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'Competitividade e "revolução": por que as fintechs precisam mudar a realidade do sistema financeiro', por Ulysses Verçosa

Por Ulysses Verçosa, CEO da Acredite Soluções Financeiras

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Augusto Tenório

Publicado em 02/11/2021 às 17:07
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Por Ulysses Verçosa, CEO da Acredite Soluções Financeiras

Afetadas em cheio pela crise sanitária, as empresas emendaram uma corrida pela recuperação de suas performances elegendo uma necessidade premente: a desburocratização do acesso ao crédito. E essa “virada de chave”, que interfere diretamente no ritmo dos projetos e na geração de empregos, tem contado com a atuação inovadora das fintechs e o apetite dos fundos de investimento.

Enquanto o ecossistema de tecnologia e inovação abre espaço para uma revolução no sistema financeiro, mudanças importantes nas regulações e na cultura comportamental de pessoas físicas e jurídicas aceleram esse movimento. Mas como um “elefante numa loja de cristais”, assistimos ao descasamento que existe entre a forte demanda por crédito e o baixo preparo das pequenas e médias empresas para adequarem suas realidades à rigidez do sistema bancário tradicional.

Para se ter uma ideia, os bancos respondem por um saldo de operações de crédito anual que, em agosto, chegava a R$ 4,3 trilhões. Segundo o Banco Central, quase metade (43%) desse volume são empréstimos corporativos. Ou seja, não falta dinheiro. Mas a enxurrada de recursos não tem sido suficiente para estimular a competitividade, o que denuncia o desequilíbrio vivido dia a dia por empresas que não dispõem de um robusto departamento contábil.

De acordo com o ranking internacional Doing Business, o Brasil ocupa a 124ª posição entre as economias avaliadas por sua competitividade, numa lista de 190 países. Essa disparidade deixa evidente a necessidade do acesso ao crédito servir como instrumento de fomento e desenvolvimento social, principalmente em regiões como o Nordeste, onde a histórica atuação da Sudene não tem sido suficiente para suprir as carências por crédito.

É aí que entram as fintechs, usando da agilidade, das garantias reais e de juros competitivos para suprir demandas do setor privado. Principalmente servindo de ponte entre negócios com potencial e investidores com sede por boas oportunidades em áreas estratégicas como infraestrutura, agronegócio, energias renováveis e construção civil.

O avanço da vacinação e a reabertura das economias globais têm permitido que cheguem até nós projeções mais otimistas sobre o crescimento da economia brasileira. Neste ano, a expectativa de expansão do PIB, segundo a agência de classificação de risco Fitch Ratings, gira em torno de 5%, por exemplo. Boa parte disso por conta do aumento de preço das commodities.

Contudo, não podemos esquecer da pressão que será exercida sobre o mercado com as incertezas de um ano pré-eleitoral e a volatilidade dando o tom da conjuntura econômica, ainda afetada pelo atraso da reforma tributária. Mas nem só de riscos é composto um cenário: no que depender das empresas que vieram para revolucionar o sistema financeiro, há um celeiro de oportunidades para se aproveitar. Tudo é questão de ponto de vista.

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