MPF, MPPE e MPCO querem que organizações sociais de saúde prestem contas diretamente ao TCE

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jamildo

Publicado em 06/04/2021 às 15:30
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Do site oficial do MPF

Atualmente, as organizações sociais de saúde, que também tiveram forte atuação no Estado durante a pandemia, prestam contas à secretaria de saúde com quem têm contrato de gestão. Em 2020, valor repassado às organizações pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco superou R$ 2 bilhões, segundo o MPF.

Após atuação do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO), por intermédio de sua procuradora-geral, Germana Laureano, enviou representação, ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE/PE), para a inclusão das organizações sociais da área de saúde que mantêm contratos de gestão com o poder público no rol de unidades jurisdicionadas do TCE a partir do exercício financeiro de 2022.

A representação ao MPCO, assinada pela procuradora da República Silvia Regina Pontes Lopes e pelas promotoras de Justiça Alice Morais e Aline Florêncio, foi enviada no âmbito de inquérito civil público instaurado pelo MPF a partir de informações sobre possíveis irregularidades na execução de despesas com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo Estadual de Saúde para o combate ao novo coronavírus no estado.

De acordo com o MPF e MPPE, apesar de o TCE ter editado a Resolução 58/2019, que trata da transparência dos recursos públicos geridos por organizações sociais de saúde, é de interesse público o aprimoramento do processo de transparência e auditabilidade dos gastos realizados junto a essas entidades no estado. Essa melhoria, argumenta o Ministério Público, em suas ramificações federal e estadual, poderia ser obtida por intermédio de mecanismos que permitam, dentre outros, a tramitação direta dos dados fornecidos entre as organizações e o TCE, sem a intermediação da Secretaria Estadual de Saúde, como ocorre atualmente.

A Resolução 58/2019 do TCE determina a publicidade da execução das despesas realizadas, incluindo CNPJ e nome da unidade de saúde, categoria da despesa, dados do fornecedor e da nota fiscal, entre outros dados que viabilizam a fiscalização dos gastos. As organizações sociais de saúde deverão também manter atualizada a alimentação dos sistemas informatizados do TCE que permitem o acompanhamento dos contratos e despesas.

Na representação ao TCE-PE, o MPCO destaca que, no exercício financeiro de 2020, mais de "R$ 2 bilhões foram repassados pela Secretaria de Saúde do Estado às organizações sociais de saúde, o que equivale a quase metade (46,5%) dos valores recebidos pelos municípios pernambucanos por intermédio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM)". O Município do Recife, por meio do Fundo Municipal de Saúde, repassou "mais de R$ 232 milhões às organizações contratadas pelo poder público municipal, quantia equivalente a mais de 50% do que o Município recebeu em 2020 via FPM", segundo o MPF.

O MPCO também considera o "crescimento exponencial da participação das organizações sociais na gestão da saúde pública, com aumento, ano após ano, do volume de recursos públicos sob sua administração, bem como reforça a necessidade de evolução da sistemática de controle dessas entidades".

Em 2017, o MPF expediu recomendações ao Governo do Estado de Pernambuco, à Secretaria Estadual de Saúde e às organizações da área de saúde do estado para que "as entidades implementassem e regularizassem a situação de seus portais da transparência, em atendimento à Lei de Acesso à Informação e à legislação vigente sobre o assunto". Também foi promovida, no mesmo ano, audiência pública sobre o assunto, bem como ajuizadas ações civis públicas, em 2018, para sanar as supostas omissões.

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