Integração nacional

Entenda as razões para Pernambuco ter atraído Escola de Sargentos do Exército

Como Pernambuco foi beneficiado pro uma estratégia nacional do Exército Brasileiro

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Jamildo Melo

Publicado em 22/10/2021 às 9:31 | Atualizado em 28/10/2021 às 14:59
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A escolha de Pernambuco para sediar a nova escola do Exército Brasileiro pode ter surpreendido a muitos, deixou lágrimas em Santa Maria (RS) e Ponta Grossa (PR), mas tem uma razão de ser simples e inatacável. O Exército Brasileiro não é exclusividade de uma região como o patriotismo não deveria ter donos.

A principal motivação para o empreendimento, assim, foi a questão geopolítica nacional e não a política partidária, como algumas autoridades das cidades deixadas para trás começaram a alegar, para justificar a perda. 

Quem explica a questão geopolítica é uma voz do próprio Exército, sempre associado a lucidez, estratégia, planejamento.

O Exército decidiu desconcentrar unidades militares, cuja maioria hoje já está nas regiões Sul e Sudeste do país. O Nordeste não recebia um empreendimento militar há muito tempo. Simples assim.

"Há décadas que a presença militar não se adensa nessa ponta do país. Já Santa Maria, por exemplo, tem muitos quartéis, é a Capital dos Blindados na América do Sul. Os generais optaram por priorizar uma região mais carente de empreendimentos das Forças Armadas" explicou o general Richard Nunes, comandante militar do Nordeste, em entrevista aos gauchos.

Richard também destacou que, além disso, há uma razão simbólica: Pernambuco é berço do Exército brasileiro, criado após a Batalha dos Guararapes, “na qual os holandeses foram expulsos por portugueses, índios e negros, unidos”.

Neste sentido, o resgate do Painel de Brennand sobre a Batalha dos Guararapes, no Centro do Recife, ganha um novo significado.

No RS, o Comandante Militar do Sul, general Valério Stumpf, não comentou a escolha.

A nova ESA unificará o treinamento dos sargentos brasileiros, hoje formados em 13 unidades de ensino dispersas pelo país, uma das quais também se chama ESA e fica em Três Corações (MG).

Augusto Coutinho
Nordeste foi ao comandante do Exército afirmar que está unido por Pernambuco. região é esquecida pelos militares - Augusto Coutinho
 

A união política do Nordeste, em vez da divisão da região, contou pontos.

No dia 16 de setembro deste ano, o Blog de Jamildo revelava que os deputados federais de Augusto Coutinho (Solidariedade) e Wolney Queiroz (PDT), coordenadores da bancada pernambucana no Congresso, haviam iniciado uma mobilização política na região Nordeste pela instalação da nova Escola de Sargentos das Armas do Exército (ESA) no município de Abreu e Lima, no Grande Recife.

Os dois participaram de uma reunião, em Brasília, com o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, atual comandante do Exército, que teve a presença de parlamentares dos estados da Bahia, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Como Pernambuco é o único estado da região a disputar a instalação da escola, essa pauta tornou-se uma bandeira do Nordeste.

“Essa união de forças só vem somar para Pernambuco. A Escola de Sargentos é muito importante para nossa economia, já que representa um investimento da ordem de R$ 1 bilhão, e para nossa juventude. Serão 2,4 mil oportunidades para os jovens do nosso estado e de toda a região que queiram seguir carreira militar”, destacou o deputado Augusto Coutinho, na época.

Além dele e do deputado Wolney Queiroz, participaram os coordenadores de bancada e deputados Pedro Lucas Fernandes (Maranhão), Átila Lira (Piauí), Bosco Costa (Sergipe) e Benes Leocádio (Rio Grande do Norte). O coordenador da bancada do Nordeste, Júlio César (Piauí), e os deputados Marcelo Nilo (Bahia) e Ruy Carneiro (Paraíba), também representaram seus estados.

 

 

 

Mais em instantes

Exército brasileiro
O ofício de Paulo Nogueira, comunicando a escolha de Pernambuco - Exército brasileiro
 

Conforme revelou o Blog de Jamildo em primeira mão, a decisão foi comunicada pelo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, na noite desta quinta, em ofício ao governador Paulo Câmara. A escolha representou o fim de um sonho acalentado pelos moradores de Santa Maria (RS), cidade que estava muito cotada para receber o empreendimento, estimado em R$ 1,2 bilhão.

Os prefeitos desses municípios e os governadores dos Estados cotados para receber a escola foram avisados sobre a decisão em telefonema na noite desta quinta-feira.

FLÁVIO LIMA
CARUARU Tucana recebeu o governador gaúcho Eduardo Leite, pré-candidato do PSDB à presidência - FLÁVIO LIMA

Decisão surpreendeu o governador Eduardo Leite

De acordo com os jornais do Sul, a decisão pegou de surpresa tanto o governador Eduardo Leite quanto o prefeito santa-mariense, Jorge Pozzobom, ambos do PSDB.

"Os dois suspeitavam que a decisão estaria entre o Rio Grande do Sul e o Paraná, onde o presidente Bolsonaro foi muito bem votado – ao contrário de Pernambuco, governado por seus adversários. Mas, pelo visto, razões geográficas e estratégicas se impuseram", ressaltaram os jornais locais.

Leite foi comunicado da decisão na noite desta quinta-feira pelo general de exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, comandante do Exército.

"A cidade de Santa Maria reunia todas as condições para receber o projeto e disputava a escolha com a mais absoluta qualidade técnica até a fase final de decisão. O comando do Exército agradeceu o empenho das autoridades e das instituições gaúchas durante todo o período de tratativas. O governo do Estado lamenta a decisão, porque o Rio Grande do Sul e a prefeitura de Santa Maria trabalharam muito para receber o projeto em solo gaúcho, mas deseja que o Exército alcance todos os seus objetivos com este projeto estratégico tão importante para as Forças Armadas brasileiras" afirmou Leite.

 

Estrutura de funcionamento

É uma escola de grandes dimensões e sua área deve abranger, além de Abreu e Lima, municípios como Paudalho, Tracunhaém, Araçoiaba, Camaragibe, São Lourenço e Igarassu. A área construída compreende 1.235 km dentro do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC).

O governador Paulo Câmara de contribuição com garantias de acessos viários e a infraestrutura necessária para a instalação da ESA

O projeto inclui a construção da escola, de uma vila olímpica, de uma vila militar e estande de tiro dentro da área do campo de instrução. A previsão é que se candidatem para a escola, por ano, 140 mil pessoas de todo o Brasil. O efetivo militar da escola, incluindo familiares, é de 10 mil pessoas.

Além das seis armas, a nova escola do Exército irá formar militares do Quadro de Material Bélico, Serviço de Saúde, Música, Topografia e Aviação do Exército. A projeção é que se tenha em torno de 2,4 mil alunos e um corpo docente e apoio com 1.8 mil militares. A folha de pagamento prevista é de R$ 100 milhões.

 

 

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