COLUNA MOBILIDADE

Plano de Mobilidade do Recife terá como princípio o desestímulo ao uso do automóvel

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 27/03/2018 às 21:00 | Atualizado em 19/11/2021 às 11:23
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Promessa é de que o transporte público será estimulado no Plano de Mobilidade Urbana do Recife. Fotos: Bobby Fabisak/JC Imagem  

 

Desestimular o uso do transporte motorizado individual – ou seja, o automóvel – será o principal conceito do Plano de Mobilidade Urbana do Recife, que está sendo elaborado desde 2015 pela prefeitura. Esse desestímulo, inclusive, virá com a redução da velocidade das vias, a pedestrianização de ruas, a ampliação dos estacionamentos rotativos e a exigência de infraestrutura de apoio ao pedestre e ao ciclista pelos chamados polos geradores de viagem e tráfego. A estratégia faz parte da segunda etapa do plano de mobilidade e foi apresentada nesta terça-feira pela Secretaria de Planejamento Urbano do Recife. Nesta quarta-feira, a segunda etapa do plano será discutida numa audiência pública realizada na sede da prefeitura, no Cais do Apolo, das 14h às 17h. O evento é aberto a qualquer pessoa que queira conhecer ou contribuir com as propostas.

A decisão foi tomada. Estamos discutindo todas as propostas com a sociedade – os números de eventos realizados pelo município comprovam essa preocupação –, mas nosso posicionamento é muito claro e, principalmente, está respaldado em estudos técnicos. Não vamos mais insistir em planejar cidades para o transporte motorizado individual. Essa não é a saída. Mundialmente, todos sabem disso”, Antônio Alexandre, secretário de Planejamento Urbano do Recife

A priorização ao transporte público coletivo e ao transporte ativo (mobilidade a pé e bicicletas) será o contraponto às dificuldades que o plano irá criar para o automóvel. Por isso, a ampliação e padronização de calçadas e da infraestrutura cicloviária são metas da futura proposta. É o que garantem os técnicos da gestão municipal. “A decisão foi tomada. Estamos discutindo todas as propostas com a sociedade – os números de eventos realizados pelo município comprovam essa preocupação –, mas nosso posicionamento é muito claro e, principalmente, está respaldado em estudos técnicos. Não vamos mais insistir em planejar cidades para o transporte motorizado individual. Essa não é a saída. Mundialmente, todos sabem disso”, argumentou o secretário de Planejamento Urbano do Recife, Antônio Alexandre.

 

 

Na etapa em que se encontra, o plano reuniu dez políticas setoriais: segurança viária, pedestres, ciclistas, transporte público de passageiros, transporte de carga, polos geradores de viagens, estacionamentos, financiamento, governança, dados e indicadores de mobilidade. Dentro da proposta de desestímulo ao uso do veículo motorizado individual, a prefeitura pretende transformar ruas que hoje têm um uso predominantemente comercial e de serviço em vias só para pedestres, estimulando o acesso do transporte coletivo e ampliando as calçadas e as estruturas cicláveis. Também vai reduzir a velocidade das ruas para 40 km/h e 30 km/h (de acordo com o tipo de via). Extraoficialmente, inclusive, já se fala em medidas proibitivas e/ou taxativas de circulação do transporte individual em algumas áreas da cidade – cobrança de pedágio, por exemplo – e até da possível implantação de rodízio.

Vamos desestimular o uso do transporte individual e estimular os transportes coletivo e ativo, ou seja, os deslocamentos a pé e de bicicleta. Temos como base estudos técnicos”, Sideney Schreiner, do Instituto Pelópidas Silveira

 

Foto: Divulgação/PCR

 

O aperto será dado, também, nos estacionamentos. Na proposta, a prefeitura teria a gestão da oferta dos estacionamentos próximos aos polos geradores de viagens, com a utilização do sistema rotativo de vagas com cobrança – conhecido como Zona Azul. Na política voltada para o pedestre – que o plano quer elevar ao papel de ator principal na cidade –, estão a criação de um manual padronizado para implantar e requalificar as calçadas e a progressiva transferência da responsabilidade sobre esses equipamentos para o poder público. Atualmente, as calçadas particulares devem ser construídas e mantidas pela sociedade.

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No plano há, inclusive, a discussão de que os empreendimentos que não respeitarem a faixa mínima das calçadas serão responsabilizados juntamente com os condutores que estacionarem de forma indevida no local. Em relação aos ciclistas, o plano incorporou totalmente o Plano Diretor Cicloviário (PDC), elaborado em 2013 pelo governo do Estado para toda a Região Metropolitana. Lembrando que o Plano de Mobilidade Urbana do Recife terá que ficar pronto até abril de 2019 – após o governo federal adiar, pela terceira vez consecutiva, o prazo nacional de conclusão dos estudos. Inicialmente, deveriam estar sendo finalizados até abril próximo. E ainda será submetido à aprovação dos vereadores.  

Pedestres também serão prioridade no futuro plano. Foto: Diego Nigro/JC Imagem

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