesta encruzilhada sobre a educação e segurança dos seus filhos e filhas.

Entretanto, é importante pontuar que não devemos entender saúde e educação como antagônicos. Devemos compreender a seriedade da saúde de toda população, com vacinação e medidas sanitárias, para garantir a educação. Como também é de extrema importância que a educação seja inclusiva, libertadora e universal para que avancemos como uma sociedade saudável.

São com esses desafios sociais e econômicos em mente que as voltas às aulas devem ser pensadas neste momento de pandemia, no qual, os abismos entre classes sociais se aprofundam e colocam em risco a vida das pessoas. Por isso, alguns pontos devem ser considerados com a gravidade que o momento exige.

Como mãe de duas crianças, a educação remota tem sido um desafio diário, ainda que seja tranquilizador saber que não estou expondo minhas filhas ao contágio de um vírus que já matou mais de 200 mil brasileiros e brasileiras. Entendo que o convívio social na escola e a interação com professores e professoras são essenciais na formação pedagógica, mas, devido ao descaso no enfrentamento do novo coronavírus, talvez o Brasil não esteja preparado para o retorno presencial – inclusive, considerando que os índices de contágio voltaram a crescer diariamente. Ainda vivemos a maior crise sanitária do último século e o cuidado com quem mais amamos continua sendo o distanciamento social e medidas de higiene mais intensas.

Também como mãe, mas como lutadora por justiça social, não posso deixar de pontuar as desigualdades socioeconômicas do nosso país. Enquanto escolas particulares podem se adaptar e, por isso, defendem o retorno, as escolas públicas não possuem a mesma estrutura e, tampouco, disposição política das autoridades responsáveis pela reestruturação e readequação. A volta às aulas de apenas uma parte da sociedade aprofunda a desigualdade social, econômica e educacional no Brasil. Diversos/as trabalhadores/as da educação, Sindicatos, Federações, entre outros, já apontaram as carências e necessidades das unidades escolares. É preciso garantir a segurança e a saúde dos/as estudantes para que a gente volte à normalidade.

Vale destacar que muitos dos protocolos sanitários adotados por municípios para orientar o retorno às aulas presenciais já nos mostram, por si sós, que não é possível essa volta de forma segura. Questões como problemas de ventilação, água encanada, espaço para distanciamento entre alunos, além de outros pontos, impossibilitam que este retorno aconteça de maneira adequada. É preciso compreendermos que o espaço escolar não se limita apenas à dimensão das aulas presenciais, mas, sobretudo, ao acolhimento seguro e saudável de todos os jovens e crianças – muitas das quais também perderam familiares e entes queridos, viram a situação financeira da família declinar e, ainda, sentem medo pela sua saúde e integridade.

Portanto, diante destes desafios, devemos lutar e cobrar dos governos ações efetivas, englobando uma ampla campanha de vacinação pública e universal, que possua etapas de grupos prioritários realmente vulneráveis, e cujo plano seja executado de maneira rápida e eficaz, para toda a população. Que a ciência oriente todos os setores nas suas retomadas de atividade e, assim, a educação e a saúde andem de mãos dadas pelo Bem Viver nesta batalha pela vida.

Eugênia Lima apresenta-se como mãe e chefe de Gabinete das Juntas Codeputadas e Presidenta do PSOL/Olinda

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