'Nós temos que intensificar a alfabetização em nosso país', disse João Campos
A fala do político integrou o debate sobre a educação pública nos municípios, em painel do Educa Week 2021 que contou ainda com Renan Ferreirinha, secretário da educação do município do Rio de Janeiro
O desafio de fomentar uma educação pública de qualidade a partir dos municípios foi um dos mais importantes painéis do Educa Week 2021. Os participantes discutiram sobre a evasão escolar, a dificuldade de acesso nas etapas iniciais, os efeitos catastróficos que a pandemia da Covid-19 promoveu, como o aumento da desigualdade social, entre outros temas.
O prefeito de Recife, João Campos, apontou algumas contribuições de seu governo para melhorar a educação pública, que, segundo ele, tornou a cidade um case de sucesso.
“O estado de Pernambuco tem uma rede de ensino integral maior que São Paulo e que o Espírito Santo juntos”, disse Campos. “Em 2007, Pernambuco tinha uma evasão escolar de mais de 25% no ensino médio. A última pesquisa registrou uma taxa de menos de 2%”, disse o político.
“É preciso ter um plano de longo prazo para lidar com a Educação, não dá para achar que vai resolvê-la em apenas três meses, ou que um governo em quatro anos vai conseguir lidar com problemas sistêmicos. É necessária uma estratégia bem desenhada em várias frentes diferentes. Desde você melhorar a qualidade de infraestrutura de uma escola no Sertão ou da zona periférica na cidade, à você ter um programa denso de formação de professores, ter um currículo adequado, que seja moderno e dialogue com atratividade”, afirmou o prefeito.
Campos também falou sobre a importância da alfabetização para o futuro das crianças.
“Nós temos que intensificar a alfabetização na nossa cidade, em nosso país. É alfabetizar na idade certa, porque isso é um direito emancipatório. Quando a gente faz isso com uma criança, a gente dá o direito de ela construir o seu futuro, ser o que ela quiser ser, ter liberdade e autonomia na sua vida”, destacou.
O prefeito enfatizou que o tema da vacinação deve ser discutido em sala de aula para que as crianças da cidade abordem o assunto em casa e ajudem na tomada de decisão de seus familiares. “Queremos que nossas crianças influenciem os adultos”, apontou João.
Tabata Amaral, em painel do Educa Week 2021
A deputada federal Tabata Amaral destacou, em painel no Educa Week 2021, a importância de as próximas gerações de eleitores exigirem uma escola de qualidade, para que os alunos que estudam na rede pública consigam quebrar o ciclo da pobreza e, que, com isso, seja permitido a eles sonharem com uma vida melhor.
“Educação também é vida, no sentido mais amplo e literal possível”, afirmou a deputada, citando um estudo do economista Ricardo Paes de Barros, que mostra o impacto da evasão escolar entre jovens.
“Alunos que não terminam o ensino médio têm maior chance de adquirir uma doença grave, de se envolver com a criminalidade, além de terem trabalhos mais precários e viverem três anos a menos, em média”, disse Tabata.
O ex-ministro e pré-candidato a presidência, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que é preciso colocar a educação no centro da agenda do próximo governo. “O próximo presidente da República tem de tomar posse dentro de uma escola”, afirmou Mandetta, que é pré-candidato à presidência em 2022.
A frase foi dita após um questionamento da deputada federal Tabata Amaral (PSB) sobre como seria possível acelerar a educação e enfrentar os principais desafios da área, que já não eram poucos antes da pandemia, e que deixam tantos alunos para trás.
Rio de Janeiro
Já o secretário da educação do município do Rio de Janeiro Renan Ferreirinha apontou sobre como a pandemia contribuiu para acentuar problemas no município, como a evasão escolar, a fome e o aliciamento de crianças e jovens pelos milicianos e traficantes.
“O ensino presencial é insubstituível na educação básica. Ele contribui para o convívio e o acolhimento social, que são essenciais para os alunos”, disse o secretário. “Tivemos no Brasil retrocessos em relação à fome. A escola garante um prato de comida digno para as nossas crianças”, ressaltou.
“Cada criança fora da escola é uma tragédia. A gente compete com a milícia e o tráfico quando a escola não funciona bem. Ela deve ser a última a fechar e a primeira a abrir”, concluiu Ferreirinha.
O deputado federal Professor Israel Batista (PV), que também participou do painel, ressaltou que o Brasil regrediu vinte anos em seus índices de abandono escolar. “É como se tivéssemos voltado para o ano 2001”, disse ele. “Tínhamos pouco mais de 1 milhão de alunos fora das escolas antes da pandemia e, agora, são mais de cinco milhões”, enfatizou o congressista.
O ex-ministro Madetta fez comparações a países com educação de ponta, como Estados Unidos e China, afirmando que esses locais têm em comum o fato de colocarem a educação como prioridade nacional.
Foi consenso, na conversa, de que a educação deve ser prioridade para o próximo governo e, que, as políticas públicas devem integrar um plano de alcance nacional.