Em dez minutos, rodoviários descartam greve de ônibus na RMR

Publicado em 17/07/2018 às 17:00 | Atualizado em 02/06/2020 às 12:28
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Rodoviários votaram a favor das propostas apresentadas pelos empresários de ônibus. Fotos: Guga Matos/JC Imagem  

 

Os passageiros que utilizam os ônibus da Região Metropolitana do Recife não deverão sofrer com as anuais greves dos motoristas e cobradores este ano. Nesta terça-feira (17/7), durante uma rápida assembleia – que reuniu poucos profissionais e durou menos de dez minutos – os rodoviários decidiram aceitar as propostas apresentadas pelo setor empresarial e derrubaram a possibilidade de paralisação do serviço de transporte, que sempre acontece durante os meses de discussão do dissídio da categoria. Motoristas, cobradores e fiscais aceitaram o reajuste de 4% no salário e de 8,69% no vale-alimentação proposto pelos empresários de ônibus. Agora, é preciso que haja a homologação do acordo entre as partes para que o movimento seja descartado de vez.

 

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Caso não haja imprevistos, o salário dos motoristas passará de R$ 2.167,10 para R$ 2.253,78, dos cobradores de R$ 996,86 para R$ 1.036,73, e o dos fiscais de R$ 1.401,38 para R$ 1.457,43. Já o vale-alimentação subirá de R$ 230 para R$ 250. Além dos percentuais, foi aprovado pelos rodoviários a manutenção dos postos de trabalho dos cobradores, caso a retirada dos profissionais nos ônibus seja retomada no Estado – o processo foi suspenso no ano passado pelo governador Paulo Câmara até que a rede de venda dos cartões VEM seja ampliada para atender bem aos usuários. Também foi definido que não haverá a terceirização do setor.

 

Embora o percentual de reajuste tenha sido baixo, o ponto que mais poderia gerar polêmica foi em relação à intrajornada. Na assembleia, a categoria aprovou a redução do intervalo entre as jornadas de 1h para 30 minutos, podendo chegar a quatro horas, mas sendo as duas últimas horas remuneradas. A mudança, entretanto, continuaria sendo uma escolha do rodoviário e, não, uma regra imposta a todos, como defenderam os empresários de ônibus durante a rodada de negociações. “Conseguimos um pouco menos do que estávamos propondo, mas valeu a pena. Não poderíamos ser irresponsáveis de levar a categoria para uma paralisação nesse momento. Até hoje aguardamos o julgamento do dissídio de 2017 porque a categoria foi estimulada a um movimento irresponsável. Agora houve consenso, demonstramos união e responsabilidade”, defendeu o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Benilson Custódio.  

 

 

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), Fernando Bandeira, afirmou que a entidade só irá se posicionar quando receber oficialmente o texto aprovado na assembleia dos rodoviários, o que deverá acontecer nesta quarta-feira. A rapidez da reunião dos motoristas e a redução da intrajornada foram criticadas pelos grupos que fazem oposição à atual direção do Sindicato dos Rodoviários.

“Não discordamos dos percentuais acertados, embora eles não sejam os ideais nem os que defendíamos. Mas o pior foi oficializar a redução do intervalo intrajornada. Isso foi muito errado. Mas sabíamos que o sindicato iria fazer isso. Realizou uma assembleia num horário péssimo para os trabalhadores, impediu a entrada da oposição e fez uma votação em oito minutos. Muitas pessoas ali nem sabiam em que estavam votando. Por isso vamos fazer esse alerta à categoria”, afirmou Aldo Lima, um dos líderes da oposição.

 

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