Mesmo com reajuste da tarifa, metrô do Recife precisará de R$ 150 milhões/ano para operar

Publicado em 24/04/2019 às 15:16 | Atualizado em 12/05/2020 às 12:00
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Metade da receita com passagens do metrô fica com os ônibus. Fotos: Bobby Fabisak/JC Imagem  

 

Mesmo com a passagem do metrô do Recife voltando a custar R$ 3, as contas do sistema metroviário pernambucano seguirão sem fechar. Essa informação é importante para que os passageiros que pagarão os novos valores entendam a necessidade de a tarifa sair de R$ 1,60 para os R$ 3 que entrou em vigor em maio de 2018 e seis meses depois foi suspenso pela Justiça. A diferença de orçamento necessário para que o metrô apenas opere bem, sem considerar as necessidades de investimentos e ampliações, por exemplo, continuará sendo de R$ 150 milhões por ano. E entre os cinco sistemas operados pela CBTU no País, o do Recife é o mais necessitado porque divide a arrecadação com os ônibus da Região Metropolitana. A explicação é dada pelo superintendente do metrô do Recife, Leonardo Villar Beltrão.

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Atualmente, o metrô pernambucano precisa de R$ 350 milhões por ano para operar. Nesse valor estão incluídas as despesas de custeio, folha de pessoal e indenizações trabalhistas da empresa. Para 2019, o metrô tem um orçamento anual de R$ 94 milhões – quando na realidade precisaria de R$ 120 a 150 milhões/ano. Com a tarifa aumentando para R$ 3, passará a arrecadar R$ 100 milhões por ano. O sistema transporta 112 milhões de passageiros/ano, mas fica com a receita de apenas 30% – o equivalente a 34 milhões de passageiros. O restante fica com o sistema de ônibus porque os usuários entram no sistema metroviário pagando a passagem nos coletivos. “Com a tarifa a R$ 1,60, nós estávamos arrecadando R$ 54 milhões/ano. Quando ela voltar a custar R$ 3, passaremos a arrecadar 100 milhões, o que representa praticamente o dobro da arrecadação. Mas, mesmo assim, precisaremos de R$ 150 milhões para fechar a operação”, pondera.

Por isso, defende Leonardo Villar Beltrão, o reajuste da tarifa é fundamental para reduzir o desequilíbrio orçamentário do sistema, quase que totalmente dependente de subsídios da União. Ele alerta, ainda, que o metrô do Recife é o que mais sofre porque precisa dividir a tarifa. “Mais de 50% dos passageiros que usam o metrô entram no sistema pelos ônibus. Ou seja, pagam a passagem nos coletivos. Os metrôs de Belo Horizonte, Natal, João Pessoa e Maceió ficam com toda a arrecadação. Por isso não é correto dizer que o metrô do Recife é deficitário. Se não tivéssemos que dividir a tarifa com o sistema de ônibus cobriríamos todo o custo de operação”, destaca.

Sobre o reajuste das tarifas do metrô  - que passarão de R$ 1,60 para R$ 3 por determinação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1ª)  -, a Superintendência da CBTU no Estado informou continuar no aguardo da autorização da direção da companhia, no Rio de Janeiro, para realinhar os preços.

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