CHUVAS

Os morros e alagados do Recife. Por Felipe Cury

Leia o artigo do ativista.

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José Matheus Santos

Publicado em 20/08/2021 às 12:02 | Atualizado em 20/08/2021 às 12:24
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Por Felipe Cury, em artigo enviado ao Blog

Todos os anos os recifenses vivenciam tragédias nos morros e alagados da cidade. Mesmo com volume de chuvas inesperadas, é uma situação já conhecida por todos, em especial, os gestores públicos.

É inegável que Recife, com um território de 218 quilômetros quadrados (km²) de área, uma densidade populacional enorme, a falta de planejamento urbano e a ocupação irregular do solo por anos, torna muito difícil encontrar uma solução definitiva para os inúmeros problemas enfrentados pela população residente nos morros da cidade. Porém, essa problemática atinge diretamente a vida de milhares de pessoas. Cerca de 500 mil recifenses residem nas áreas de morros e essas pessoas sentem a ausência de soluções voltadas a minimizar o sofrimento ao qual são submetidos nos períodos de chuva. Para essas pessoas, chuva é sinônimo de transtorno, de risco de morte.

Há cerca de 9000 mil pontos de risco na cidade que precisam de ações permanentes por parte do poder público municipal. Temos no Recife, programas já conhecidos e reconhecidos, nacional e internacionalmente, como modelos de políticas públicas para áreas de morros, como o Programa Guarda-Chuva, Parceria nos Morros, Auxílio Moradia, Geomanta, dentre outros.

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Felipe Cury - Divulgação

Contudo, não é possível estabelecer uma política eficiente para os morros e alagados sem, em paralelo, construir uma política habitacional. O auxílio moradia, por exemplo, paga R$200,00 é quase impossível alugar um imóvel com este valor. É um dos motivos que muitas famílias não aceitam sair de suas casas, mesmo com risco. Além disso, ainda há o medo de terem seus imóveis saqueados e danificados. Atualmente, há mais de 5.431 famílias que recebem o auxílio moradia e que não tem perspectivas de uma solução habitacional.

Certamente, não é uma tarefa fácil, mas necessária! A Universidade é também uma parceira e fonte de inovações tecnológicas que podem ajudar na busca de novas soluções nestas áreas. E claro, os técnicos da Secretaria Executiva de Defesa Civil, antiga Codecir, tem grande expertise e comprometimento com a temática.

Além de todas as questões e problemas aqui levantados, há um ponto que precede por sua relevância e seu impacto na solução dos problemas: a PARTICIPAÇÃO POPULAR. Sem diálogo, presença, parceria com a população é quase impossível qualquer política pública se tornar efetiva e eficaz. Assim, é fundamental que os morros e alagados estejam no centro das prioridades da gestão municipal, independente da coloração partidária. Priorização se reflete no orçamento municipal e execução orçamentária. MENOS LONAS PLÁSTICAS E MAIS OBRAS E VIDA NOS MORROS é o que todos (as) nós queremos.

Felipe Cury é ativista, ex-Diretor de Habitação, Gerente de Planejamento e Monitoramento da Secretaria de Saneamento do Recife.

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