Atropelamento de ciclistas dispara no Brasil

Roberta Soares Roberta Soares
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Publicado em 06/01/2020 às 8:00 | Atualizado em 08/05/2020 às 13:50
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Levantamento da Abramet a partir de dados do SUS apontam um aumento de 45% na quantidade de internações de ciclistas atropelados entre 2012 e 2019 . Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem

Os atropelamentos de ciclistas no Brasil tiveram uma explosão entre 2012 e 2019. Quase dez mil internações hospitalares causadas por atropelamentos de ciclistas foram registradas no Sistema Único de Saúde (SUS). O crescimento foi de 45%. O alerta é feito pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), que analisou dados do Ministério da Saúde. A entidade também constatou que o País gastou mais de R$ 115 milhões para tratar ciclistas traumatizados em colisões com automóveis, motocicletas, ônibus, caminhões e outros veículos de transporte. Além disso, na última década 8.550 ciclistas morreram no trânsito após se envolverem em acidentes.

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No período analisado, o número de atendimentos hospitalares desse tipo de acidente passou de 1.064 em 2012, para 1.545 em 2018. Só neste ano, até outubro, pelo menos 1.356 internações tinham sido registradas no SUS. Segundo o levantamento, 84% dos ciclistas internados eram do sexo masculino e metade tinham entre 20 e 49 anos. Houve aumento acentuado no número de internações nos Estados de Rondônia (1.400%), Sergipe e Mato Grosso, ambos com alta de 1.200% entre 2012 e 2019. Apenas cinco Estados apresentaram queda no período: Piauí (-86%), Pará (-28%), Alagoas (-9%), Bahia (-4%) e Paraná (-2%). Pernambuco teve destaque negativo, com um aumento de 175% no número de internações.  

 

O diretor científico da Abramet, Ricardo Hegele, analisa que o crescimento dos casos de atropelamentos de pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte é um retrocesso sob a ótica da segurança viária. “Esses dados comprovam que não houve avanços em relação à década passada, quando o número de acidentes com ciclistas começou a chamar a atenção no País”, afirma. A entidade se preocupa com as vítimas. “Temos acompanhado esse tema e alertado para a necessidade de políticas públicas e ações que melhorem as condições de uso da bicicleta e conscientizem seus usuários sobre questões de segurança no trânsito”, acrescenta.

Para a Abramet, a falta de infraestrutura adequada nas cidades, combinada à ausência de campanhas educativas e de prevenção voltadas ao ciclista, são o principal motivo do crescimento dos indicadores de vítimas fatais. A associação reconhece que ao longo dos últimos anos houve melhorias na estrutura de algumas cidades, sobretudo em grandes capitais. Mas pondera que são necessários espaços físicos diferenciados, mais sinalização e ações educativas que alertem para o fato de que todos fazem parte do trânsito e devem ser respeitados.

 

Fotos: Ameciclo
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CRESCIMENTO

A ampliação do uso das bicicletas pelos entregadores de serviços potencializou a quantidade de ciclistas e o perigo no trânsito. Segundo avaliação dos especialistas da medicina de tráfego, o uso de bicicletas no Brasil, antes associado ao lazer e à prática de exercícios, passou a ser adotado para atividades profissionais. Além disso, diversos fatores estimularam essa migração, como o excesso de congestionamento nos grandes centros, o preço do combustível e o custo da propriedade e utilização de um carro. Por isso, a bicicleta, assim como a motocicleta, tornou-se opção competitiva de transporte. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e similares (Abraciclo) contabiliza 70 milhões de ciclistas pedalando pelo País, o equivalente a um terço da população brasileira.

 

Brenda Alcântara/JC Imagem
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