Diretor afirma na CPI da Covid que farmacêutica pagou anúncios para promover tratamentos sem eficácia
Vitamedic patrocinou manifesto da Associação Médicos pela Vida
A CPI da Covid está mostrando que a desinformação ajudou muitas empresas a ganharem dinheiro fácil, colocando a vida das pessoas em risco.
O diretor-executivo da farmacêutica Vitamedic, Jailton Batista, foi chamado para falar sobre as vendas de um conjunto de medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus, chamado “kit covid”.
Em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL), Jailton Batista confirmou que a Vitamedic patrocinou propaganda da Associação Médicos pela Vida.
Segundo o depoente, a empresa assumiu o custo da veiculação de um manifesto da entidade em jornais em 16 de fevereiro sobre "medicamentos contra covid-19".
O relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou antes de começar o depoimento de hoje que o secretário-executivo da Vitamedic, Jailton Batista: "Havia um sujo interesse empresarial que precisa ser investigado" afirmou.
Para se sair, Jailton afirmou que Vitamedic nunca vendeu ivermectina ao governo. A crítica era de que tenha estimulado a automedicação, levando as pessoas a se arriscarem a contrair a doença imaginando que haveria um remédio.
Ao afirmar que a Vitamedic não vendeu ivermectina para o governo federal, Jailton explicou ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que a empresa também comercializa outros medicamentos do “kit covid”, como polivitamínicos, corticóides, antitérmicos e analgésicos.
A Vitamedic teve faturamento de R$ 200 milhões em 2019, R$ 540 milhões em 2020 e R$ 300 milhões até julho de 2021, segundo o diretor-executivo da empresa.
Somente com a ivermectina, a empresa faturou R$ 15,7 milhões em 2019, número que passou a R$ 470 milhões em 2020 e, de janeiro a maio deste ano, está em R$ 264 milhões.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), conversou com jornalistas sobre os próximos passos da investigação. Ele também falou da expectativa para o depoimento de hoje. Disse que quem deveria ser ouvido, conforme o requerimento aprovado, seria o dono da farmacêutica Vitamedic, José Alves Filho, e não o diretor-executivo, Jailton Batista.
— Não era para estar aqui um senhor que não é o responsável. O responsável é o dono da Vitamedic.