Sob aplausos e protesto, Sergio Moro faz palestra no Recife e assume postura de pré-candidato a presidente da República
No evento, Moro foi aplaudido de pé. Mas, do lado de fora, manifestantes protestaram contra o ex-juiz
No Recife, Sergio Moro (Podemos) assumiu a postura de pré-candidato à Presidência da República no no evento de lançamento do livro Contra o sistema da corrupção (Primeira Pessoa - Editora Sextante, 2021). A palestra foi realizada na noite deste domingo (5) no Teatro RioMar, onde ele fez acenos ao eleitorado pernambucano, mas também foi recebido com protesto.
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À tarde, antes do evento, foi fotografado usando um chapéu de couro. Ao chegar no teatro, Moro foi aplaudido de pé. Tratou logo de colocar o Recife como "o melhor lugar para fazer um lançamento editorial". Ainda citou eventos históricos ocorridos na capital pernambucana: "Recife e Pernambuco fazem parte da história do Brasil".
Ele também fez brincadeiras sobre o período em que se afastou do Governo Bolsonaro, quando deixou o Brasil e foi para os Estados Unidos: "Me chamaram de Agente da CIA, comunista e empregado da Rede Globo. Fico imaginando o tamanho do contracheque...".
Durante sua palestra, criticou os seus principais adversários políticos: Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Começou falando sobre as desilusões com o ex-chefe e depois deu sua visão sobre o conflito com o Partido dos Trabalhadores por causa da Lava Jato.
Sérgio Moro conta ter sentido liberdade para trabalhar no início da sua atuação como ministro da Justiça e Segurança Pública, mas não demorou para sentir as intenções adversas do chefe. Diz que não obteve apoio do presidente para aprovação do seu projeto no Congresso. "Era sabotagem, pura e simples", diz.
Ao falar sobre Lula, o ex-juiz destacou a questão da prisão e da condução coercitiva. Ele diz nunca ter sentido animosidade contra o ex-presidente e considera que o PT, mesmo com a prisão de José Dirceu e Palocci, parecia estar conformado. "Quando chegou na vaca sagrada...", disse, referindo-se ao líder do Partido dos Trabalhadores. Apesar disso, o ex-ministro disse ter falado no sentido figurado.
Apoiadores e lideranças
Sérgio Moro também fez acenos aos colegas. Ele destacou a presença da delegada Patrícia Domingos (Podemos-PE). Sua colega de partido foi candidata à Prefeitura do Recife em 2020, se associando ao bolsonarismo. Em conversa com a imprensa, pouco antes do evento, ela confirmou sua candidatura para deputada estadual ou deputada federal em 2022.
Estiveram presentes no evento personalidades como o deputado federal Ricardo Teobaldo, com quem o ex-ministro se encontrou antes da palestra, o deputado estadual Wanderson Florêncio (PSC), Mendonça Filho (DEM) e o senador Eduardo Girão (Podemos-CE).
O ex-ministro da Educação chegou a comentar: "Moro não se coloca como salvador da pátria e pode quebrar outra polarização. Ele é positivo e maduro. Hoje ele é a alternativa que se consolidou no centro do Brasil. Ele é íntegro e correto, tem uma história honrada, pode ajudar muito no debate eleitoral brasileiro".
Protesto
Enquanto isso, manifestantes protestaram contra o ex-juiz. Dezenas de pessoas o chamaram de "juiz ladrão", culparam-no pela crise instaurada na Petrobras, após a operação Lava Jato, e associaram seu nome ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
A manifestação durou pouco, mas chamou a atenção de quem passava próximo ao cinema e ao teatro do centro de compras recifense.