O Nederburg e o Porcupine Ridge são algumas das boas opções produzidas na terra da Copa
Por Marcelo Cavalcante
JOANESBURGO — A África do Sul não é apenas o país da Copa do Mundo e da vuvuzela. Basta circular em alguns restaurantes para perceber que a África se notabiliza pela produção de vinho. Não apenas pela quantidade. Segundo informações, são 400 milhões de litros de vinho exportados para todo mundo. Mas também pela variedade e, principalmente, pela qualidade.
Mas nem sempre foi assim. A produção de vinho na África do Sul remonta de meados do século XVII, graças ao empenho dos holandeses que moravam no país e, especialmente, dos refugiados franceses, que já tinham uma grande experiência em vinícolas. A área de maior produção era Contantia, nas proximidades da Cidade do Cabo. Até que, por volta de 1886, a filoxera, uma praga que destruiu boa parte dos vinhedos, arruinou toda produção.
Os sul-africanos tiveram que começar, anos mais tarde, toda a produção do zero. "Mas, aí, eles já não estavam se preocupando com a qualidade, mas sim com a quantidade. Alguns vinhos feitos não serviam nem para degustação", conta a estudante de gastronomia Danielle Borges, 27 anos, que está se especializando em vinhos.
Para resolver o problema, o governo da África do Sul passou a incentivar a criação das cooperativas, que passaram a administrar a produção de vinhos. Por um lado, a decisão foi positiva, pois passou a controlar a superprodução. No entanto, acabou criando um monopólio, o que foi nocivo para produtores.
A situação só ficou normalizada com o fim do Apartheid, em 1994. "Nelson Mandela é um ícone nesse processo de evolução. Os produtores passaram a se preocupar com a qualidade e menos com a quantidade. O terroir, que é a união dos fatores que definem o sabor do vinho, como o clima, solo e relevo, passou a ser uma prioridade na produção dos vinhos", explica Danielle.
Estivemos numa loja especializada em bebidas. Danielle indicou cinco vinhos e comentou todos. Confiram:
Tintos
Diemersfontein - Pinotage (uva). Produção 2009. Vinho com aroma de café, chocolate e ameixa fresca. Preço: 90 rands.
Porcupine Ridcol - Carbenet Sauvignon. 2009. Vinho de sabor muito agradável. Ideal para carnes grelhadas. Preço: 49 rands (R$ 12,25). No Brasil, esse vinho é encontrado por um valor menos atraente: no mínimo, R$ 80.
Kadete - Pinotage/Carbente Sauvignon, Merlot, Carbenet Franc. 2008. É um vinho de corte, que é produzido com mais de uma uva. É um vinho mais complexo, menos indicado para iniciantes. Preço: 60 rands (R$ 15). No Brasil, a garrafa não sai por menos de R$ 150.
Brancos
Porcupine Ridge - Sauvignon Blanc. 2009. Uva aromática. Combina muito bem com vegetais e peixes. Preço: 49,90 rands
Nederburg - Chandonnay. 2009. Vinho leve. É a uva mais famosa do mundo. Vinho ácido com notas de frutas cítricas. Preço: 47,99 rands.