Sai a Yellow, entra a Serttel para oferecer bikes sem estação e patinetes elétricos no Recife

Publicado em 31/07/2019 às 16:53 | Atualizado em 11/05/2020 às 10:42
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Bicicleta sem estação da Serttel está sendo testada em São José dos Campso, em São Paulo, e será levada para Pelotas, no Rio Grande do Sul. Fotos: Cláudio Vieira/Divulgação  

 

Para sorte da ciclomobilidade, o Recife não deverá demorar a receber um novo sistema de bicicletas dockless (sem estação) e patinetes elétricos. A empresa pernambucana Serttel, que por quatro anos (maio de 2013 a maio de 2017) operou o sistema de compartilhamento de bicicletas públicas Bike PE, pretende ocupar o vácuo deixado pela Yellow, que está encerrando os serviços no Recife nesta quarta-feira (31/7). Ou pelo menos tentar. Ângelo Leite, presidente da Serttel, confirmou que irá apresentar um projeto à Prefeitura do Recife para oferecer as bikes dockless e os patinetes elétricos na cidade. Num primeiro momento, começará com as bicicletas e, na sequência, com os patinetes. Em no máximo 90 dias os recifenses estariam vendo os equipamentos voltarem às ruas. Essa é a promessa.

O sistema da Serttel, entretanto, chega com caráter experimental. A empresa vem aprendendo e desenvolvendo a tecnologia dockless nos últimos meses. No caso das bicicletas, já opera o serviço em São José dos Campos, no interior de São Paulo, e está para iniciar a operação em Pelotas, no Rio Grande do Sul. O sistema das bikes dockless é semelhante ao oferecido até então pela Yellow, com os equipamentos sendo liberados por um app, com cobrança por minutos e sendo devolvidos em qualquer lugar dentro do parâmetro geográfico pré-estabelecido pela empresa – no Recife, essa área compreendia parte do Centro, de Boa Viagem e do Pina, ambos na Zona Sul da cidade.  

 

Protótipo do patinete Serttel
Serttel1 - Protótipo do patinete Serttel
Serttel2 -

O patinete elétrico é diferente. É ainda mais experimental. Um protótipo foi desenvolvido e começará a ser testado por São José dos Campos. Depois, irá para Pelotas e, em paralelo, chegará ao Recife. “Nossa intenção é, sim, ocupar esse vácuo deixado no Recife pela Yellow. Vamos tentar ocupá-lo. Vou formalizar a nossa participação no chamamento público que a prefeitura abriu e trazer nosso produto. Já operamos as bicicletas dockless e estamos finalizando nosso protótipo de patinete. Queremos demais voltar à ciclomobilidade do Recife. É o meu Estado e a nossa saída da operação do Bike PE foi muito desgastante. Queremos retomar nossa participação”, afirmou Ângelo Leite.

 

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A Serttel tem ampla experiência no sistema dockstation (com estação), que é o modelo convencional, no qual o usuário retira e devolve a bicicleta em estações físicas – como exemplo os sistemas operados pela Tembici e Itaú, como Bike PE, Bike Rio e Bike Sampa. Opera o bike sharing de Fortaleza (CE) e é sucesso no município, cuja política de ciclomobilidade e mobilidade urbana virou case de sucesso no País, com a expansão da malha ciclável, das faixas exclusivas para os ônibus e das soluções de segurança viária. Na saída do Bike PE, em 2017, teve o modelo muito criticado pelos usuários e apresentava diversas falhas operacionais.

A bicicleta dockless desenvolvida pela Serttel é muito parecida com a da Yellow. O protótipo do patinete é que difere sob muitos aspectos e, segundo Ângelo Leite, é mais seguro porque é maior e tem rodas maiores. “As rodas do nosso patinete são aro 16, enquanto as da Yellow são aro 10. Temos pneus com câmara, enquanto os dela não têm. O nosso produto também permite que o usuário conduza o patinete com os dois pés paralelos porque há espaço. Nos que hoje estão no mercado um pé fica na frente e o outro atrás, o que dá menos segurança para conduzir”, pontuou Leite. O equipamento elétrico também teria controlador de velocidade, o que pode ajudar a minimizar a polêmica criada devido à alta velocidade desenvolvida  - até 25 km/h, o que potencializa o risco de quedas e colisões.

 

O modelo de negócio, entretanto, é o grande desafio apontado pelo presidente da Serttel. “A cidade tem dificuldades, sabemos, disso, mas é um modelo de negócio que não se sustenta só com o dinheiro do investidor. A Yellow é um exemplo disso (o fim da operação no Recife teria sido motivado pela falta de rentabilidade financeira do serviço). É preciso o patrocínio. E é isso que estamos buscando. Já conseguimos dois em Pelotas e queremos o mesmo para o Recife. Estamos animados com a possibilidade de voltar ao mercado da ciclomobilidade pernambucana”, disse.

DÚVIDAS COM O FIM DA OPERAÇÃO DA YELLOW NO RECIFE

A principal dúvida entre os ex-usuários da Yellow no Recife é com relação aos créditos que tinham no app. As pessoas se perguntam como poderão revê-los. Se terão que usá-los para pagar contas ou colocar crédito de celular – como é permitido no aplicativo –, ou se a empresa irá fazer o reembolso. Muitas pessoas têm reclamado que tentaram pedir o reembolso dos créditos, mas não conseguiram, mesmo tendo feito a compra com cartão de crédito. A Yellow segue sem se pronunciar sobre o fim da operação no Recife. Nem mesmo sobre a questão do reembolso dos créditos dos usuários. E o JC segue insistindo em conseguir explicações para esse período de transição.

ATUALIZAÇÃO

Na quinta-feira (1/8), a Grow (holding que reúne a Yellow e a Grin) soltou um comunicado sobre o fim da operação. Confira AQUI.

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