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A vez dos jovens na política pernambucana

Ex-deputada defende que a eleição de João Campos não deixou de ser emblemática poisPernambuco começou a enxergar suas jovens lideranças

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Jamildo Melo

Publicado em 26/07/2021 às 10:31 | Atualizado em 26/07/2021 às 12:38
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Por Terezinha Nunes, em artigo enviado ao blog

Caracterizado pelos políticos sisudos que se notabilizaram em cargos majoritários quando não eram mais tão jovens assim, o estado de Pernambuco criou fama de território propício para figuras públicas, com exceções evidentemente, que ostentassem cabelos grisalhos e um certo ar de seriedade também confundido com uma idade mais avançada. Isso era correspondido pelos eleitores chamados a se pronunciar nas urnas.

Prova disso foi a observação feita pelo ex-governador Miguel Arraes ao receber a visita do então deputado federal Jarbas Vasconcelos – os dois não se conheciam pessoalmente - em uma de suas estadas na Europa durante o exílio. Arraes que, apesar de dar gostosas gargalhadas em privado cultivava a sisudez em público, cumprimentou Jarbas, foi correspondido, mas ao perceber que a conversa não fluía – os dois não gostavam muito de falar, eram mais de gestos – pediu socorro a Dona Madalena : “Madalena, me ajuda, disse à esposa que se ausentara da sala quando a visita chegou, tem um deputado de Pernambuco lá fora que é mais chato do que eu”.

Brincadeiras à parte, a verdade é que em nosso estado os jovens certamente que confundidos com pessoas “não tão sisudas assim”, tiveram pouca chance de sonhar com os cargos majoritários. Durante a redemocratização Jarbas conseguiu ser prefeito do Recife aos 42 anos(1985) e Joaquim Francisco aos 41 anos(1988). Bem depois, em 2006, o deputado federal Eduardo Campos se elegeu governador aos 41 anos.

Apesar de estarem na faixa etária dos 40 anos, os três precisaram do apoio de políticos mais longevos para chegar ao poder. Joaquim, de Marco Maciel e Roberto Magalhães, Jarbas contou, mesmo do exílio, com o apoio de Miguel Arraes e Eduardo foi cria de Arraes, seu avô , que lhe ensinou os meandros da política.

Agora os ares são outros. Os políticos jovens que começaram a dar voos mais altos na eleição de prefeito de 2016 e se consolidaram também na eleição de prefeito de 2020 preparam as malas para assumir o protagonismo na eleição de 2022. E não faltam nomes dispostos a arregaçar as mangas. Miguel Coelho (30 anos), Raquel Lyra (42 anos) e Anderson Ferreira, um pouco mais velho que os dois primeiros (48 anos), sonham com a cadeira de governador e senador. Correndo por fora mas também com chance estão Marília Arraes (37 anos), Priscila Krause (43 anos) e Silvio Costa Filho (39 anos).

Se a juventude de políticos estaduais assustou em determinado momento – opositores apelavam para a falta da experiência – hoje não assusta mais. O exemplo está no Recife que elegeu aos 27 anos o atual prefeito João Campos. Se seu partido, pelo menos até o momento, não apresentou um nome novo para governador , o mais provável candidato, o ex-prefeito Geraldo Julio, tem 50 anos, se dá como certo dentro do próprio PSB que João será a força de Geraldo na capital. Não deixará de ser um protagonista, portanto.

Na verdade, se as eleições se comportarem como o previsto o tema principal vai ser competência administrativa. Não à-toa todos os pretensos candidatos a oposição se destacam pela administração realizada em seus municípios; Raquel Lyra, Miguel Coelho e Anderson Ferreira acabaram de ser reeleitos no primeiro turno com expressivas votações. Miguel Coelho chegou a ter 80% dos votos de Petrolina. Priscila, Silvio Costa e Marília ainda não exerceram mandato no executivo mas são destacados parlamentares.
Uma coisa parece certa: em 2022 dificilmente alguém vai usar a juventude para levantar a bandeira da falta de experiência de algum desses jovens políticos. E a eleição de João Campos não deixou de ser emblemática para todos eles. Pernambuco começou a enxergar suas jovens lideranças e o eleitor a dar seu recado. Só não vê quem não quer.

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