Nem crime organizado nem rodoviários. Motivação dos incêndios a ônibus segue sem definição

Publicado em 04/12/2019 às 11:33 | Atualizado em 08/05/2020 às 14:45
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Dois ônibus foram completamente queimados, um parcialmente e outras seis tentativas aconteceram entre os dias 25 e 29/11. Foto: Artur Borba/JC Imagem  

 

Os incêndios a ônibus que operam na Região Metropolitana do Recife seriam episódios isolados, sem ligação entre si. Também não teriam sido orquestrado pelo crime organizado e, muito menos, por disputas entre rodoviários. Pelo menos esse é o encaminhamento, por enquanto, da investigação que vem sendo realizada pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) e que já resultou na prisão e detenção de 13 pessoas – entre elas dois adolescentes de 16 e 17 anos. Do total de suspeitos, entretanto, apenas três (dois adultos e um menor, presos na semana passada, no auge das investidas) têm participação comprovada nos incêndios. Os outros, segundo a SDS, ainda estão sob investigação, embora tenham sido flagrados com uma grande quantidade de produtos inflamáveis.

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Nesta terça-feira (3/12), durante entrevista coletiva realizada em conjunto pelas Polícias Militar e Civil, na sede do Comando Geral da PM, no Derby, área central do Recife, foram apresentadas as duas prisões realizadas no fim de semana, realizadas pelos policiais do 17º Batalhão (Paulista). No sábado (30/11), foram quatro pessoas – dois homens e duas mulheres – flagradas com dez litros de tíner, solvente altamente inflamável, 90 pedras de crack, uma pequena quantidade de estopa e R$ 29 em dinheiro, nos bairros de Conceição e Jatobá, em Olinda. No domingo (1º/12), as prisões aconteceram em Maranguape, em Paulista. Seis pessoas – entre elas um adolescente de 16 anos – flagradas com 105 litros de gasolina divididos em dez recipientes plásticos e escondidos na mala de um veículo.  

 

 

Apesar das evidências – além do material apreendido, na prisão do domingo o grupo afirmou que iria para a rodovia PE-22, onde o primeiro coletivo do Consórcio Conorte foi incendiado seis dias antes –, a Polícia Civil foi cautelosa em associar as prisões às investidas com fogo. “Os dois presos em Paulista, capturados na semana passada, confirmaram a participação nos incêndios. O terceiro, morador de Jaboatão dos Guararapes, não, mas temos provas de que ele participou. Já em relação às recentes prisões, ainda estamos investigando para ver a relação direta. Não podemos adiantar muita coisa para não atrapalhar nosso trabalho. O que podemos dizer, pelo menos por enquanto, é que provavelmente são atos isolados, praticados por grupos que não têm conexão. Também não identificamos ligação com o crime organizado nem com disputas sindicais. Tudo pode mudar, já que seguimos trabalhando arduamente com a força-tarefa montada para inibir essas investidas. Mas por enquanto é o que temos”, explicou o delegado seccional de Paulista, Adyr Martens, que está à frente das investigações.

 

 

Treze pessoas estão presas e apreendidas. Para polícia, pelo menos por enquanto, casos de incêndios não têm ligação entre si. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem  

 

Do dia 25 ao dia 29 de novembro, nove episódios de incêndios foram registrados na RMR. Desse total, dois ônibus foram completamente destruídos (da empresa Itamaracá, que integra o Conorte), um foi parcialmente queimado (da empresa Vera Cruz) e os outros seis foram tentativas. “É claro que somente as investigações vão poder confirmar a participação das pessoas que prendemos no fim de semana. Mas recebemos denúncias e são muitas as evidências. Um dos grupos presos afirmou que estava transportando os 105 litros de gasolina para abastecer um trio elétrico, o que não procede porque, geralmente, esses veículos são abastecidos com diesel”, afirmou o comandante do 17º BPM, tenente-coronel Marco Ramalho.

Os dois homens presos e o jovem apreendido na semana passada vão responder pelos crimes de incêndio, formação de quadrilha e corrupção de menores. “Aproveitamos para lembrar que o crime de incêndio é um crime grave, com pena de oito anos de reclusão (prisão) e que é de fácil identificação porque as pessoas que o praticam se expõem. Pedimos que a população continue nos ajudando e fazendo denúncias”´, pediu o delegado. O WhatsApp para denúncias é o (81) 9.9488.7091.

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