Polícia Federal

Bolsonaro dá sua versão para exoneração da ex-superintendente Carla Patrícia, em depoimento à Polícia Federal

O depoimento de Carla Patrícia no inquérito que apura a interferência política na PF era esperado, mas até o momento não foi marcado

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Jamildo Melo

Publicado em 06/11/2021 às 12:09 | Atualizado em 05/07/2022 às 13:17
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O presidente Jair Bolsonaro deu sua versão no depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura a interferência política dele na Polícia Federal.

Em depoimento dado na surdina na última quarta-feira (03), e que somente veio a público no dia 4, Bolsonaro deu sua versão para as razões que "explicariam" a exoneração da ex-superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Carla Patrícia, exonerada do cargo em maio de 2021.

Bolsonaro disse, no depoimento, que “sugeriu ao ex-ministro Sérgio Moro” a mudança da superintendente da PF de Pernambuco “em razão da baixa produtividade local e pelo fato de a então Superintendente ter, anteriormente, assumido o cargo de Secretária Estadual de Pernambuco, o que não daria a isenção necessária nos trabalhos locais”.

No entato, ocorre que Carla Patrícia nunca foi secretária estadual em Pernambuco. Ela exerceu o cargo técnico de corregedora geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco.

Na época em que foi superintendente, dados da própria PF apontavam que a delegada Carla Patrícia tinha alta produtividade - a produtividade da superintendência cresceu em relação aos anos anteriores.

No plano operacional, a gestão da delegada Carla Patrícia na PF em Pernambuco foi reconhecida como a unidade da PF que obteve o maior número de operações de combate à corrupção deflagradas, com a atenção da mídia local.

É fato que uma das operações conduzidas durante a gestão da delegada Carla Patrícia, a “Operação Apnéia”, foi inclusive premiada com o IX Prêmio República de Valorização do Ministério Público Federal, promovido pela Associação Nacional dos Procuradores da República (APNR).

O depoimento de Carla Patrícia no inquérito que apura a interferência política na PF era esperado, mas até o momento não foi marcado.

Como se tinha o depoimento do presidente Jair Bolsonaro como o último a acontecer no inquérito, colegas da PF especulam que Carla Patrícia não será mais ouvida pelo delegado Leopoldo Lacerda, que agora conduz o inquérito em lugar do delegado Felipe Leal, afastado do caso pelo novo superitendente da PF no país, Paulo Maiurino.

Quando for concluído, o inquérito será remetido ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que decidirá sobre uma eventual denúncia do presidente.

Carla Patrícia tomou posse como superintendente da Polícia Federal em Pernambuco em 19 de dezembro de 2019 e foi exonerada do cargo em maio de 2021, tendo sido a primeira mulher a comandar a PF no Estado.

No transcurso da carreira, pela seriedade, profissionalismo e compromisso, a delegada ocupou cargos de destaque na Polícia Federal.

Ela chefiou o Núcleo de Inteligência Policial, foi corregedora regional e foi delegada titular tanto da Delegacia Regional Executiva quanto da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado.

Carla Patrícia Cunha é formada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Fez mestrado em Engenharia de Produção também na UFPE, dissertando sobre o tema “Decisão Multicritério na Priorização das Operações Especiais da Polícia Federal”.

Cursou especialização em Ciência Policial e Inteligência pela Academia Nacional de Polícia, e foi recentemente admitida no doutorado na UFPE.

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