Educação

'Nós temos que intensificar a alfabetização em nosso país', disse João Campos

A fala do político integrou o debate sobre a educação pública nos municípios, em painel do Educa Week 2021 que contou ainda com Renan Ferreirinha, secretário da educação do município do Rio de Janeiro

Imagem do autor
Cadastrado por

Jamildo Melo

Publicado em 25/10/2021 às 14:21 | Atualizado em 25/10/2021 às 14:36
Notícia
X

O desafio de fomentar uma educação pública de qualidade a partir dos municípios foi um dos mais importantes painéis do Educa Week 2021. Os participantes discutiram sobre a evasão escolar, a dificuldade de acesso nas etapas iniciais, os efeitos catastróficos que a pandemia da Covid-19 promoveu, como o aumento da desigualdade social, entre outros temas.

O prefeito de Recife, João Campos, apontou algumas contribuições de seu governo para melhorar a educação pública, que, segundo ele, tornou a cidade um case de sucesso.

“O estado de Pernambuco tem uma rede de ensino integral maior que São Paulo e que o Espírito Santo juntos”, disse Campos. “Em 2007, Pernambuco tinha uma evasão escolar de mais de 25% no ensino médio. A última pesquisa registrou uma taxa de menos de 2%”, disse o político.

“É preciso ter um plano de longo prazo para lidar com a Educação, não dá para achar que vai resolvê-la em apenas três meses, ou que um governo em quatro anos vai conseguir lidar com problemas sistêmicos. É necessária uma estratégia bem desenhada em várias frentes diferentes. Desde você melhorar a qualidade de infraestrutura de uma escola no Sertão ou da zona periférica na cidade, à você ter um programa denso de formação de professores, ter um currículo adequado, que seja moderno e dialogue com atratividade”, afirmou o prefeito.

Campos também falou sobre a importância da alfabetização para o futuro das crianças.

“Nós temos que intensificar a alfabetização na nossa cidade, em nosso país. É alfabetizar na idade certa, porque isso é um direito emancipatório. Quando a gente faz isso com uma criança, a gente dá o direito de ela construir o seu futuro, ser o que ela quiser ser, ter liberdade e autonomia na sua vida”, destacou.

O prefeito enfatizou que o tema da vacinação deve ser discutido em sala de aula para que as crianças da cidade abordem o assunto em casa e ajudem na tomada de decisão de seus familiares. “Queremos que nossas crianças influenciem os adultos”, apontou João.

Tabata Amaral, em painel do Educa Week 2021

A deputada federal Tabata Amaral destacou, em painel no Educa Week 2021, a importância de as próximas gerações de eleitores exigirem uma escola de qualidade, para que os alunos que estudam na rede pública consigam quebrar o ciclo da pobreza e, que, com isso, seja permitido a eles sonharem com uma vida melhor.

“Educação também é vida, no sentido mais amplo e literal possível”, afirmou a deputada, citando um estudo do economista Ricardo Paes de Barros, que mostra o impacto da evasão escolar entre jovens.

“Alunos que não terminam o ensino médio têm maior chance de adquirir uma doença grave, de se envolver com a criminalidade, além de terem trabalhos mais precários e viverem três anos a menos, em média”, disse Tabata.

O ex-ministro e pré-candidato a presidência, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que é preciso colocar a educação no centro da agenda do próximo governo. “O próximo presidente da República tem de tomar posse dentro de uma escola”, afirmou Mandetta, que é pré-candidato à presidência em 2022.

A frase foi dita após um questionamento da deputada federal Tabata Amaral (PSB) sobre como seria possível acelerar a educação e enfrentar os principais desafios da área, que já não eram poucos antes da pandemia, e que deixam tantos alunos para trás.

Rio de Janeiro

Já o secretário da educação do município do Rio de Janeiro Renan Ferreirinha apontou sobre como a pandemia contribuiu para acentuar problemas no município, como a evasão escolar, a fome e o aliciamento de crianças e jovens pelos milicianos e traficantes.

“O ensino presencial é insubstituível na educação básica. Ele contribui para o convívio e o acolhimento social, que são essenciais para os alunos”, disse o secretário. “Tivemos no Brasil retrocessos em relação à fome. A escola garante um prato de comida digno para as nossas crianças”, ressaltou.

“Cada criança fora da escola é uma tragédia. A gente compete com a milícia e o tráfico quando a escola não funciona bem. Ela deve ser a última a fechar e a primeira a abrir”, concluiu Ferreirinha.

O deputado federal Professor Israel Batista (PV), que também participou do painel, ressaltou que o Brasil regrediu vinte anos em seus índices de abandono escolar. “É como se tivéssemos voltado para o ano 2001”, disse ele. “Tínhamos pouco mais de 1 milhão de alunos fora das escolas antes da pandemia e, agora, são mais de cinco milhões”, enfatizou o congressista.

O ex-ministro Madetta fez comparações a países com educação de ponta, como Estados Unidos e China, afirmando que esses locais têm em comum o fato de colocarem a educação como prioridade nacional.

Foi consenso, na conversa, de que a educação deve ser prioridade para o próximo governo e, que, as políticas públicas devem integrar um plano de alcance nacional.

Tags

Autor