'Competitividade e "revolução": por que as fintechs precisam mudar a realidade do sistema financeiro', por Ulysses Verçosa
Por Ulysses Verçosa, CEO da Acredite Soluções Financeiras
Por Ulysses Verçosa, CEO da Acredite Soluções Financeiras
Afetadas em cheio pela crise sanitária, as empresas emendaram uma corrida pela recuperação de suas performances elegendo uma necessidade premente: a desburocratização do acesso ao crédito. E essa “virada de chave”, que interfere diretamente no ritmo dos projetos e na geração de empregos, tem contado com a atuação inovadora das fintechs e o apetite dos fundos de investimento.
Enquanto o ecossistema de tecnologia e inovação abre espaço para uma revolução no sistema financeiro, mudanças importantes nas regulações e na cultura comportamental de pessoas físicas e jurídicas aceleram esse movimento. Mas como um “elefante numa loja de cristais”, assistimos ao descasamento que existe entre a forte demanda por crédito e o baixo preparo das pequenas e médias empresas para adequarem suas realidades à rigidez do sistema bancário tradicional.
Para se ter uma ideia, os bancos respondem por um saldo de operações de crédito anual que, em agosto, chegava a R$ 4,3 trilhões. Segundo o Banco Central, quase metade (43%) desse volume são empréstimos corporativos. Ou seja, não falta dinheiro. Mas a enxurrada de recursos não tem sido suficiente para estimular a competitividade, o que denuncia o desequilíbrio vivido dia a dia por empresas que não dispõem de um robusto departamento contábil.
De acordo com o ranking internacional Doing Business, o Brasil ocupa a 124ª posição entre as economias avaliadas por sua competitividade, numa lista de 190 países. Essa disparidade deixa evidente a necessidade do acesso ao crédito servir como instrumento de fomento e desenvolvimento social, principalmente em regiões como o Nordeste, onde a histórica atuação da Sudene não tem sido suficiente para suprir as carências por crédito.
É aí que entram as fintechs, usando da agilidade, das garantias reais e de juros competitivos para suprir demandas do setor privado. Principalmente servindo de ponte entre negócios com potencial e investidores com sede por boas oportunidades em áreas estratégicas como infraestrutura, agronegócio, energias renováveis e construção civil.
O avanço da vacinação e a reabertura das economias globais têm permitido que cheguem até nós projeções mais otimistas sobre o crescimento da economia brasileira. Neste ano, a expectativa de expansão do PIB, segundo a agência de classificação de risco Fitch Ratings, gira em torno de 5%, por exemplo. Boa parte disso por conta do aumento de preço das commodities.
Contudo, não podemos esquecer da pressão que será exercida sobre o mercado com as incertezas de um ano pré-eleitoral e a volatilidade dando o tom da conjuntura econômica, ainda afetada pelo atraso da reforma tributária. Mas nem só de riscos é composto um cenário: no que depender das empresas que vieram para revolucionar o sistema financeiro, há um celeiro de oportunidades para se aproveitar. Tudo é questão de ponto de vista.