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Relembre o Sport em 2006 antes e depois da Copa do Mundo

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 11/06/2014 às 16:27 | Atualizado em 15/06/2022 às 18:24

O ano de 2006 foi brilhante do começo ao fim para o Sport. Esquecer o quase rebaixamento para a Série C no ano passado não foi muito difícil, dentro de campo, porque fora dele, a torcida estava na pressão por bons resultados. Depois de ver o Santa Cruz ser campeão Estadual e conquistar o acesso à Série A os rubro negros não queriam ficar para trás e foram em busca por bons resultados em um prazo curto de tempo.

Não se intimidaram pelo fato do rival estar numa situação melhor e com pretensões mais altas na temporada. Chegaram juntos à final do Estadual, mas como apenas um poderia levantar a taça, tiveram que duelar em dois emocionantes jogos. Aquele Sport de 2006 contava com um setor ofensivo de boa qualidade, com Geraldo, Wellington (cobrador de faltas), Fumagalli (também especialista em bolas paradas) e o veloz Anderson Aquino, tendo Dorival Junior no comando técnico.

Após uma vitória no Arruda (gols de Wellington, pênalti, 15' e Anderson Aquino 22') os leões jogaram por um empate na Ilha do Retiro. Perderam no tempo normal, mas viram a estrela do goleiro Gustavo brilhar ao defender o pênalti de Lecheva (eternamente odiado pela torcida do Santa Cruz) para levantar o 35°título Estadual.

"Que moral é essa" como diz o nosso radialista José Silverio das Rádios Jornal e JC News. Pois assim foi o Sport para a Série B, com moral elevada e sem medo dos adversários, especialmente o poderoso Atlético-MG, campeão daquela edição da segundona. Conquistou o acesso terminando na segunda colocação com 64 pontos, sete a menos que o campeão Atlético Mineiro.

Teve altos e baixos, demitiu Dorival Júnior e trouxe Givanildo Oliveira, o 'rei do acesso'. Na defesa o surgimento de Magrão, eterno ídolo que ainda veste a número 1 do clube e que naquele ano segurou a titularidade a partir da 15° rodada e até hoje não largou mais a posição.

No meio, um cão de guarda chamado Hamilton, que metia medo nos atacantes adversários.Na armação, Fumagalli, Marco Antonio, Wellington e Geraldo tocaram bem a orquestra rubro negra e ajudaram Adriano Magrão e Jadilson a marcar os gols que levaram o time à Série A.

O início

Antes da Copa do Mundo, dez rodadas e uma projeção de terminar para o Mundial entre os quatro melhores colocados. Começou de forma avassaladora ao vencer as quatro primeiras partidas; estreou diante do Avaí na Ressacada e bateu os catarinenses por 2x1; depois, atropelou o Gama na Ilha por 3x0, com gols de Fumagalli, Kleber e Rodriguinho.

Seguiu a sequência de vitórias ao vencer o Santo André fora de casa por 2x1. Continuou ao passar pelo Remo, 3x1 em casa. A Série terminou no empate precioso no Couto Pereira contra o perigoso time do Coritiba. Vale lembrar do golaço de Wellington encobrindo o goleiro alviverde. Com cinco rodadas o Sport era o líder com 13 pontos, quatro a mais que o quinto colocado Paysandu.

Mas bastou uma derrota para o time perder a liderança. O 2x0 para o América de Natal no Machadão quebrou a invencibilidade rubro negra e o tirou da ponta da tabela. Então veio um jogo chave contra o Atlético Mineiro, mas os leoninos não saíram do 0x0, no entanto se recuperou diante do Paysandu no Mangueirão, vencendo pelo placar mínimo com gol de cabeça de Fumagalli após cruzamento de Marco Antonio.

Faltando duas rodadas para o início da Copa do Mundo o Sport estava liderando com 17 pontos, três a mais que os segundos colocados Coritiba, Náutico e Ituano. Por incrível que pareça, mesmo precisando de um empate e uma vitória em dois jogos na Ilha do Retiro, o Sport perdeu a primeira colocação e deixou a torcida bastante irritada. Empatou com o Marília e perdeu por 2x1 para o CRB, gols de Bebeto e Chiquinho; Fumagalli descontou para os rubro negros.

Retorno após a Copa

Na segunda parte do primeiro turno vieram dois resultados negativos que deixaram o time estacionado na terceira colocação. Empate com o Vila Nova em Goiás e derrota para o Náutico por 2x1. E para piorar, uma derrota para o Paulista em plena Ilha do Retiro na 15° rodada jogou o Sport para a quarta colocação com o mesmo número de pontos que o Marília-SP.

Um novo revés e o time sairia do G-4, pois o Atlético estava crescendo e batendo na porta da zona de classificação. Apesar do clima desfavorável o Sport fez valer o mando de campo no jogo seguinte e bateu o Ituano por 2x0 mantendo-se no G-4. Mas a história do Sport naquela edição da Série B era mesmo para ser escrita com linhas tortas, representando os altos e baixos do rubro negro.

A vitória do Brasiliense na Boca do Jacaré tirou o Leão do grupos dos quatro melhores classificados e embolou a parte de cima. Estávamos na 17° rodada e com cinco times batendo os 26 pontos na tabela. Atlético-MG, Marília, Paulista, Sport e CRB travavam um duelo emocionante e de muita tensão. Quem perdesse despencaria na tabela. Sabendo de sua campanha irregular e vendo o rival Náutico brigando pela ponta, o Sport começou a jogar no limite para se sobressair dos adversários.

Um futebol jamais apresentado em 2006 fez os leoninos aplicarem a maior goleada naquela edição, foram impiedosos oito gols na defesa esburacada do Guarani. Logo aos dois minutos Wellington cobrou escanteio na direita e encontrou a cabeça de Adriano Magrão, era o sinal que algo de diferente iria acontecer na Ilha. Fumagali marcou o segundo após boa cobrança de pênalti. Foi na penalidade máxima também o terceiro gol, de Marco Antonio, que precisou cobrar duas vezes para quebrar o jejum que já durava várias rodadas.

No segundo tempo o Leão marcou mais cinco gols; Adriano Magrão (mais quatro vezes) e Fumagalli fechou a conta. Ah!Não podemos esquecer do gol de suma importância de Edmilson do Guarani, gol esse que tirou o zero no marcador do Bugre. Enquanto isso Adriano Magrão entrava para a história do clube marcando cinco gols em um mesmo jogo, na Ilha do Retiro. Nas quatro rodadas seguintes dois empates (Portuguesa e Santo André) e duas vitórias (Avaí e Gama).

Com isso o Sport assumiu a terceira colocação com 37 pontos, quatro a mais que o quinto colocado Avaí, com 33. Então veio mais um jogo chave, foi contra o Coritiba, até então vice-líder com 39 pontos. Válido pela 24° rodada, o Leão precisava vencer o Coxa na Ilha para ultrapassá-lo e disparar no G-4. Com dois gols do imperador Jadilson o Sport derrotou o Coritiba e conquistou a segunda posição. Logo depois conseguiu subir mais uma, ao vencer o América de Natal em casa. Na 26° rodada o adversário era o Atlético Mineiro, péssimo momento para enfrentar um concorrente difícil, fora de casa.

O Sport tentou, mas não resistiu a força do Galo e a pressão dos mais de 30 mil atleticanos que foram ao Mineirão. Com dois gols de Roni, os alvinegros de Minas roubavam a segunda posição do Sport.  Mais quatro rodadas até o clássico contra o Náutico na Ilha do Retiro. O Sport somou oito pontos dos 12 possíveis e ficou em situação confortável na tabela.

Quem vencesse o clássico ficaria na vice-liderança e bastante tranquilo quanto ao acesso à Série A. Deu Sport, com dois de Fumagalli. O primeiro, após passe do zagueiro Du Lopes e o segundo foi anotado de pênalti. Ali o meia assumia a artilharia da Série B com 16 gols ao lado de Wanderley do Gama.

O retorno

Após o clássico o Sport venceu dois jogos que foram de grande importância para que o time conquistasse o acesso de forma antecipada. O técnico Givanildo Oliveira pediu seis pontos contra São Raimundo e Ceará, e os jogadores atenderam. Venceu o time de Manaus fora de casa e o Vozão na Ilha do Retiro.

Com 60 pontos conquistados, nove a mais que o quinto e com apenas 15 pontos em disputa, a torcida rubro negra já começava a ensaiar de forma mais intensa, a festa pelo acesso a primeira divisão. Nem a derrota para o Paulista em Jundiaí diminuiu o otimismo dos leoninos, que caíram para a segunda posição mas ficaram a uma distância boa do primeiro fora da zona, seis pontos.

O empate contra o Ituano em São Paulo sim, preocupou o time, que passou a se dedicar mais em campo para carimbar a vaga. Otimismo, festa, alegria, apreensão do começo ao fim do jogo contra o Brasiliense pela 36° rodada, jogo esse que poderia dar ao clube, a volta à elite nacional. A torcida lotou a Ilha do Retiro e fez a festa ao lado dos jogadores.

Festa essa que começou logo aos 35 minutos, quando Marcos Tamandaré tabelou com Fumagalli, que lançou bonito para Adriano Magrão abrir o placar e fazer o torcedor soltar o grito de gol preso na garganta. Minutos depois Durval tocou bonito para Marco Antonio que entrou na área e fuzilou de esquerda.

A consolidação veio com o gol de Ticão. Pronto, final de jogo na Ilha do Retiro, Sport 3x0 Brasiliense e o retorno à Série A confirmado. No entanto, o final da competição foi um pouco frustrante para os rubro negros. Tudo por causa das duas derrotas nas rodadas finais; primeiro o Guarani no Brinco de Ouro, e depois a Portuguesa, em um jogo histórico para o time Paulista.

A última partida

A Lusa precisava vencer o Sport na Ilha do Retiro para poder se livrar da Série C. Com 42 pontos na 15° posição, um a mais que o CRB, primeiro time dentro da zona, os paulistas não poderiam pensar em outro resultado que não fosse o que daria três pontos, para não depender de combinações de resultados.

Enquanto o CRB vencia o Remo no Rei Pelé, o Paysandu goleava o Marília no Mangueirão e o Guarani massacrava o Vila Nova, que também lutava para não cair; a Portuguesa apenas empatava com o Sport e estava sendo rebaixada. Naquela tarde de 25 de novembro as coisas começaram mal para a Lusa no gramado da Ilha do Retiro.

O jogo estava corrido e com chances para os dois lados. O Sport queria uma despedida honrosa diante de seu torcedor, e a Lusa livrar-se da Série C. Aos 44 minutos Marco Antonio abriu o placar para os donos da casa, era o início do enterro. Mas, um minuto e meio depois, Preto fez boa jogada e empatou a partida, contando com a colaboração de Magrão.

Calma, a caminhada para o sepultamento deveria ser um pouco mais lenta, pois uma parte do caixão se abriu e o morto poderia estar voltando. Mas, logo aos 10 minutos do segundo tempo Fumagalli colocou o Sport outra vez em vantagem, seria a confirmação que a Lusa estava mesmo em óbito? Nada disso, aquela Série B marcaria mesmo a 'ressurreição da Portuguesa' na temporada.

Enquanto os rubro negros comemoravam, os jogadores da Fabulosa partiam para cima do árbitro e do bandeira alegando que o goleiro Tiago havia sofrido falta na jogada. Muita confusão, policiais em campo e mais de cinco minutos de paralisação. Aos 33 minutos, uma jogada linda do setor ofensivo da Portuguesa acabou no gol de empate e assim, os rubro verdes ainda respiravam na competição.

Preto lançou bonito para Alex Alves que tocou de cabeça dentro da área para Rogério, livre, marcar o segundo gol.

O gol salvador

Antes do gol milagroso de Alex Alves, o que livrou a equipe da Série C, é bom lembrarmos a falta cobrada pelo goleiro Tiago que explodiu na trave de Magrão. Uma lástima para os lusos, não era o dia de Tiago virar  Rogério Ceni. Mas ainda dava tempo de sonhar com o gol que salvaria o time paulista da terceirona.

E ele veio, aos 44 do segundo tempo, após pênalti de Rodrigo em Alex Alves, o artilheiro bateu bem e marcou o gol que salvou o emprego de toda a diretoria, comissão técnica e 99 por cento dos que faziam parte daquela Portuguesa de 2006. Fim de jogo na Ilha, os rubro negros saem de cabeça inchada pela derrota, e os pouco mais de sete torcedores da Lusa felizes e roucos de tanto gritar que a sua equipe disputaria a Série B de 2007.

Ficha de jogo

Sport 2x3 Portuguesa

Data 25/11/2006

Sport: Magrão; Tamandaré, Durval, Kleber e Bruno; Everton, Ticão, Fumagalli e Wellington, Adriano Magrão e Marco Antônio. Técnico: Givanildo Oliveira

Portuguesa: Tiago; Wilton Goiano, Leonardo Silva, Santiago e Juninho Goiano; Bruno, Marcos Paulo, Preto e Alexandre; Alex Alves e Giancarlo. Técnico: Vágner Benazzi

Árbitro: Álvaro Azeredo Quelhas (MG)

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