Conservadorismo

Protagonismo evangélico em Pernambuco. Por Terezinha Nunes

Os evangélicos têm feito o dever de casa, crescendo nas casas legislativas

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Jamildo Melo

Publicado em 06/12/2021 às 10:33 | Atualizado em 06/12/2021 às 10:46
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Por Terezinha Nunes, em artigo para o blog

No princípio de 2017, logo após tomar posse como prefeito de Jaboatão, obtendo 171 mil votos, o prefeito Anderson Ferreira pensou em lançar o irmão André Ferreira (atual deputado federal), como candidato a prefeito do Recife em 2020 e fazia, entusiasmado, a seguinte conta:“ André terá no mínimo 30% dos votos por ser evangélico e já garante ir ao segundo turno”.

O tempo passou, a promessa não vingou mas Anderson se reelegeu prefeito e agora assume a pré-candidatura a governador ou senador, coisa que jamais se imaginou em se tratando de um evangélico em um estado majoritariamente católico.

O Censo de 2010 concluiu que Pernambuco tinha naquele ano 66% de católicos e 20,3% evangélicos. Mas em 30 anos, os evangélicos haviam aumentado em 300% o número de adeptos no estado, que, segundo o IBGE, tem hoje o maior percentual de protestantes do Nordeste.

A ousadia de Anderson tem razão de ser? É difícil saber mas seus cálculos têm base na realidade. Desde 2014, quando o Pastor Eurico foi o segundo deputado federal mais votado de Pernambuco com 233 mil votos, Anderson se elegeu com 150 mil votos e os evangélicos elegeram três dos quatro deputados estaduais mais voltados, que as bancadas evangélicas estaduais só fazem crescer.

Adotados por pastores influentes, os evangélicos ocupam três das atuais vagas de federal no estado, 12 de estadual e somam 9 dos 39 vereadores do Recife. Todos com expressivas votações.

O evangelismo na politica é uma espécie de bolsonarismo em entusiasmo e defesa dos seus representantes, o que se conclui que vão continuar aumentando em número e em grau na política estadual.

Embora não seja de conhecimento popular porque ele não foi batizado nas urnas, Pernambuco já teve um governador evangélico, o presbiteriano Eraldo Gueiros Leite, eleito indiretamente durante o governo Médici. Eraldo se notabilizou como um político do diálogo e só aceitou o cargo após a reabertura da Assembléia Legislativa, na época fechada por decisão dos militares.

Portanto, se Anderson conseguir um cargo majoritário será o primeiro evangélico a, por força do voto, chegar a tal posto.

Os evangélicos têm feito o dever de casa, crescendo nas casas legislativas, mas a eleição majoritária é uma incógnita até porque nela os adversários esmiúçam a biografia dos concorrentes que nem sempre vem à tona na eleição proporcional.

Como se comportará a população do interior onde os bispos têm bem mais influência e os católicos são bem mais numerosos ?

Não é demais lembrar que na eleição de 2020 o adversário de Anderson na eleição para prefeito foi o então vereador Daniel Alves, nascido nas comunidades católicas do município e frequentador de todas as festas religiosas e das principais igrejas jaboatonenses. Anderson venceu no primeiro turno com 144 mil e Daniel teve 80 mil, o que foi considerado muito para um vereador.

Não à toa que o prefeito já andou se precavendo. Visitou recentemente o seminário arquidiocesano de Olinda e Recife acompanhado do vereador católico do Recife Felipe Alecrim que formou uma frente cristã com os evangélicos na Câmara Municipal.

 

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