Substituição de BRTs por ônibus convencionais com ar-condicionado gera reação de passageiros

Publicado em 09/01/2020 às 19:43 | Atualizado em 08/05/2020 às 13:45
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Inicialmente, três linhas do Corredor de BRT Norte-Sul terão os imponentes veículos de 21 metros substituídos por ônibus novos, com ar-condicionado, mas com 13,8 metros. Fotos: Conorte/Divulgação  

 

A substituição parcial e gradual dos imponentes BRTs por veículos com ar-condicionado, mas menores e menos confortáveis, no Corredor Norte-Sul, que liga o Recife ao município metropolitano de Igarassu, já provocou reação dos passageiros. Representantes dos usuários no Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) – colegiado que define as mudanças no setor de transporte – pediram esclarecimentos sobre o processo.

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Os conselheiros Pedro Joseph e Márcio Moraes, que integram a Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco, estiveram no Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT) – órgão gestor do sistema na RMR – e protocolaram um pedido de suspensão do processo de substituição até que sejam apresentados os estudos técnicos que demonstrem que tal medida não prejudicará a população.

“Tomamos conhecimento pela imprensa que os veículos BRTs que atendem Abreu e Lima, Igarassu, Paulista, Olinda e Recife, no Corredor Norte-Sul, da empresa Conorte, seriam substituídos por veículos simples e menores. Tal substituição é uma verdadeira diminuição da oferta e prejudica a população, principalmente os trabalhadores, porque os veículos são simples, não possuem câmbio automático, são menos potentes, apresentam motor dianteiro e maior desconforto”, afirmam no documento protocolado. “O corredor Norte-Sul é um dos poucos operados por meio de concessão e não pode ter diminuída a já deficiente qualidade do serviço”, acrescentam.

 

Novo BRT, com 13,8 metros
7 - Novo BRT, com 13,8 metros
BRT convencional. Foto: Roberta Soares
BRT_Edu - BRT convencional. Foto: Roberta Soares

Segundo Pedro Joseph, além de representar mais uma descaracterização do sistema BRT – embora o governo do Estado e o setor empresarial argumentem que BRT é um conceito amplo e não apenas o veículo – a mudança diminui a oferta de transporte e, por isso, precisa ter critérios e parâmetros que justifiquem a substituição. “Além disso, a substituição por veículos diferentes do previsto no contrato impacta na redução dos subsídios fiscais destinados às concessionárias. Por isso pedimos, também, que seja informado qual o impacto na política tarifária para o próximo período, até porque estamos no mês em que o reajuste das passagens é discutido”, disse. O GRCT confirmou que os conselheiros estiveram no órgão.

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O governo do Estado e o Conorte argumentam que a substituição dos BRTs será feita com critérios técnicos e para racionalizar o sistema, sendo realizada apenas em linhas que tiveram uma queda da demanda de passageiros de 15%, bem superior a de todo o sistema, que foi de 4% entre novembro de 2019 e novembro de 2018. Ressaltam, ainda, que os novos ônibus são veículos modernos e confortáveis, embora menores do que os imponentes BRTs. E, principalmente, que os veículos tradicionais não vão sair da operação. Ao contrário. Irão operar em linhas do Norte-Sul que hoje têm alta demanda e contam apenas com veículos comuns, sem ao menos refrigeração.

Inicialmente, a substituição pelos ônibus menores será feita em três linhas: 1900 – PE-15 (PCR), 1915 – PE-15 (Dantas Barreto) e 1970 – TI Pelópidas-PE15. Os BRTs que hoje operam nessas linhas deverão ser remanejados, segundo o Conorte, para as linhas 1909 – TI Pelópidas/TI Joana Bezerra e 1977 – TI Pelópidas/Conde da Boa Vista.

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