Quando o público assume o papel do privado - O exemplo do Metrô Consulting

Publicado em 20/10/2019 às 10:40 | Atualizado em 05/08/2020 às 18:42
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Metrô de São Paulo já adquiriu tanta expertise na operação metroferroviária que agora presta consultoria a vários sistemas do País e ainda concorre para ser operador privado do Metrô do Distrito Federal. Foto: CCR  

A consolidação das operações metroferroviárias com parceiros privados já tem deixado lições. Pelo menos no caso das experiências exitosas. Ao ponto de o poder público, diante da expertise adquirida em décadas de gestão de metrôs, assumir o papel da iniciativa privada. É o que está acontecendo com o sistema paulistano. Estimulada pelo domínio da operação, manutenção, planejamento e construção de sistemas de transporte sobre trilhos, a Companhia do Metrô de São Paulo começou a compartilhar o conhecimento de quem planeja e opera a maior rede metroviária do Brasil há 45 anos. Criou a Metrô São Paulo Consulting e já está atuando na elaboração de estudos e projetos para operar, como agente privado, sistemas sobre trilhos não só no Brasil, mas no mundo.  

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A Metrô São Paulo Consulting já chegou, inclusive, a Pernambuco. É uma das empresas credenciadas à elaboração de novos modelos de gestão dos terminais integrados do Sistema de Transporte Público da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR), lançado em maio pelo governo de Pernambuco. Ninguém do Metrô de São Paulo foi disponibilizado para falar com o JC sobre o assunto, mas a assessoria de imprensa informou que a atuação começou a ser ampliada no fim de 2016, em consórcio com outras duas empresas de consultoria, numa concorrência para a supervisão da operação e manutenção de um projeto metroviário em Riad, na Arábia Saudita.

     

  O projeto não vingou, mas a partir daí o conceito cresceu e a empresa, após passar por alterações no organograma e criar uma diretoria comercial, passou a difundir a experiência comercialmente. E tem dado certo. Atualmente, a Metrô São Paulo Consulting atua na implantação de sistemas de transporte sobre trilhos, elaboração de projetos, treinamento e qualificação de pessoal, e gestão de operação e manutenção. Está se colocando, inclusive, em projetos como a concessão pública do Metrô do Distrito Federal, integrando o Consórcio HP-ITA-Uribi Mobilidade Urbana. Caso o estudo seja selecionado no edital de concessão, o consórcio poderá ser remunerado de 0,5 a 2,5% do valor do edital. Também faz consultoria para implantação do monotrilho na Bahia, oferece manutenção ao Metrô de Fortaleza desde 2018, tenta elaborar estudos de projeto e concessão para implantação de um VLT em Brasília, além de fazer serviços de reparo e manutenção nos sistemas de sinalização e controle embarcado nos trens da CPTM, Metrô de Brasília, e nas Linhas 4 (Amarela) e 5 (Lilás) de São Paulo.  

Linhas Amarela e Lilás, do Metrô de São Paulo, têm inúmeros espaços com exploração publicitária, que geram uma receita extra-tarifária. Fotos: Roberta Soares
IMG_0741 - Linhas Amarela e Lilás, do Metrô de São Paulo, têm inúmeros espaços com exploração publicitária, que geram uma receita extra-tarifária. Fotos: Roberta Soares
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  RECEITAS EXTRA-TARIFÁRIAS Outra estratégia que ganha força nas operações metroferroviárias e reflete a lógica financeira do setor privado são as receitas extra-tarifárias. É a exploração dos espaços – dentro e fora das estações e linhas – com projetos de varejo, publicidade, tecnologia e até de desenvolvimento imobiliário. O Metrô de São Paulo, como operador público, também tem dado lições nessa área. Em 2017, as receitas não-tarifárias responderam pela geração de R$ 248,3 milhões. Em 2018, representaram 11% da receita tarifária da companhia. E a expectativa é de alcançar, em pouco tempo, o percentual de 15%. Não é à toa que, ao viajar em qualquer um dos sistemas metroferroviários paulistas – assim como o Metrô Rio –, o passageiro desacostumado impressiona-se com a quantidade de publicidade, lojas de produtos e serviços espalhados nas estações. Algumas delas são verdadeiros shoppings.  

Metrô de São Paulo Consulting poderá ser o operador privado do Metrô do DF. Empresa também está projetando soluções para a gestão dos terminais intergrados de ônibus da Região Metropolitana do Recife. Foto: AnpTrilhos/Divulgação    

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