Movimentos sociais reafirmam na Câmara e Senado pedido de auxílio emergencial de 600 reais

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jamildo

Publicado em 27/04/2021 às 11:30
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O auxílio emergencial, com as faixas que foram aprovadas (valores de R$ 175, R$ 250 e R$ 375), é insuficiente para cobrir as despesas básicas de alimentação de uma família.

Além disso, como o teto de gastos foi limitado a R$ 44 bilhões, a quantidade de beneficiários foi reduzida de 68,2 para 45,6 milhões.

Com isso, um em cada quatro brasileiros beneficiados em 2020 não poderá contar com o auxílio este ano.

O novo valor não é suficiente para comprar sequer 25% da cesta básica.

Segundo José Antônio Moroni, representante do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), está mais que comprovada a necessidade do auxílio emergencial no valor de 600 reais.

"A fome voltou, temos altas taxas de desemprego, crise econômica e nenhuma política de apoio à manutenção do emprego e da renda. Portanto, o auxílio é um recurso para o povo comprar comida e que retorna logo para a economia."

Moroni é um dos porta-vozes das quase 300 organizações que integram a campanha #auxiloateofimdapandemia.

Ele se reunirá, em Brasília, com representantes de movimentos sociais e centrais sindicais (CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, CGTB, Intersindical Central, Pública), das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, para cumprir agenda com parlamentares, além de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

O mote usado pelas organizações é "Queremos vacina no braço e comida no prato."

A ideia é mostrar, além dos dados da fome, a necessidade urgente de avançar com o programa nacional de imunização para que se tenha alguma perspectiva de retomada da economia. Para isso, os representantes pretendem dialogar e pressionar também os líderes de partido para aderirem à pauta.

O corte do benefício terá efeitos negativos sobre a economia, notadamente o comércio, que luta para sobreviver diante de sucessivas restrições de funcionamento.

Em 2020, foram injetados R$ 294 bilhões, creditados para mais de 68,2 milhões de pessoas, que receberam ao menos uma parcela do auxílio emergencial. Pesquisas indicam que 53% desse total foram destinados à compra de mantimentos.

Dados recentes do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da Universidade de São Paulo (Made-USP), divulgados semana passada, mostram a importância do auxílio emergencial para conter o avanço da pobreza na pandemia, principalmente entre os mais vulneráveis, a exemplo das mulheres negras e periféricas.

Segundo esse estudo, o país deve somar 61,1 milhões de pessoas na pobreza contra 51,9 milhões no ano passado, e 19,3 milhões na extrema pobreza, contra 13,9 milhões há dois anos.

A redução dos valores do auxílio e da quantidade de pessoas atendidas aumentou o empobrecimento da população e os abismos de gênero e raça, expondo especialmente a mulher negra a uma maior vulnerabilidade econômica.

Antes da pandemia, a pobreza atingia 33% de negras. Atualmente, são 36%.

Além da agenda em Brasília, as organizações envolvidas vão redobrar esforços para dialogar e pressionar os parlamentares nas redes sociais e nas suas bases eleitorais.

O objetivo é seguir chamando a atenção e dialogando com a sociedade sobre a urgência por meio de ações simbólicas, colagens, panfletagens, fixação de faixas e circulação de carros de som nas cidades.

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