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Kuki: O andarilho e seus desenganos

Ramon Andrade
Ramon Andrade
Publicado em 17/05/2010 às 11:05

Por Elias Roma Neto e Wagner Sarmento

Do Jornal do Commercio

Quem vê Kuki se aposentar como o quarto maior artilheiro do Náutico, com 179 gols, não imagina que ele já atuou de lateral-esquerdo e volante. Ostentar um lugar cativo na história do Timbu é algo que não cabia nos melhores sonhos do atleta que chegou a jogar por um cachorro-quente com refrigerante. Nos times amadores, o baixinho fazia um contrato por fim de semana. “Quem chegava primeiro na minha casa me levava”, conta. O atacante só se profissionalizou aos 22 anos, após ser artilheiro do torneio municipal de Roca Sales, com 15 gols, atuando pelo Copalto. Início tardio de um longo calvário até o tão sonhado estrelato.

Kuki assinou com o Esporte Clube Encantado em 1993. Começou ganhando um salário mínimo. Depois transferiu-se para o Grêmio Esportivo Taquariense, onde recebia salário três vezes maior e bicho em dólar. Durou pouco, sendo negociado com o Esporte Clube Palmeirense, onde conquistou a primeira artilharia da carreira, com 22 tentos, gols que levaram o time à elite do Gauchão.

O faro de gol despertou a atenção do técnico Tite, então comandante do Ypiranga Futebol Clube, que acertou sua contratação em 1996. A equipe chegou a eliminar o Internacional na fase decisiva do Gauchão, mas caiu diante do Juventude. Tite foi para o Veranópolis Esporte Clube e levou com ele o andarilho dos pampas. O centroavante jogou ainda por Clube Esportivo Lajeadense e Grêmio Santanense. Mas o desejado reconhecimento não chegava. Salários baixos, condições insalubres, o desengano foi inevitável. Kuki decidiu, então, abandonar o esporte.

O crepúsculo da carreira não se anunciou sozinho. Novos e perigosos adversários surgiram fora de campo. O atacante desatava os laços com o gol para se entregar a drogas, bebida e baladas. Diz que experimentou de tudo. “Não digo que era viciado, mas vivia em festas. Tomava cerveja quase todo dia naquela época. Provei maconha, pó, éter, clorofórmio, tudo. Experimentava na curtição, estava sem foco na vida”, relata ele, que ficou sem jogar entre 1998 e 2000.

As grandes histórias, porém, fogem de roteiros previsíveis. Aos 45 minutos do segundo tempo, aparecia a última chance para Kuki. O inesperado colocou o atacante cara a cara com o destino: surgiu uma oportunidade no Esporte Clube Internacional de Lajes (SC). Impossível dizer não. Aos 29 anos, Kuki recomeçou. Prometeu não mais se envolver com drogas e bebida. Assegurou reatar, de vez, os laços com o gol. E não desafinou. Tornou-se o maior artilheiro em uma edição de Campeonato Catarinense, com 32 gols. “Eu não me ajudava. Mas Deus fez uma transformação em mim. Se continuasse naquela vida, jamais chegaria onde cheguei”, reconhece. A artilharia gerou assédio inédito em cima do baixinho. Cinco clubes tentaram contratar o centroavante, que acertou com o Brusque Futebol Clube.

Hoje, o filho da pequena Roca Sales é um ilustre na cidade gaúcha de dez mil habitantes. Cearense de nascimento, gaúcho de coração e pernambucano por destino, Kuki volta sempre que pode ao município onde seu sonho começou. “Todo mundo lá me conhece. Eu continuo do mesmo jeito, mantendo as origens. Falo com todos, sem distinção. Visito todo mundo. Vou no clube, na lanchonete, na farmácia, na locadora. Minha casa é lá”, ressalta.

Depois de penar, na vida e na bola, Kuki estava, enfim, diante da grande chance. Veio do Nordeste a notícia de uma equipe interessada em seus gols. Veio de Pernambuco a oportunidade de atuar em um time com visibilidade nacional. Veio do Náutico a passagem aérea para a viagem que mudaria os rumos do jogador e do clube. A sina se cumpria.

Confira a matéria especial completa sobre Kuki no Jornal do Commercio desta segunda-feira

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