Vacina, confiança empresarial e foco nas reformas. Por Yuri Romão

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José Matheus Santos

Publicado em 16/03/2021 às 11:08
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Por Yuri Romão*, em artigo enviado ao Blog

Agentes econômicos e setor produtivo brasileiros vivem um momento que ninguém esperava nem diante do pior dos cenários: o mundo completando um ano de pandemia global e um calendário de vacinação que ainda não tem previsão de contemplar a população economicamente ativa brasileira, pondo em xeque a confiança empresarial e a competitividade da economia um ano após o PIB encolher 4,1%, maior tombo desde 1990.

Também fazem parte dessa conjuntura inflação apontando para cima, câmbio desfavorável, aumento de juros, potencial desequilíbrio fiscal, intervenção no mercado, crescimento da dívida pública e lentidão na aprovação das reformas emergenciais. Além, claro, de muitas dúvidas sobre a condução política do país.

Mas se existe algum lado positivo nessa situação que jamais imaginamos enfrentar algum dia, com certeza destacaria a união de empresários e entes públicos, municipais e estaduais, para agilizar a importação de vacinas.

Enquanto governadores e prefeitos se empenham na corrida pela imunização coletiva e recuperação dos danos socioeconômicos, empresários de Pernambuco se espelham no exemplo de lideranças como Luiza Helena Trajano, que encabeça a campanha “Unidos pela Vacina”, e se articulam para fortalecer o movimento em âmbito estadual.

Sabemos que o estrangulamento do sistema de saúde público reflete o afrouxamento dos cuidados tomados para conter o vírus - não somente por aqui, mas em todo o país. As consequências foram inevitáveis: novas restrições, em todo o território nacional, sobre o funcionamento de empresas que dependem de alguma circulação social e toque de recolher para conter aglomerações, afetando principalmente o setor de serviços.

Alguns segmentos, como o de seguros, continuam performando bem em meio ao caos. O faturamento deste setor no Brasil passou de R$ 274 bilhões em 2020, com crescimento especial da área de danos. A indústria, uma atividade essencial, registrou aumento de produção física e uma resiliência inimaginável para driblar a falta de insumos e possíveis problemas logísticos.

O setor de logística, aliás, cresce mundialmente na casa dos dois dígitos e surfa na adesão do varejo ao e-commerce, investindo cada vez mais em tecnologia para lidar com o mundo nas configurações atuais, do “novo normal”.

No entanto, é preciso reforçar que são as exceções. Com a confiança do setor produtivo abalada, os investimentos continuarão reprimidos. Iniciativas para manutenção dos empregos, a oferta de crédito facilitada e o apoio aos pequenos negócios são algumas das ações que, de imediato, podem frear a escassez de recursos circulando na economia.

Para completar, o “Custo Brasil” continuará alto enquanto não houver reformas estruturais e urgentes, como a tributária e a administrativa. O ambiente de negócios também precisa da segurança de marcos regulatórios modernos - vide áreas estratégicas, como a de saneamento, capaz de atrair o apetite de investidores internacionais e seus bilhões de dólares, que circulam atrás de boas oportunidades em países como o Brasil. Mais do que nunca, precisamos do Legislativo e do Judiciário fortes e atuantes.

*Empresário e diretor regional da Galcorr Seguros no Norte e Nordeste

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