POSSÍVEL ALIANÇA

'Paulo Câmara é um grande companheiro, tem o apreço de Lula', diz Humberto Costa em meio à reaproximação de PT e PSB

PT quer apoio do PSB à provável candidatura de Lula à Presidência da República nas eleições de 2022.

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José Matheus Santos

Publicado em 23/06/2021 às 11:19 | Atualizado em 23/06/2021 às 15:19
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O senador Humberto Costa (PT) fez elogios, nesta quarta-feira (23), ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), em meio à reaproximação dos dois partidos.

O PT, com Lula elegível para se candidatar à Presidência da República em 2022, quer aliança com o PSB para 2022 no plano nacional, o que pode ser retribuído no âmbito local com apoio dos petistas ao palanque peesebista.

“Tenho falado frequência com Lula, ele está fazendo uma grande movimentação para fortalecer a oposição ao governo Bolsonaro. Em Pernambuco, não tenho nenhuma dúvida que Lula terá um palanque fortíssimo, tenho conversado com muita gente e há um desejo grande entre políticos do estado em apoiar Lula, independentemente de partidos ou disputas locais”, disse Humberto Costa em entrevista ao programa Cidade em Foco, transmitido pela Rede Pernambuco de Rádios e o Blog do Alberes Xavier.

Questionado sobre se Paulo Câmara estaria cotado para eventual vice na chapa de Lula, Humberto não descartou e disse que o governador é "um nome forte".

“O que for melhor para o PT e para a candidatura de Lula, estaremos de acordo, vamos apoiar de forma integral um nome que agregue forças. O Governador de Pernambuco é um grande companheiro, tem o apreço de Lula, é um nome bom para qualquer disputa, se o PT escolher alguém do PSB para a vice, o nome de Paulo Câmara é forte, mas como estamos longe da eleição, tudo está na especulação”, afirmou o senador.

O PSB é um dos partidos cotados para a vice de Lula. Além do governador Paulo Câmara, outro nome lembrado é o de Márcio França, ex-governador de São Paulo. A preferência do PT é por um vice do eixo Sul/Sudeste, já que o ex-presidente tem mais força eleitoral no Nordeste.

O senador Humberto ainda disse que o PT de Pernambuco deve focar na organização de chapas para as disputas proporcionais de deputado federal e estadual. Atualmente, o partido, no estado, tem dois deputados federais, Marília Arraes e Carlos Veras, e três deputados estaduais, Doriel Barros, Dulci Amorim e Teresa Leitão.

“Vou trabalhar para montar uma chapa do PT com bons candidatos a deputados estaduais e federais. Vamos intensificar com outros partidos uma chapa de preferência da Frente Popular, que possa manter a esquerda governando o estado. Vou me envolver na campanha do Presidente Lula e espero que a partir de julho, depois de tomar a segunda dose da vacina contra o Coronavírus, estar em campo e fazer política por todo Pernambuco”, frisou Costa.

No estado, o PT tem a ala mais próxima ao PSB, capitaneada pelo senador Humberto Costa, e uma ala mais crítica, que inclui a deputada federal Marília Arraes, ao governo Paulo Câmara. Humberto e Marília são citados para serem candidatos ao governo caso o PT opte por projeto próprio no estado.

O PT não descarta lançar candidatura própria ao Governo de Pernambuco, mas a prioridade é fazer alianças estaduais e focar no projeto nacional de Lula.

Em 2020, PT e PSB travaram uma disputa intensa no segundo turno da disputa pela Prefeitura do Recife. O então candidato do PSB e atual prefeito, João Campos, usou o antipetismo como estratégia eleitoral diante de Marília Arraes. Em propagandas eleitorais no rádio e na televisão, a campanha do PSB chegou a citar lideranças nacionais do PT de forma crítica, como a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e o ex-ministro José Dirceu.

CPI e legislação eleitoral

Titular da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado, Humberto Costa avalia que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é o principal responsável pelas mais de 500 mil mortes pela covid-19 e pelas consequências da crise sanitária nas áreas econômica e social do Brasil atualmente.

“Acho que essa CPI vai mostrar ao povo brasileiro quem são os principais responsáveis por essa tragédia que estamos vivendo, com mais de 500 mil pessoas mortas, milhões de pessoas acometidas pela doença, milhares de pessoas com sequelas, aumento da pobreza, desigualdade, fome e comprometimento da nossa economia. Tudo isso, tem como principal responsável o Presidente da República Jair Bolsonaro”, disse Humberto.

“O Brasil foi um dos últimos países a começar a vacinar e não temos uma perspectiva de fazer as coisas andarem. Já temos mais de 500 mil mortos e o país continua despreparado, a população passa por uma extrema necessidade, pessoas morando nas ruas, pedindo esmolas, coisa que no Brasil não acontecia há muito tempo. Estamos isolados internacionalmente, porque o país é conhecido como foco da Covid-19 e que destrói o meio ambiente. O que o governo tem feito é colocado uma distância ainda maior da solução dessa pandemia”, acrescentou o oposicionista.

Sobre a legislação eleitoral para a disputa proporcional de 2022, Humberto Costa disse não esperar mudanças.

“Espero que não mude em nada e que não aconteça nenhum tipo de transformação, acho que é bom manter o financiamento público de campanhas, que não tenhamos mais coligações proporcionais, pois creio que isso vai fazer com que o número de partidos progressivamente diminua, fortalecendo ainda mais a nossa democracia”, finalizou Humberto.

As atuais regras proíbem coligações entre partidos para disputas proporcionais, como para deputados federais e estaduais e vereadores. O Congresso Nacional tem até o início de outubro para, caso queira, mudar a legislação eleitoral para que eventuais novas medidas possam valer nas eleições de 2022. Há movimentações na Câmara por mudanças, para salvar partidos menores e assegurar maiores chances de reeleição para deputados federais, mas o Senado Federal está mais resistente às modificações. As regras precisam ser votadas nas duas Casas para a decisão.

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