Corrida eleitoral

'Passada a euforia, Moro se acomoda na terceira posição' aponta Lavareda

A pesquisa do Ipespe mostra que o interesse pela eleição é elevado. 66% afirmam ter muito interesse (52%) ou algum interesse (14%). E 65% dizem que sua atual intenção de voto é definitiva

Imagem do autor
Cadastrado por

Jamildo Melo

Publicado em 20/12/2021 às 11:04 | Atualizado em 20/12/2021 às 11:57
Notícia
X

O sociólogo Antônio Lavareda, responsável pela pesquisa nacional do Ipespe, observou que, passada a euforia do lançamento da candidatura pelo Podemos, quando alcançou 11% das intenções de voto, o ex-ministro Sérgio Moro se acomoda agora na terceira posição, com 9%.

Ele disse que, em 2021, só os números de Lula mudaram efetivamente. Confira a tabela da intenção de voto da pesquisa divulgada nesta segunda (20)

"A pequena oscilação para baixo é natural, ela costuma ocorrer quando os momentos de grande exposição dão lugar a um padrão de presença na mídia semelhante aos demais competidores. Comparar os dados de março (primeira medição de intenções de voto nesse ano quando o nome de Lula retornou à lista estimulada) com os de dezembro é um exercício que mostra como o esforço de comunicação e marketing dos candidatos muitas vezes repercute pouco sobre suas intenções de voto, afetadas sobretudo pela força das circunstâncias. Embora não tenham sido rigorosamente iguais as listas de candidatos nos dois momentos, elas contaram com a presença, em ambas, dos Top Five", escreveu.

Made with Flourish



"Salta aos olhos que todos os movimentos, à exceção de Lula, se deram na margem de erro. Ele foi o único beneficiado por uma mudança praticamente radical das circunstâncias em torno dele. Em março, o Ministro Edson Fachin decidiu anular suas sentenças condenatórias; em abril, o colegiado do STF confirmou a decisão; em junho, Sérgio Moro foi julgado suspeito nos processos em que atuou contra ele. E outras decisões da Justiça se seguiriam o favorecendo. Sua elegibilidade era implausível no início do ano. À medida que vieram as notícias do front judicial, vieram também mais pesquisas apontando sua liderança, com óbvias consequências".

"Quanto a Bolsonaro, a despeito de um ano particularmente difícil, com erosão significativa da imagem do Governo como vimos antes, ele foi capaz de manter seus eleitores mais fiéis, nos quais desperta grande entusiasmo. A quase coincidência entre intenções de voto espontâneas e estimuladas, algo muito raro, assevera isso. E questiona hipóteses de fácil “derretimento” da sua candidatura nos próximos meses. Aos candidatos da “terceira via” cabe continuarem dialogando e tentando coordenar seus projetos, o que têm feito de maneira inédita, enquanto aguardam que, seja através da ação política, seja de imprevisíveis acontecimentos fora de sua alçada, resultem circunstâncias no próximo ano que os favoreçam. Enquanto isso, pode lhes servir de alento uma fala de Shakespeare, da peça Medida por Medida, que vez por outra acho oportuno recitar: “Não creias impossível o que apenas improvável parece”, afirma Lavareda.

Divulgação
Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), responsável pela pesquisa. - Divulgação

A pesquisa do Ipespe mostra que o interesse pela eleição é elevado. 66% afirmam ter muito interesse (52%) ou algum interesse (14%). E 65% dizem que sua atual intenção de voto é definitiva.

"Percentuais muito altos se lembrarmos que, pelo calendário do TSE, a propaganda eleitoral oficial só começará em 16 de agosto na TV, rádio e internet. E as intenções de voto espontâneas – a informação mais importante para ser considerada agora, antes da definição do quadro de candidaturas – uma vez somadas, já totalizam 66%. Dois terços do eleitorado. Nesse tópico, Lula alcança 36%, numa evolução contínua a partir dos 6% que marcava em janeiro; Bolsonaro obtém 23%; Ciro Gomes e Sérgio Moro têm 3% cada; e João Doria, 1%.", compara Lavareda.

Tags

Autor