DISPUTA INTERNA

Após negativa de Jarbas e Raul Henry, ala do MDB aposta que Miguel Coelho tentará em Brasília aval para candidatura a governador de PE

Os aliados do comando do MDB local apostam que Miguel Coelho tentará a candidatura ao governo por meio de articulação em Brasília com o comando nacional da sigla.

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José Matheus Santos

Publicado em 14/07/2021 às 8:06 | Atualizado em 14/07/2021 às 17:14
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Após o comando do MDB de Pernambuco manter a aliança com o PSB para as eleições de 2022, uma ala da legenda emedebista prevê uma articulação do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, para tentar ser candidato a governador por meio de uma determinação nacional.

Esse é o sentimento de aliados do senador Jarbas Vasconcelos e do deputado federal Raul Henry ouvidos reservadamente pela reportagem do Blog.

Em 2018, o senador Fernando Bezerra Coelho travou uma disputa para tomar o comando do MDB de Pernambuco, no entanto, a Justiça Eleitoral decidiu pela manutenção nas mãos de Raul Henry e Jarbas Vasconcelos. FBC tentava, na ocasião, ser candidato a governador com o aval do então presidente Michel Temer, ex-presidente nacional do MDB, enquanto Raul Henry queria manter a aliança com o PSB para que Jarbas pudesse ser candidato ao Senado.

Miguel e o seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), são figuras importantes da oposição do Estado. Antes de ir para o MDB, Miguel integrava o próprio PSB, mas saiu da sigla assim como os demais membros da família Coelho após um rompimento ainda em 2017.

Para 2022, os aliados de Raul e Jarbas preveem que não deverá acontecer uma disputa tensa entre os dois grupos, já que, para uma eventual candidatura própria do MDB, era necessário, apesar das divergências, manter um mínimo de trânsito entre os grupos.

Os aliados do comando do MDB local apostam que Miguel Coelho tentará a candidatura ao governo por meio de articulação em Brasília com o comando nacional da sigla. A legenda é presidida pelo deputado federal Baleia Rossi (SP). 

"Nesse cenário, poderia haver uma candidatura por determinação da direção nacional, como foi por exemplo a de Marília Arraes no PT no Recife (em 2020)", afirma uma fonte do MDB ligada a Raul Henry ouvida sob reserva.

Caso se viabilize como candidato a governador, Miguel tem de renunciar à Prefeitura de Petrolina em abril de 2022. Em caso de não ser pelo MDB, o prefeito de Petrolina pode procurar outra legenda. O DEM, liderado em Pernambuco pelo ex-ministro Mendonça Filho, pode ser uma opção. Irmão de Miguel, o deputado estadual Antonio Coelho, líder da oposição na Assembleia Legislativa, é filiado ao DEM.

Além de Miguel Coelho, são cotados para disputar o governo pela oposição os prefeitos de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), e de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL). Pelo PSB, o candidato deverá ser Geraldo Julio, ex-prefeito do Recife e atual secretário de Desenvolvimento Econômico.

Entenda o caso do MDB de Pernambuco

O MDB de Pernambuco decidiu se manter na base aliada do PSB e não lançar candidatura própria nas eleições de 2022. O anúncio foi feito pelo prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), que pleiteava a chance de disputar o Governo de Pernambuco. Em nota na terça-feira (13), ele lamentou a permanência do seu partido na Frente Popular, coligação liderada pelo governador Paulo Câmara (PSB). Para viabilizar sua candidatura, o prefeito teria que deixar o MDB.

Ainda não se sabe se ele vai permanecer no MDB e concluir o seu segundo mandato em Petrolina, ou se os Coelho podem reeditar a disputa pela direção do partido para as eleições de 2022. Na nota, Miguel diz que tem provocado o debate dentro e fora do MDB sobre um "projeto de mudança" para se opor ao atual governo que, segundo ele, representa uma falta de perspectiva e retrocesso para o estado.

"Encontrei ressonância com inúmeros colegas de partido que também estão insatisfeitos com a falta de rumo que nosso Estado sofre. Contudo, nem a inquietação de nossas lideranças, nem o cansaço das mulheres e homens de nossa terra com o atual estado das coisas, fez nossa direção estadual assumir um compromisso pela mudança urgente", disse.

BOLSONARISMO

Horas após a nota de Miguel, Raul Henry, veio a público afirmar que a principal razão que levou a cúpula emedebista a seguir por esse caminho foi o fato do grupo político do prefeito ter profunda ligação com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Fernando Bezerra Coelho é líder do governo Bolsonaro no Senado, enquanto Raul e Jarbas fazem oposição dura ao militar da reserva no Congresso.

No texto, Raul explica que foi procurado pelo prefeito pela primeira vez para tratar das eleições no último dia 7 de abril. O deputado afirma que, na época, Miguel solicitou que uma resposta do partido sobre a sua postulação fosse dada até este mês de julho, um ano antes das convenções, "prazo necessário para organizar um calendário de iniciativas que pudessem fortalecer o projeto".

"Há uma contradição intransponível. É pública a aliança política entre o grupo liderado pelo senador Fernando Bezerra Coelho e o presidente Bolsonaro. Enquanto a nossa trajetória é marcada pela defesa dos valores democráticos, o presidente, todos os dias, aumenta a escalada do seu discurso contra as instituições e a ordem democrática", argumentou Raul Henry.

"De Jarbas, ouvi a ponderação que deveríamos atender ao desejo do prefeito Miguel Coelho de acelerar o calendário. Não seria adequado deixar nele a impressão que estávamos adiando a decisão para trazer prejuízo ao seu projeto", observou Raul, dizendo logo em seguida que seu último encontro com o gestor municipal foi no dia 8 de julho, quando ele foi informado sobre a decisão do partido.

 

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