Opinião

Psicopatas não sentem a dor dos outros. Por Ricardo Leitão

CPI da Covid, no Senado, chamou executivo da empresa para depor

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Jamildo Melo

Publicado em 19/09/2021 às 13:05 | Atualizado em 19/09/2021 às 14:07
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Por Ricardo Leitão, em artigo enviado ao blog

Quinze médicos, ex-contratados da Prevent Senior, uma das maiores operadoras de planos de saúde do País, encaminharam aos senadores da CPI da Covid dossiê no qual informam que o desgoverno de Jair Bolsonaro usou a operadora como espécie de laboratório do chamado “Kit Covid” (hidroxicloroquina mais azitromicina).

O objetivo era comprovar a eficácia do kit no combate ao vírus. Os infectados e suas famílias não foram avisados da experiência. Morreram nove doentes. As mortes não foram divulgadas, o que corroborou o discurso de Bolsonaro em defesa da hidroxicloroquina e da azitromicina. Nos campos de concentração nazistas experiências dessa natureza eram comuns. Os prisioneiros recebiam injeções de drogas, servindo de cobaias para avaliar efeitos das misturas em humanos. Milhares morreram envenenados. Psicopatas não sentem a dor dos outros.

Capital do Amazonas, Manaus foi tomada por um surto tenebroso da pandemia. Famílias inteiras dizimadas. Caos nas atividades econômicas. Doentes largados em ambulâncias e corredores de hospitais. Cemitérios lotados, corpos sepultados em trincheiras abertas por tratores. Apelos desesperados por ajuda do Ministério da Saúde. O desgoverno Bolsonaro despacha uma equipe de médicos para avaliar a situação. Quando a equipe desembarca em Manaus, já falta oxigênio nos hospitais e os doentes de covid começam a morrer por asfixia. A equipe não visita nenhum hospital, mas convoca os médicos e dá a receita: doses de hidroxicloroquina. Psicopatas não sentem a dor dos outros.

Ilustríssimo general do Exército brasileiro, especializado em logística, com tais atributos técnicos Eduardo Pazzuelo é nomeado por Bolsonaro ministro da Saúde, demite da pasta os especialistas e os substitui por oficiais das Forças Armadas. A pandemia explode por todos os estados; o presidente entra em choque com governadores e prefeitos; o Congresso exige a demissão de Pazuello – enquanto quadrilhas tomam conta do Ministério da Saúde, para embolsar milhões de dólares em fraudes na aquisição de vacinas. Psicopatas não sentem a dor dos outros.

Jair Messias Bolsonaro, o pior presidente da história do Brasil, não sente a dor dos outros. Dentro de poucos dias serão 600 mil os brasileiros que terão perdido a vida para o vírus. Diante dessa tragédia, a maior do século, a que Sua Excelência dedicou as maiores energias?

A tentar articular um golpe de Estado. Não realizou uma só reunião ministerial para promover uma coordenação nacional que aliasse governo federal, estados e municípios contra a pandemia.

No entanto, teve tempo para passear de motocicleta, convocando incautos para a celebração golpista do Sete de Setembro. Não por acaso, será denunciado ao Tribunal Penal Internacional de Haia, por crime contra a humanidade.

Há o risco de Bolsonaro considerar a denúncia “coisa de comunista” e, como demonstração de menosprezo, indicar o amigo Fabrício Queiroz, o “Rei das Rachadinhas”, para representá-lo perante a corte internacional. Caso contrário, alertado para a delicadeza da situação, pode até aparecer em Haia. E entitelado, bradar sua palavra de ordem pessoal: “Sou imorrível, imbrochável e incomível”.

Uma condenação por crime contra a humanidade é o que falta no currículo de Sua Excelência, já acusado por instituições internacionais de predador da liberdade de expressão e de coveiro da democracia.

São acusações que ferem profundamente a imagem do Brasil. Porém, de pouco valem para o presidente. Sua questão seria outra: é bom ou ruim para um golpe? Psicopatas não sentem a dor dos outros.

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