Prefeitura de Olinda promete uma nova Presidente Kennedy

Publicado em 31/10/2019 às 10:17 | Atualizado em 08/05/2020 às 17:07
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Corredor é uma vergonha e perigoso sob o aspecto da segurança viária há muitos anos, mas situação piorou há 13 anos, quando o corredor de ônibus foi implantado no centro da via. Fotos: Bobby Fabisak/JC Imagem  

 

Uma nova Avenida Presidente Kennedy. Essa é a promessa da Prefeitura de Olinda ao anunciar que, a partir do dia 2 de janeiro, começa a refazer a via, um dos principais corredores de transporte público do município, por onde circulam 46 linhas de ônibus que transportam 103 mil passageiros por dia, além de seis mil veículos. A pretensão do município é fazer uma nova avenida, alterando a lógica de circulação dos ônibus que, assim como está acontecendo na Avenida Conde da Boa Vista, no Recife, voltarão a trafegar à direita da via, agora numa faixa exclusiva sinalizada no chão. Serão gastos R$ 20 milhões – recursos de financiamento municipal junto à Caixa Econômica Federal (CEF) –, dos quais R$ 15,4 milhões serão para a requalificação do corredor e a diferença será utilizada na pavimentação de vias paralelas e transversais, permitindo desafogar o volume de veículos na Presidente Kennedy. A previsão é de que os trabalhos sejam concluídos em um ano.

O principal desafio da avenida – a precária drenagem – também será enfrentado. Segundo a Prefeitura de Olinda, o sistema de drenagem será totalmente refeito para resolver, de vez, os problemas dos alagamentos. “Não aguentamos mais tratar a Presidente Kennedy como avenida da morte. Nunca se matou tanto, nunca tantos imóveis foram desvalorizados e negócios fechados. São 13 anos de perdas. Por tudo isso, a obra de requalificação da Kennedy é uma prioridade. Sabemos que a população estava ansiosa pelas mudanças e vamos fazê-las”, afirmou o prefeito de Olinda, professor Lupércio. Nos planos da prefeitura, serão trocados 15,5 quilômetros de tubulação de drenagem de águas pluviais – sendo 4,4 quilômetros de cada lado da via e 8,8 quilômetros de canos que levarão as águas até o Rio Beberibe. Outra garantia dada pelo município para melhorar o escoamento das águas pluviais será a construção de canaletas superficiais nas calçadas do corredor e de vias transversais.  

 

     

Depois de atacar a drenagem, a transformação prometida da Kennedy se dará na circulação dos ônibus. Com 4,4 quilômetros de extensão e 7,20 metros de largura em cada pista, a via terá uma nova lógica. O corredor central de ônibus – duramente criticado por passageiros, pedestres e motoristas – deixa de existir e os oito pontos de embarque e desembarque retornarão para as calçadas. Recuos serão implantados para permitir que os ônibus possam realizar ultrapassagens entre si, todos isolados por uma faixa exclusiva. Os veículos particulares irão circular nas faixas da esquerda da via. “O corredor tem hoje um alto índice de atropelamentos e colisões no trânsito. Entre 2013 e 2017, por exemplo, 9,2% dos acidentes de trânsito de Olinda ocorreram na Kennedy e, o que é mais grave, é que metade deles fizeram vítimas. Na última terça-feira (29), por exemplo, uma mulher foi atropelada no corredor. Está estável, mas internada na UTI. Do jeito que está, o corredor provoca muita confusão para motoristas e pedestres. Por isso tanta urgência”, destacou o secretário de Trânsito e Transporte de Olinda, Jonas Ribeiro.

 

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Os gestores municipais, inclusive, garantem que haverá ganho real para a velocidade comercial dos ônibus, apesar de eles terem a circulação transferida do centro para a faixa da direita da via, que geralmente é mais sujeita a interferências. Segundo Dirac Cordeiro, coordenador técnico do projeto, foi um grande erro fazer o corredor central na Kennedy. “Não haverá comprometimento do desempenho do ônibus. Ao contrário. O corredor da Kennedy tem uma calha estreita, duas faixas por sentido, cada pista com 7,20 metros. Por isso não se deve adotar uma solução operacional no centro, similar à Avenida Caxangá, no Recife, por exemplo, porque é muito estreito. Não existe em nenhum lugar do Brasil um corredor central em vias com duas faixas por sentido. É recomendando, no mínimo, três faixas”, explicou. A previsão é de que os coletivos tenham um aumento de 25% a 30% na velocidade atual, que oscila entre 10 km/h e 16 km/h.  
 
 
  O projeto, devido à largura da via, não prevê ciclovias. Mas a prefeitura garante que irá implantar uma malha em vias paralelas e transversais ao corredor que serão requalificadas. Como exemplo, as Avenidas Brasília e Transamazônica (paralelas à Kennedy) e Antônio da Costa Azevedo (transversal). As calçadas também serão alargadas para 1,5 metro e toda a iluminação trocada por lâmpadas de LED, semelhantes às utilizadas no Recife, que iluminam o pedestre e, não, apenas a rua onde circulam os veículos. Nas ruas, a população vê com descrédito mais uma reforma da Kennedy e não acredita no milagre que a prefeitura está prometendo para a via.
 
Corredor responde por 9,2% dos acidentes de trânsito registrados em Olinda
 
Não tenho mais expectativas. Já passamos por muitas mudanças e nada melhorou. O comércio está quebrado”, lamentou a moradora Edvalda Carneiro. “Essa avenida virou uma grande confusão e acho que as obras só vão piorar tudo. Deviam só fazer a manutenção”, defendeu José Severino, passageiro.

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