Ipec: Por medo de cancelamento, 6 em cada 10 jovens não falam sobre política nas redes
Nova pesquisa Ipec (antigo Ibope) mostra como a fome, o desemprego e o meio ambiente podem impactar o voto dos jovens entre 16 e 34 anos em 2022
Nova pesquisa Ipec (antigo Ibope) mostra como a fome, o desemprego e o meio ambiente podem impactar o voto dos jovens entre 16 e 34 anos nas eleições de 2022. Em paralelo, o levantamento aponta que 6 em cada 10 integrantes desse grupo não falam sobre política por medo do "cancelamento". O estudo em questão foi encomendado pelo movimento cívico global Avaaz e pela Fundação Tide Setubal.
Chama-se "cancelamento" a prática de promover uma espécie de ostracismo digital a um indivíduo após ele cometer um deslize ou erro, não necessariamente grave ou proposital.
A pesquisa aponta que 20% dos jovens brasileiros desconhecem o que é o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal, por exemplo. O desconhecimento, nesse caso, é acompanhado pela falta de encorajamento para esse grupo fazer perguntas ou a discutir política: 80% consideram que o debate político é agressivo e intolerante e 59% não falam sobre política nas mídias sociais por medo do julgamento e cancelamento.
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Outras descobertas que se destacam:
- 69% consideram que a direita é intolerante e agressiva
- 66% pensam o mesmo sobre a esquerda
- 83% acreditam que o debate político nas mídias sociais é agressivo ou intolerante
- 80% consideram o debate político como um todo, agressivo ou intolerante
- 58% acham que a divisão entre direita e esquerda não faz sentido
Ao mesmo tempo, a pesquisa do Ipec indica que 82% dos entrevistados 16 e 18 anos estão interessados em tirar o título de eleitor e votar em 2022. Desse grupo, 29% entendem que o momento político é preocupante e exige isso, 28% querem exercer seu direito de voto e 25% afirmam que os jovens devem participar da vida política. Isso pode representar cerca de 5 milhões de votos não previstos, o que pode mudar o cenário eleitoral nas eleições de 2022.
Quais os valores sociais mais considerados pelos jovens?
A pesquisa solicitou que os entrevistados indicassem qual valor social era o mais importante. Do público, 33% citaram o combate à fome e à pobreza, enquanto 16% aponta o fortalecimento econômico e a geração de empregos.
Além disso, dado interessante é que jovens valorizam mais a preservação da Amazônia e do meio ambiente (14%) que o acesso à educação e à saúde (ambos com 3% das menções) e o combate à corrupção (7%), por exemplo.
"O que essa pesquisa nos mostra é que este governo falhou com os jovens: não há comida na mesa de suas famílias, eles não têm lugar no mercado de trabalho e seu futuro está sendo ameaçado pela destruição ambiental. Os candidatos precisam ter propostas para melhorar esses aspectos concretos de suas vidas se quiserem conquistar seus mais de 58 milhões de votos. Eles estão famintos por soluções reais e um debate político saudável, mas, em vez disso, estamos servindo a eles um prato de discussões podres e polarização intolerante", aponta Nana Queiroz, responsável sênior de campanhas na Avaaz.