'Estou de malas prontas e frustrado', diz Túlio Gadêlha sobre possível saída do PDT. Deputado critica comando do partido: 'são 27 anos de comissão provisória em Pernambuco'
Deputado federal conversa com quatro partidos sobre possível filiação para as eleições de 2022.
O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) admitiu, nesta terça-feira (06), ao Blog que caminha para a saída do PDT. O parlamentar se disse "frustrado" com o fato do partido ser comandado em Pernambuco há 27 anos por uma comissão provisória.
“Estou de malas prontas, infelizmente a política é um ambiente de muita frustração, e estou frustrado com o partido, esperava a eleição de uma direção partidária, que a participação de movimento sindical, negros, da juventude, de mulheres fosse fortalecida dentro do partido, que o partido implantasse uma formação politica. Mas temos uma comissão provisória do PDT há 27 anos, uma contradição para um partido democrático", disse Túlio.
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"São sete anos nas mãos do deputado federal Wolney e 20 anos nas mãos do ex-prefeito José Queiroz (atualmente deputado estadual). Há sete anos a direção do PDT não faz uma reunião, para mim é difícil construir o partido com essas pessoas", acrescentou Túlio, que defende a implantação de um diretório estadual. "É preciso ter um partido de construção, filiamos 2 mil pessoas ao PDT em 2019, todas com vocação política e participação em movimentos de base, infelizmente temos um partido que vive de comissões provisórias e que nunca elegeu um diretório estadual”.
Em maio, o Blog mostrou que o comando do PDT de Pernambuco acendeu alerta nas últimas semanas com o movimento do deputado federal Túlio Gadêlha de dialogar com outros partidos de esquerda. A ala liderada no estado pelo deputado federal Wolney Queiroz teme que a saída do deputado reduza os votos proporcionais do partido na eleição para deputado federal. Isso porque a legislação eleitoral, salvo se houver mudança até outubro, proíbe a coligação de partidos para disputas proporcionais, como já ocorreu nas eleições municipais de 2020 para vereador.
Filiado ao PDT, Túlio é quadro do partido desde a juventude partidária, mas tem passado por divergências internas na legenda.
Em 2020, Gadêlha foi lançado pré-candidato a prefeito do Recife pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, mas o projeto foi barrado pela cúpula pedetista às vésperas da convenção partidária, pois a sigla optou por aliança com o PSB, do então candidato João Campos, e indicou Isabella de Roldão como candidata a vice.
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No PDT de Pernambuco, Túlio diverge da forma de condução do partido, que é comandado desde os anos 1990 pelo grupo do deputado estadual e ex-prefeito de Caruaru, José Queiroz, e do deputado federal Wolney Queiroz, por uma comissão provisória.
Futuro
Com a iminente saída do PDT, Gadêlha conversa com PT, PV, Rede Sustentabilidade e PSOL para se filiar com vistas à disputa de 2022, quando Túlio tentará a reeleição para deputado federal. Nesta terça-feira, Túlio terá reuniões em Brasília com os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Fabiano Contarato (Rede-ES) e com deputados federais do PSOL.
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Eleição presidencial
Sobre a eleição presidencial, Túlio ainda acredita que Ciro Gomes é "o mais preparado" para governar o Brasil. "Ciro continua sendo o mais preparado, mas precisa definir o campo político que ele pertence, não dá para uma eleição ele dizer que Moro seria recebido debaixo de bala se fosse prender Lula e na outra (eleição) dizer que Lula é o maios corruptor da história. Sou simpatizante desse projeto eleitoral dele (de Ciro) e ele precisa lembrar que está em um partido progressista, de esquerda. Não será só eu que ele vai perder se continuar tendo essas posições”, afirmou.
Interior
Túlio Gadêlha fez visitas a cidades do interior durante sete dias na semana passada. O parlamentar passou por municípios do interior como Pesqueira, Belo Jardim, Bom Conselho, Caruaru, Sanharó, Lajedo e Itacuruba e por Moreno, na Região Metropolitana do Recife.
“Existem pautas do estado que não estão sendo tratadas na Alepe e a gente pode trazer na Câmara Federal, ouvimos, por exemplo os povos indígenas sobre a usina nuclear que estão querendo instalar em Itacuruba, pois o governo federal sonda isso", citou.
“Demos esse giro para ouvir esses relatos, foram sete dias na estrada e 24 municípios visitados”, disse.
De volta ao Recife, Túlio se encontrou nesta segunda-feira (05) com o deputado estadual João Paulo (PCdoB), ex-prefeito do Recife. Eles discutiram sobre a conjuntura política.