Dificuldades do metrô do Recife só aumentam. Déficit chega a 400 milhões por ano

Publicado em 01/05/2019 às 8:00 | Atualizado em 12/05/2020 às 11:40
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Déficit que era de R$ 150 milhões aumentou para R$ 400 milhões. Fotos: Bobby Fabisak/JC Imagem  

 

As necessidades do metrô do Recife só aumentaram nos últimos anos. Ao ponto de o último reajuste – ativo em maio de 2018, suspenso seis meses depois e agora retomado e ampliado – só diminuir em 20% o déficit nos gastos. E os dados são super frescos. No dia 24 de abril último, a superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Pernambuco falava numa despesa anual de R$ 350 milhões e, mesmo com a arrecadação tarifária mais gorda, a diferença ainda seria alta, na casa dos R$ 150 milhões. Na segunda-feira (29/4) a direção da companhia esteve no Recife e apresentou novos números, ainda mais assustadores: o custo do metrô, aí incluídos o custeio de operação, a folha de pagamento e as indenizações, subiu para R$ 541 milhões por ano e o déficit chega a R$ 400 milhões.

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E isso tudo porque a arrecadação que era de R$ 70 milhões com a tarifa congelada em R$ 1,60 passará para R$ 130 milhões em março do ano que vem, quando o reajuste progressivo será finalizado. Ou seja, o aumento de 150% no valor do bilhete até 2020, ainda será insuficiente. Lembrando que o primeiro dos seis aumentos no preço da passagem do metrô acontece no domingo (5/4), quando vai para R$ 2,10. Há sete anos o metrô do Recife não tem reajuste no preço da passagem. Lembrando que o passageiro do metrô é, em sua maioria, humilde. 60% dos usuários da Linha Centro são das classes C, D e E.

E o problema financeiro não é apenas no metrô do Recife, mas em todos os cinco sistemas geridos e operados pela CBTU – Natal (RN), João Pessoa (PB), Maceió (AL) e Belo Horizonte (MG). No Brasil, a CBTU já é deficitária. Em 2018 arrecadou R$ 180 milhões anuais, contra um gasto de R$ 1 bilhão, ampliando cada vez mais a necessidade de subvenção federal. No Recife, além da arrecadação que não cobre os gastos, a CBTU sofre há mais de dois anos com a falta do repasse relativo ao Vale Eletrônico Metropolitano (VEM) por parte do Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT). Segundo a companhia, cerca 56% dos 100 milhões de passageiros anuais são provenientes do sistema integrado, no qual utiliza-se o VEM. O débito chega a R$ 110 milhões, segundo a CBTU. O Estado, por sua vez, diz que são R$ 90 milhões. Mas não há previsão de pagamento e a discussão se estende com o governo do Estado.

Por isso, defende Leonardo Villar Beltrão, superintendente do metrô do Recife, o reajuste da tarifa é fundamental para reduzir o desequilíbrio orçamentário do sistema, quase que totalmente dependente de subsídios da União. Ele alerta, ainda, que o metrô do Recife é o que mais sofre porque precisa dividir a tarifa. “Mais de 50% dos passageiros que usam o metrô entram no sistema pelos ônibus. Ou seja, pagam a passagem nos coletivos. Os metrôs de Belo Horizonte, Natal, João Pessoa e Maceió ficam com toda a arrecadação. Por isso não é correto dizer que o metrô do Recife é deficitário. Se não tivéssemos que dividir a tarifa com o sistema de ônibus cobriríamos todo o custo de operação”, destaca.

O diretor de Planejamento e Relações Institucionais da CBTU, Pedro Cunto, pontuou que será preciso discutir com o governo de Pernambuco uma repactuação do valor da tarifa. “No Recife, quem entra pelo ônibus não paga nada à CBTU, isso é mais da metade dos 400 mil usuários por dia. Em Belo Horizonte, Rio, Brasília, São Paulo ou a tarifa é mais alta ou o Estado subvenciona a diferença”, exemplificou.

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