Forças armadas

General Santos Cruz: 'Orçamento secreto é Mensalão de última geração'

O ex-integrante do governo Bolsonaro negou pretensões de candidatura à presidência da República

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Jamildo Melo

Publicado em 18/10/2021 às 17:00 | Atualizado em 18/10/2021 às 17:04
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O mais novo episódio do Política ao Quadrado, do Distrito Fedreal,  teve como convidado o general Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência.

O militar rebate o entendimento de que as Forças Armadas seriam espécie de Poder Moderador, interpretação segundo ele absurda.

O ex-integrante do governo Bolsonaro negou pretensões de candidatura à presidência da República e analisou episódios da nossa história política recente, como o Mensalão e a Lava Jato.


O convidado afirma que as Forças Armadas têm o papel constitucional de assegurar a defesa da pátria, da lei e da ordem. Elas devem garantir a existência e o funcionamento dos poderes constituídos e não interferir neles.

“A vida do Brasil mudou, nós não estamos na década de 60, nós não estamos no pós-Guerra Fria. Esse pessoal tem que acordar que estamos em 2021”.

Deterioração do comportamento político

Segundo o militar, vive-se um momento de desrespeito completo, pessoal, funcional e institucional. Houve o esvaziamento do debate político e persiste o ataque a pessoas.

"Apesar da legitimidade do atual governo eleito, existe influência da milícia digital extremista, que dispersa notícias falsas e manipula a opinião pública. Atualmente, a irresponsabilidade do uso das mídias sociais é confundida com liberdade: calúnia, injúria e difamação continuam sendo crimes".


Ao falar da Lava Jato, Santos Cruz observa que o processo mostrou a possibilidade de combate à corrupção e de punição de quem tem poder.

Na avaliação do general, a criminalização da política deu-se pelo comportamento de alguns integrantes do poder e não pela operação ou pela atuação da Justiça.

Já sobre o Mensalão, ele afirma que o episódio representou a destruição da democracia, por meio da compra do Legislativo pelo Executivo, com danos à garantia da independência entre os poderes.

O general ainda classificou o orçamento secreto como a evolução da prática, o “Mensalão de última geração”.


Santos Cruz relatou suas experiências em missões militares da ONU na República Democrática do Congo e no Haiti. Ele esclareceu o papel de tais intervenções internacionais, que não buscam “consertar” países, mas prestar apoio para a estabilização política, com recursos financeiros e técnicos. O combate à corrupção e mudanças de legislação dependem da capacidade de organização e de interesse das lideranças locais.

 

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