Planos para um novo Bike PE

Publicado em 10/12/2019 às 8:10 | Atualizado em 27/08/2020 às 15:28
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Governo de Pernambuco está lançando um novo chamamento público para o serviço. De bom, a exigência de expansão, mas a gratuidade de 100% para os estudantes será reduzida. Fotos: Guga Matos/Acervo JC Imagem

 

Apesar de ter acumulado crescimento de utilização superior aos 150% e, no mês de outubro, alcançado um milhão de viagens apenas em 2019, a dificuldade de ampliação do Bike PE, sistema de compartilhamento de bicicletas públicas operado pela Tembici com o patrocínio do Itaú Unibanco, tem provocado uma reação do governo de Pernambuco, gestor público do serviço na Região Metropolitana do Recife. Depois de pelo menos cinco aditivos ao contrato original do projeto, feitos entre 2017 e 2019, o Estado decidiu lançar uma nova concorrência pública para a operação do serviço, com algumas novidades. De bom para os usuários, entre outras mudanças, a exigência de expansão do Bike PE – que começou em 2014 com 80 estações e, hoje, cinco anos depois, segue com as mesmas 80 estações. De ruim, a redução da gratuidade total do passe, que passará a ser restrita aos estudantes das redes públicas de ensino municipal e estadual.
Queremos melhorar ainda mais o sistema Bike PE. Por isso estamos lançando esse chamamento público. O projeto faz sucesso entre a população e queremos a ampliação dele", Raquel Pontes, da Seduh
 
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A gratuidade de 100% no valor do passe é dada a todos os estudantes que têm o VEM Estudante, independentemente de serem da rede pública ou privada. A questão é que esse público responde por mais de 50% dos usuários do serviço. No novo chamamento, o Estado pretende limitar a gratuidade integral aos alunos que estudam na rede pública estadual e municipal. Os universitários e a rede de ensino privado ficarão apenas com 50% de desconto no passe. “A ideia é equiparar aos critérios do transporte público, no qual os estudantes da rede de ensino pública têm o Passe Livre e, os outros, pagam o equivalente à metade do valor da tarifa. De fato, a gratuidade do estudante impacta no plano de negócios do atual operador (a Tembici) e, por isso, resolvemos alterar no novo chamamento”, explica Raquel Pontes, secretária executiva de Políticas Urbanas da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco (Seduh), para onde o Escritório da Bicicleta – que responde pelo Bike PE – foi transferido em outubro.
 
Para compensar a má notícia, entretanto, o governo de Pernambuco promete fazer exigências aos futuros operadores. A principal delas é a ampliação do número de estações na Região Metropolitana do Recife. O maior número de estações, inclusive, será fator determinante no novo chamamento público do serviço, funcionando como um critério de desempate para a escolha do futuro operador. Também levará vantagem aqueles candidatos que propuserem, além de aumentar o número de estações, ampliar a presença do Bike PE para outros municípios além do Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. As duas últimas cidades, vale ressaltar, têm apenas seis e cinco estações, respectivamente. O restante fica mesmo é no Recife.
 
“Vamos estabelecer uma quantidade mínima de expansão anual do sistema, que deverá ser de dez estações no primeiro ano, e iremos atrelar esse crescimento à evolução da demanda de usuários. Pelo que temos visto desde que assumimos a gestão, é que o Bike PE tem número muito positivos. Queremos que isso se reflita na qualidade e oferta do sistema de compartilhamento para a população”, diz Raquel Pontes. Houve uma época em que o Estado planejou duplicar o número de estações e bicicletas do projeto, mas não conseguiu avançar na proposta porque os operadores defenderam ser inviável economicamente. A desconexão entre o sistema de bike sharing e a malha ciclável do Recife é outro aspecto que chamou a atenção do Estado. Por isso, será exigido que as futuras estações sejam instaladas onde a estrutura cicloviária esteja sendo expandida.
 
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PROBLEMAS OPERACIONAIS
O novo chamamento também vai tentar reduzir os problemas operacionais da falta de vagas para devolução das bicicletas pela manhã e da ausência de bikes à noite - comum no antigo e agora também no novo sistema. "Queremos que eles melhorem essa questão operacional, seja com equipes volantes fazendo o rodízio das bicicletas ou com algum dispositivo no aplicativo que permita ao usuário não ficar refém da ausência de vagas nas estações, por exemplo", refoça a secretária.
A recomendação para lançar o novo chamamento público foi da Procuradoria Geral do Estado (PGE), já que foram realizados muitos aditivos. A previsão do Estado é lançar o edital de chamamento público, no máximo, até o dia 15. O aditivo ao contrato que está vigorando atualmente vence no fim do mês. Atualmente, apenas duas empresas atuam no setor, dominando a tecnologia do bikesharing: Tembici, de São Paulo, e a pernambucana Serttel, que já operou o Bike PE antes de ser substituída pela empresa paulista.
"Por isso que também não estamos fazendo muitas exigências. Não queremos que o chamamento público dê deserto (sem candidatos). Estamos definindo as regras sempre com a preocupação do equilíbrio econômico-financeiro. É tanto que o futuro operador, assim como já é, poderá buscar outros patrocinadores além do banco Itaú", finaliza Raquel Pontes.
 
ITAÚ
Em posiconamento por email, o itau Unibanco, patrocinador do Bike PE, afirmou que tem  reuniões periódicas e compartilha relatórios de indicadores de uso do sistema com as pastas envolvidas na gestão do contrato. E que acompanha constantemente a performance das estações do sistema Bike PE para melhorar cada vez mais o uso das bicicletas compartilhadas.

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