Polêmica em empreendimento no Parnamirim

Publicado em 19/09/2019 às 10:16 | Atualizado em 10/05/2020 às 17:14
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Construção de Colégio GGE Parnamirim tem recebido críticas de moradores de bairros da região por apresentar poucas ações mitigadoras para compensar o impacto para a mobilidade urbana. Fotos: Filipe Jordão/JC Imagem  

 

A pouca exigência de ações mitigadoras e os impactos urbanos da construção de uma unidade do Colégio GGE no Parnamirim, precisamente na Rua Desembargador Góis Cavalcanti, Zona Norte da cidade, foram discutidos numa reunião pública na Câmara de Vereadores do Recife na manhã de ontem. De um lado, moradores locais e de bairros adjacentes, como Casa Forte, Poço da Panela, Jaqueira e Casa Amarela, preocupados com os transtornos que o empreendimento – já em obras avançadas e liberado pela Prefeitura do Recife – pode provocar no dia a dia da região. Do outro, representantes da gestão municipal e do empreendimento defendendo a lisura do processo de liberação. No fim da reunião, ficou definido que as sugestões apresentadas pelos moradores seriam encaminhadas à gestão municipal e ao Colégio GGE para serem analisadas e, dentro do possível, implementadas.

Toda a discussão – provocada pelo vereador Jayme Asfora (sem partido) – girou sobre as ações mitigadoras exigidas pelo município aos empreendedores da unidade GGE Parnamirim. Na avaliação dos moradores, elas são insuficientes para minimizar os impactos que a escola vai gerar ao atrair um volume de alunos – entre 900 e 1.200. Segundo a ata da 253ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Urbano do Recife (CDU), colegiado que analisa os empreendimentos de impacto na cidade, as ações mitigadoras exigidas pela prefeitura foram cinco: a instalação de seis semáforos inteligentes (que têm programação sincronizada com o volume de veículos) no entorno; manutenção preventiva dos veículos e equipamentos que evitam emissões abusivas de gases e ruídos; molhar as áreas expostas do solo, ou em terraplenagem para diminuir a emissão de poeiras fugitivas; priorização de fornecedores locais e que o abastecimento seja feito fora do horário de pico; e a elaboração de um estudo de circulação para implantação de ações mitigadoras referentes à mudança de circulação, conexão com ciclofaixas, semáforos para pedestres e travessia elevada – mas sem data definida para apresentação.

 

Colégio já está com as obras avançadas e deve começar a funcionar em 2021

 

“Queremos, em primeiro lugar, deixar claro que não somos contra a construção da escola. Ao contrário. O que estamos exigindo é que os moradores sejam ouvidos. A comunidade foi surpreendida pela obra e está vendo que quase nada será executado para mitigar os impactos do volume de pessoas e veículos que o empreendimento irá atrair para o bairro, comprometendo ainda mais a qualidade de vida de quem reside na região”, afirmou Clarissa Capela, uma das integrantes do movimento Amigos do Parnamirim. Durante a audiência foram sugeridas ações mitigadoras que, na avaliação dos moradores, seriam mais interessantes para a região. São elas: recuperar as calçadas do entorno; arborizar e recuperar a Praça do Parnamirim; reduzir a velocidade de vias na área; conectar e duplicar o sentido de circulação da malha de ciclofaixas existentes na região; e implantar Faixas Azuis para os ônibus nos dois principais corredores de transporte da área (Avenidas Rui Barbosa e Rosa e Silva); além de rediscutir o número de vagas de estacionamento que estão previstas no projeto.

 

O arquiteto Bruno Ferraz foi quem representou o Colégio GGE na audiência e apresentou como principal argumento os estudos de volume de tráfego realizados em 2014 e atualizados em 2017 que mostram uma redução na quantidade de veículos circulando em vias da região. “Foi verificada uma redução de tráfego de 11% na Avenida 17 de Agosto, de 14% na Rua Desembargador Góis Cavalcanti e de 2% na Estrada do Encanamento. Além disso, defendemos que o empreendimento não vai atrair deslocamentos de outros bairros porque a expectativa é de que nossos alunos sejam da região. Sejam pessoas que já residem nos bairros do entorno, que já fazem deslocamentos nas vias e que apenas vão mudar da escola Y ou X para a nossa. Ao contrário, nossas pesquisas mostraram que 26% dos nossos alunos chegam a pé para estudar. É nisso que apostamos e por isso escolhemos aquela área, um pouco mais afastada da concentração de escolas existentes na região”, explicou Bruno Ferraz.

 

Polêmica entre empreendedores, moradores e Prefeitura do Recife provocou uma reunião pública na Câmara de Vereadores, promovida por Jayme Asfora (sem partido)

 

Em nota, o grupo GGE esclareceu que os estudos foram realizados por uma empresa especializada – a Fratar Engenharia Consultiva – e que foram definidas ações mitigadoras pelo município, como a implantação de sentido único, semaforização, faixas de pedestres, travessia elevada, ciclofaixas e alargamento da calçada da Rua Desembargador Gois Cavalcanti. “Sabemos que podem ter falhas, mas quero deixar claro que o processo de aprovação e licenciamento seguiu todos os trâmites legais exigidos pelo município. Estamos abertos a conversar com os moradores e a tentar atender às sugestões apresentadas. Até porque entendemos que a chegada de uma escola deve ser algo desejado por todos”, reforçou o arquiteto. O GGE Parnamirim está sendo erguido numa área de 4.535,45 metros quadrados e uma área verde de 2.041,72 metros quadrados. Já a área total da construção deve ser de 6.756,40 metros quadrados. O colégio terá cinco pavimentos para aulas do ensino infantil ao médio e capacidade para 900 alunos.

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